quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Reforma da estrutura – Igreja: Uma comunidade de sacerdotes

Reforma da estrutura – Igreja: Uma comunidade de sacerdotes
Apocalipse 1:6; Efésios 4:11-13

Graça e paz amadas irmãs e irmãos. Na semana passada falamos sobre a reforma no caráter tratando do aspecto da santidade como um relacionamento transformador com Deus. Concluímos aquele sermão afirmando que uma das evidências do relacionamento transformador com Deus é uma vida de serviço, isto é, atendendo à vocação de Deus respondendo a Ele: “Eis-me aqui, envia-me a mim.” (Isaías 6:8).
Nessa direção, queremos falar sobre um assunto que foi destacado na Reforma Protestante, porém, que ganhou forças especialmente nos tempos de John Wesley que é o sacerdócio universal de todos os crentes. O que é isso? Vale a pena fazermos um pano de fundo para compreendermos bem o assunto.
Entendendo o sacerdócio levítico: A Lei estabelece uma classe sacerdotal a partir dos filhos de Arão que era da tribo de Levi para exercerem o serviço religioso no Tabernáculo conf. (Exodo 28:1-3). É da tribo de Levi que surgiriam os levitas e alguns sacerdotes que ministrariam no Tabernáculo, na Presença de Deus. A palavra sacerdote no hebraico significa mediador. Percebemos, portanto, que o papel do sacerdote era ser um mediador entre Deus e o povo. Sua função consistia em ouvir o povo que confessava seus pecados, e então, ele promovia a reconciliação daquele pecador com Deus através sacrifício da oferta que o pecador apresentava ao sacerdote para ministrar diante de Deus. Assim ele mediava a reconciliação entre Deus e o povo.
Entendendo o sacerdócio de Melquisedeque: Além do sacerdócio levítico estabelecido pela Lei, há de modo singular um registro na Bíblia de um sacerdote chamado Melquisedeque que era Rei de Salém e que muito antes de Moisés vir e estabelecer a Lei de Deus, este já ministrava ao Deus Altíssimo conf. (Gênesis 14:18-20). Assim como Melquisedeque não é sacerdote da linhagem de Levi, Cristo que é da tribo de Judá, também não o é. Por isso, Cristo é estabelecido como sacerdote, porém, não da ordem dos levitas, mas da ordem de Melquisedeque. “Melquisedeque significa “rei de justiça” e Salém significa paz. Portanto, ele é também o Rei da Paz. Melquisedeque é mencionado na História sem registro de laços familiares, sem indícios de que teve início ou fim. Nesse sentido, ele é como o Filho de Deus (Jesus), uma presença sacerdotal grandiosa dominando todo o cenário.” Hebreus 7:2-3 (versão A Mensagem).

Cristo é o sumo-sacerdote perfeito. Por quê? Porque Cristo cumpre o real sentido do sacerdócio. O sacerdote é mediador (ponte) entre Deus e os homens, por isso não precisamos de mais sacrifícios para expiação dos nossos pecados. Ele foi tanto a oferta (Hebreus 7:27; Hebreus 9:28; Hebreus 10:10) a Deus pelos nossos pecados, como o sumo-sacerdote que ministrou sobre nós. Tal como mediador Ele nos levou até o Pai e trouxe o Pai a nós.

Cristo abre o caminho para todos nós termos acesso à Presença de Deus. Antes, somente o sumo-sacerdote tinha acesso ao Santo dos Santos, porém, em Cristo todos nós temos acesso. Vejamos (Hebreus 10:19-22). O que isso significa? Em Cristo todos fomos feitos sacerdotes de Deus. Não há necessidade de intermediários porque somos ministros de Cristo. Foi-nos dado o ministério da reconciliação (II Coríntios 5:18). Ele nos fez uma “nação santa, sacerdotes reais” (II Pedro 2:9).

Então vem a grande pergunta. Se formos ministros de Deus, isto é, mediadores de Deus, a quem ministramos?  Como exercemos o sacerdócio que temos recebido de Cristo?

