domingo, 19 de fevereiro de 2023

19/02/2023 - A visita dos magos e a adoração a Jesus - Mateus 2:1-12


A visita dos magos e a adoração a Jesus

Mateus 2:1-12 

No episódio de hoje veremos o que a adoração a Jesus pode promover na vida das pessoas que estão no caminho da adoração a Jesus. Temos aqui a história dos magos do Oriente que vão ao encontro do Rei dos judeus para adorá-lo. Identificamos nessa passagem o que a adoração a Jesus promove na vida de Herodes, dos religiosos e dos magos. O que a adoração a Jesus tem promovido em sua vida? É o que refletiremos nesse episódio do evangelho.

1. A adoração a Jesus abala o poder (v.1-7)

Herodes era um homem abusador. Ele era conduzido pelo poder. Seu deus era o poder. Quem tem o poder por deus, se torna um abusador. Como um abusador, ele foi capaz de matar duas esposas e três filhos para fazer a manutenção do seu trono. De certa feita Augusto disse que era melhor ser um porco de Herodes que um filho seu. Vejamos mais sobre ele:

Herodes reina sobre a Palestina (v.1). Porém, não é um rei legítimo. O Império Romano dominava sobre aquela região e permitia a existência de governantes nativos vassalos de Roma. Sendo um político hábil, sobrevivendo às lutas pelo poder e mostrando lealdade a Marco Antônio e à Cleópatra, o senado romano aprovou o ofício real de Herodes, mas ele obteve o controle de maneira forçada usando o poder das armas. Seu reinado foi uma imposição. Governou o país de 37 a 4 a.C.; Herodes fica alarmado (v.3). Por que Herodes e os moradores de Jerusalém ficam alarmados? a) Ele era idumeu. Herodes não é descendente de Davi, como deveriam ser os reis dos judeus. Ele era descendente de Esaú e não de Jacó, por isso, mesmo não era visto com bons olhos pelos judeus; b) Moradores se ressentiam da tirania de Herodes e de sua submissão ao Império Romano. A administração de Herodes se caracterizava por polícia secreta, toques de recolher e altos impostos. Jerusalém era um importante centro comercial; e os magos provavelmente vieram acompanhados por um cortejo de grande tamanho, pois toda a cidade notou a presença deles; c) Magos eram temidos por reis (v.2). Os magos eram astrólogos e liam as estrelas como maneira de prever o futuro. Para os antigos, os cometas e as estrelas cadentes prediziam a queda de reis, e Herodes conhecendo bem as correntes de pensamento no Império Romano, não tem outra opção a não ser ficar alarmado porque os magos do Oriente querem adorar ao recém-nascido Rei dos judeus; Herodes busca a Palavra para fins políticos (v.5-7). Herodes convoca os principais sacerdotes e escribas. Seu interesse não é espiritual, mas político. A aproximação de Herodes junto aos líderes religiosos não era espiritual, mas interesse pela manutenção do poder.

O que podemos aprender ao observar os sentimentos e os movimento de Herodes?

a) A adoração cristã e o poder humano não combinam. Infelizmente, até no meio religioso podemos espiritualizar o poder e roubar a essência da adoração a Jesus. Líderes devem tomar cuidado com o poder. Patrões cristãos devem tomar cuidado com o poder. Pais devem tomar cuidado com o poder. Todos nós precisamos tomar cuidado com o poder. O poder traz empoderamento e pode te tornar um deus. É mais fácil ser deus do que amar a Deus. Em nome de Deus já vi muitas coisas ruins acontecerem. Frases do tipo “Deus está vendo...”; “Deus mandou dizer...Eu sou o ungido do Senhor! Não me toque.” e tudo com o propósito de manipular e intimidar pessoas. É mais fácil controlar as pessoas do que amá-las, e no ambiente religioso isso é como praga em um solo fértil. Muitos cristãos que construíram impérios para si foram incapazes de dar e receber amor. O interesse é a manutenção do poder e não o amor sincero. Líderes ferindo pessoas em nome do poder! Mas, vejamos o que Jesus, “o ungidão” diz a respeito disso em Marcos 10:42-45. b) O verdadeiro Rei está no trono do universo. Embora Herodes, como um rei abusador, tente agir politicamente para fazer a manutenção do seu poder, sendo capaz de matar crianças inocentes (v.16), acima de Herodes e de todos os governantes do mundo está um Deus poderoso e “É Ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.” (Daniel 2:21). A igreja não deve temer governos e reis, pois a Palavra final é do Senhor. Por que temer? “Deus reina sobre as nações; Deus se assenta no seu santo trono.” (Salmo 47:8). Devemos tomar cuidado com aqueles que se aproximam da igreja apenas para fazer a manutenção do poder político. O fim de Herodes foi hidropisia e um câncer de intestino, mas Jesus Reina para sempre!