Na carta de Paulo aos Efésios no capítulo 4:7-24 está relatado o santo ministério e o serviço dos santos. Nos versos 11 e 12 oberva que Deus concedeu à igreja pessoas com dons (dávidas) específicos com o objetivo de aperfeiçoar (treinar) os santos no desempenho (serviço; obra; trabalho) para edificar (construir) o corpo de Cristo (a Igreja). Vamos discorrer sobre cada um dos cinco ministérios (serviços). Vejamos Efésios 4:11-13. Todos nós precisamos desenvolver as cinco funções.

1.Concedeu uns para apóstolos [...] com vistas a treinar os santos (ENVIAR)
I.Apóstolo no século XXI. A primeira verdade que devemos observar é que apóstolo no sentido de ser separado para um título ou credenciado terminou com Paulo. Quais as credenciais de um apóstolo? a.Apóstolos foram testemunhas ocular do Cristo ressurreto (I Coríntos 1:9; I João 1:1); b.Foram chamados diretamente por Cristo, inclusive Paulo (Mateus 10:2-4; Atos 13:47 e Romanos 11:13); c.Tinham a função de fundamentar a doutrina (Efésios 2:20). Não cabe o título de apóstolo no século XXI.
II.Deus concedeu à igreja pessoas com um ministério apostólico no sentido de serviço. A palavra apóstolo significa enviado. A função do apóstolo é dar início à edificação da igreja onde não há. Ele é enviado para estabelecer a igreja de Cristo. Neste sentido os nossos missionários que vão edificar a igreja de Deus. Eles vão lançar a base que é Cristo (I Coríntios 3:10-11), isto é, eles são enviados para iniciar a mediação entre Deus e os homens através de Cristo. III. Do ponto de vista do envio quando você inicia uma célula ou uma igreja, neste sentido você está edificando a Casa de Deus que são vidas. Você foi ENVIADO. Todos são enviados? Sim! Todos foram enviados para edificar a Casa de Deus fazendo discípulos. Sem o trabalho do apóstolo (enviado). Multiplicar é a visão do apóstolo.

2.Concedeu outros para profetas [...] com vistas a treinar os santos (EDIFICAR)
I.O profeta não é aquele que tem a Palavra do Conhecimento, isto é, que vai revelar o futuro. Profeta não traz novidades. Ele traz à tona o que já foi revelado com o objetivo de edificar (promover o crescimento das pessoas em Deus), exortar (encorajar; admoestar; trazer consolo; confortar) e consolar (despertar; estimular, ou acalmar e consolar). A ferramenta do profeta é a Palavra de Deus.
II.Todos devem ser treinados para serem bons profetas que edificam a Casa de Deus, isto é, as pessoas. Nosso modelo é Cristo e Ele encorajou, admoestou e consolou. Ele despertou e estimulou. Como discípulos de Cristo somos chamados a profetizar sobre eles a Palavra de Deus. O profeta alerta, anima, exorta e admoesta. Paulo escreve: “Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.” (I Tessalonicenses 5:11). Nós exercermos o sacerdócio que recebemos de Cristo consolando e edificando os nossos irmãos e filhos na fé.
O profeta EDIFICA!