2. A adoração a Jesus é indiferente para os religiosos (v.4-6)

Os religiosos são manipuladores. Eles eram conduzidos pela manipulação por meio de posição privilegiada. Seu deus era a posição exaltada. Quem tem a posição exaltada por deus, se torna manipulador. Os principais sacerdotes eram os saduceus que detinham maior influência política, por isso controlavam o sacerdócio. Os escribas eram profissionais que interpretavam as leis e a maior parte deles pertenciam à seita dos fariseus; esses homens conheciam as Escrituras, mas não agiram com base na verdade. (v.5). Eles respondem a Herodes onde deveria nascer o Cristo que é em Belém da Judeia. Jerusalém fica a cerca de 10 km de Belém! Eles não precisavam mais do que 1 hora de caminhada para ter um encontro com o Messias. Embora conhecessem as Escrituras, não tinham expectativas reais quanto ao Messias. Eles estavam tão pertos, mas ao mesmo tempo tão longe!

O que podemos aprender ao observar os religiosos?

a) É possível se envolver com as coisas de Deus e ser reprovado por Jesus. Eles eram os responsáveis pelos ritos e pela religião em Israel. Eles tinham acesso às leis e as interpretavam, mas não tinham mais um coração quebrantado diante de Deus. Jesus os alertará futuramente: “Hipócritas! Bem profetizou Isaías a respeito de vocês, dizendo: Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram ensinando doutrinas que são preceitos humanos.” (Mateus 15:7-9); b) Pode-se estar tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe de Jesus. (v.5) Jesus estava a cerca de 10 km dos principais sacerdotes e escribas, mas ao mesmo tempo toda a estrutura religiosa e os ritos os impedia de enxergar o óbvio diante de seus olhos. Do mesmo modo, podemos estar tão pertos e ao mesmo tempo tão longe de Jesus. A relação com Deus pode se transformar em meras experiências religiosas ou conhecimento religioso. Muitas vezes estar tão envolvido com as atividades da igreja pode se tornar um empecilho ao encontro real com Jesus. Na verdade, o que acontece no domingo deve ser uma síntese do que acontece na sua semana. O segredo da adoração é amar a Jesus. Você pode fazer isso de forma muito simples: “Jesus, eu vou te amar com o meu trabalho!” “Jesus, eu vou te amar com os meus recursos”. “Jesus, eu vou te amar com os meus amigos”. “Jesus, eu vou te amar com o meu cônjuge”. “Jesus, eu vou te amar com o meu serviço aos irmãos”. “Jesus, eu vou te amar ao próximo amando”. Se não há amor, não existe adoração. Podemos estar tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe de Jesus.

3. A adoração a Jesus move os magos (v.1)

Os magos são gentios. Gentios que vêm à Judeia para honrar o verdadeiro Rei. Eles procuravam o Salvador para adorá-lo. Eles fazem de Jesus o seu Deus. Quem tem Jesus como seu Deus se tornam como Ele é.

Os magos eram, na verdade, astrólogos com habilidades de adivinhação e muito respeitados naqueles tempos entre os gregos e romanos, mas proibidos entre os judeus (Deuteronômio 18:10-12; Isaías 2:6). A astrologia havia se tornado popular por meio da “ciência” do Oriente e todos concordavam que lá vivam os melhores astrólogos. O que observamos no relato de Mateus?

Os magos vieram de longe para adorar o Rei (v.1-2). Observe que eles vieram do Oriente. Uma boa distância para prestarem culto ao recém-nascido. Não mediram esforços para simplesmente se prostrarem diante de uma criança. Os magos foram guiados pela luz do Senhor (v.2). Eles viram a estrela e a mesma as guiou até Jesus (v.10). Os magos seguiram a orientação da Palavra (v.5; 7). Herodes, após consultar a Palavra, os envia a Belém. Os magos ofertaram presentes caros a Jesus (v.11). Eles se prostraram e lhe entregaram ouro, incenso e mirra. Os magos voltaram por outro caminho (v.12). Alertados por Deus em sonho, voltam por outro caminho!

O que podemos aprender ao observar os magos?

a) O adorador não mede esforços para estar na Presença e Jesus. Para aqueles que Jesus é o alvo da jornada, a distância é apenas um passeio para nutrir as expectativas pelo encontro. Existe um esforço na busca, mas, ao invés de peso, o processo da caminhada nutre a expectativa. Algo que os religiosos eram incapazes de perceber, estando tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Em contrapartida, os magos estavam tão longe, mas ao mesmo tempo tão perto. b) O adorador é guiado pela luz de Jesus. Existem tantas distrações que tiram o foco da luz. São pequenas luzes. Às vezes, é a luz própria, isto é, a busca por reconhecimento. Às vezes, é a luz de outros, que nos leva à comparação com nossa própria luz, ao invés de olharmos para a luz de Jesus. Só uma luz importa e é a luz de Jesus. É nessa luz que está a sua alegria (v.10) c) O adorador é guiado pela Palavra que aponta para Jesus. A Palavra confirma os passos daquele que tem como alvo a adoração a Jesus. Não existe verdadeira adoração a Jesus, se a obediência e a direção da Palavra não estiverem confirmando os seus passos. d) O adorador entrega o seu melhor a Jesus. Eles entregaram ouro, incenso e mirra. Eram presentes caros. Eles não se apresentaram de mãos vazias na Presença do Rei. e) O adorador não volta pelo mesmo caminho. É impossível ter um encontro com Jesus e voltar ao mesmo andar. Ele nos guia a uma nova jornada. Quem tem um encontro com Jesus se torna nova criatura. As coisas antigas passaram e tudo se faz novo (II Coríntios 5:17).

Quem é você nessa história? Aquele que precisa renunciar ao poder? Aquele que precisa romper com a indiferença? Aquele que é movido à adoração a Jesus? Temos um pouco de cada um, mas Jesus quer ser o centro do Teu coração. Vamos nessa?

No amor de Cristo,

Rodrigo Rodrigues Lima, Pastor

 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

12/02/2023 - O nascimento virginal de Jesus - Mateus 1:18-25

 

O nascimento virginal de Jesus

Mateus 1:18-25

Uma das calúnias que os cristãos primitivos tiveram de refutar foi a de que Jesus teria nascido de uma união fora do casamento. Jesus foi caluniado pela acusação de que Ele era o filho ilegítimo de Maria com um homem desconhecido, talvez com um soldado romano da região da Galileia.

Muitos questionavam o porquê de José não relatar o assunto da gravidez às autoridades, ao descobrir que Maria estava grávida quando seu contrato de casamento já estava em vigor. Ser prometida em casamento equivalia ao próprio casamento que só poderia ser anulado mediante divórcio formal.

Mateus registra a resposta. Não se nega que Maria tenha engravidado antes de José ter consumado o casamento; mas se insiste em que, embora como homem honrado ele estivesse plenamente consciente de que deveria tornar público o assunto, evitou fazê-lo, desejando proteger sua desposada de uma publicidade vergonhosa, e começou a encarar a possibilidade de romper secretamente seu compromisso.

Fato é que, negar o nascimento virginal de Cristo é ignorar a Sua divindade. Negar a sua divindade é o mesmo que negá-lo.