3. Concedeu outros para evangelistas [...] com vistas a treinar os santos (GANHAR)
I.O evangelista é aquele que traz as boas novas do Evangelho. O Evangelho precisa ser pregado que anuncia o arrependimento. A cruz de Cristo! O Evangelho precisa ser puro. Por que não se vê genuína conversões? Porque não se prega o autêntico Evangelho. Há quem diga que melhor é pregar para pobre porque ele aceita mais rápido a mensagem do que o rico. Mas, é claro! Prega-se um evangelho de benefícios e não um evangelho de arrependimento. “Aceite a Jesus e sua vida vai melhorar”. O rico não precisa mesmo. Porém, se você prega a mensagem da cruz, que denuncia o pecado e da salvação, não há nenhum que escape.
II. O evangelista anuncia o evangelho e atrai pessoas. Ele geralmente terá muitas pessoas em volta dele. É um dom de Deus. O Evangelho atrai. Se sua célula não atrai e se você mesmo não tem atraído, é sinal de que talvez lhe falte a Vida de Deus, a boa notícia. Ele é um grande influenciador.
III. O evangelista anima todos a influenciar. Quando falta o evangelista na igreja, ela deixa de crescer. Falta novos na fé. Pensa na casa da avó? A igreja que tem novos é cheia de vida como a casa da avó. Ela tem “fralda para trocar”, ´tem “mamadeira”. Agora uma casa onde não tem criança e só gente idosa, lá há muita experiência, mas não há novidade.
IV. Numa igreja de departamentos, se cada uma dessas funções forem cargos, estamos perdidos porque se o Departamento de Evangelismo estiver trabalhando todos os outros ministérios ficam desempregados. Esse não é o projeto de Deus! Todos devem fluir nos cinco ministérios.

4. Concedeu outros para pastores [...] com vistas a treinar os santos (CONSOLIDAR)
I.Primeiramente quero fazer uma distinção entre o pastor de Efésios 4:11 com o episcopado de I Timóteo 3:1. Este último, Paulo está orientando a Timóteo acerca daqueles que são chamados para supervisionar a igreja, que cuidarão de um rebanho maior, a palavra usada ali no grego é episkopos. É diferente do pastor de Efésios 4:11 porque a palavra usada ali é poimen. Poimen significa cuidado. Neste sentido todos devemos cuidar uns dos outros. Em Colossenses 3:13 diz que devemos “suportar uns aos outros”, ou seja, devemos carregar o nosso irmão. O pastor carrega a ovelha ferida. Isso é o cuidado.
II.O que acontece quando nem todos exercem o cuidado? A porta da saída da igreja é tão ou mais larga do que a porta da entrada. Quem não recebe cuidado não permanece. Pergunto: Um pastor tem condições de cuidar de quatrocentas pessoas sozinho? Não! Nem é obrigação somente dos pastores designados. Somos episkopos, porém todos são poimen. Por isso, todos devem ser treinados a cuidar.
III.A função pastoral é de todos. Existem dois tipos de pessoas na igreja: a.O bebê que foi gerado e precisa de cuidado; b.Aquele que cresceu e amadureceu e hoje está cuidando de alguém. Pergunto: Em qual estágio você está? Quando você amadurecer irá gerar também. Quando você ganha alguém para Cristo precisará cuidar desse bebê na fé. Deverá amamentar, ensinar a andar, corrigir, instruir, enfim, consolidar seu filho. Aqueles que não sabem andar sozinhos precisam ser pastoreados, cuidados, consolidados. Devemos amar para nutrir!

5. Concedeu mestres [...] com vistas a trenar os santos (TREINAR; CAPACITAR)
I.Como desafiar as pessoas a fazer algo em que elas não foram treinadas? A falta de líderes revela a falta de capacitação e treinamento. Se não tem gente para liderar células ou qualquer ministério, significa que a função do mestre falhou. Todos devem ser mestres. Temos o ensino teórico e prático da igreja hoje. Veja como: a.Eu faço você vê; b.Eu faço você me ajuda; c.Você faz e eu te ajudo; d.Você faz eu observo. O processo de fazer discípulos na prática aconteceu assim. A ordem de Jesus prevalece para nós hoje. “Ide e fazei discípulos”. Sucesso sem sucessor é fracasso. Tudo o que você faz pode ser bem sucedido, mas se não houver continuidade se tornará um fracasso. John Wesley e George Whitefield são um exemplo. Whitefield juntava mais gente que Wesley, mas quando ambos morreram, Wesley deixou um legado chamado Igreja Metodista porque foi bem sucedido em fazer discípulos.

Sejamos sacerdotes de Deus!

Rodrigo Rodrigues Lima
Pastor

Nenhum comentário:

Postar um comentário