Entretanto, Deus insere Maria e José em sua história e eles pagarão um preço sacrificando sua reputação ao obedecer a Deus na realização de Sua vontade. O que Deus quer falar conosco nesse episódio do evangelho de Mateus? O nascimento virginal de Jesus. Os planos de Deus e seus propósitos.

1.As personagens principais da história – Maria e José

a) Maria. Temos poucas informações sobre Maria. Provavelmente ela era natural de Nazaré e veio e uma família relativamente pobre. Ela tinha uma irmã chamada Salomé (Marcos 15:40), a mãe de Tiago e João (que, portanto eram primos de Jesus). Na genealogia de Lucas (Lucas 3:23-38) sabemos que ela era da linhagem de Davi. Também sabemos que Isabel, a esposa de Zacarias e mãe de João Batista era sua parente (Lucas 1:36).

b) José. Temos menos informações ainda sobre José. Ele era homem justo e íntegro (Mateus 1:19). Pertencia à casa e à linhagem de Davi (Lucas 2:4). Era carpinteiro (Mateus 13:55).

A história dessas duas pessoas e a maneira como Deus as insere em sua história nos traz algumas lições preciosas:

I) Deus usa pessoas simples para cumprir seus planos (v.18)

Conforme vemos na pequena biografia de ambos, Deus não procura no palácio de Herodes os pais do Salvador. Também não os encontra entre os nobres de Belém da Judeia. Deus usa gente simples. O evangelho é isso! Deus é Deus de simplicidade. Deus quer inserir você na história Dele e para isso Ele te amolda na simplicidade do Evangelho.

II) Deus usa pessoas piedosas para cumprir seus planos (v.19-20)

A situação é delicada e chocante para José. José não tinha ainda recebido a revelação de Deus sobre a origem do bebê no ventre de Maria, e por isso, procurava uma maneira de deixá-la secretamente. Embora os judeus não tivessem autorização para aplicar o rigor da lei, caso o fizessem, Maria seria condenada à pena de morte por apedrejamento. Entretanto, Deus queria cumprir seus planos e não poderia ser qualquer pessoa. Deus procura pessoas piedosas para cumprir seus mais nobres e grandiosos propósitos. Como é uma pessoa piedosa? a) Ela é longânime (v.20). José não agia sem refletir. Ele ponderava numa maneira de não prejudicar Maria. Ele era capaz de sofrer o dano; b) Ela é justa segundo Deus (v.19). Observe que ele não queria envergonhá-la publicamente. José não estava movido por vingança. Vemos nele um homem bondoso, abençoador e protetor. c) Ela é espiritual e sensível a Deus (v.20; 24). José foi capaz de discernir a voz de Deus em meio àquela aflição. Pessoas piedosas enfrentam a pressão e as circunstâncias difíceis, mas possuem intimidade suficiente para serem capazes de obedecer a voz de Deus até mesmo quando parece um absurdo irracional. Deus está à procura de pessoas piedosas para revelar e cumprir seus planos. Maria era uma mulher temente a Deus. Ela era piedosa! O que aprendemos com Maria sobre ser uma pessoa piedosa? a) Ela se oferece em rendição total à vontade de Deus. (Lucas 1:38). Ela responde ao anjo: “Aqui está a serva do Senhor; que aconteça comigo o que você falou.” Você quer viver os planos de Deus e experimentar a Sua vontade? O evangelho nos ensina que é na rendição total à Ele. É dizendo: “Aconteça comigo o que você falar”. Renunciando à própria reputação, Maria se entregou à vontade de Deus. É esse tipo de pessoa piedosa que Deus procura para revelar seus planos. b) Ela era virgem (Mateus 1:23). Outra prova de obediência e vida piedosa do casal era a virgindade. Deus dá grande valor à pureza sexual. Veja que, embora fossem prometidos um ao outro em contrato de casamento, não houve relações até mesmo depois do casamento enquanto Jesus não nascesse. Que força de caráter e piedade! Deus está à procura de pessoas piedosas para revelar e cumprir seus planos.

Vemos em Maria e José um exímio exemplo de obediência para realizar a sua vontade por meio de pessoas simples e piedosas. A maior tragédia da vida humana é bençãos divinas perdidas por causa da desobediência.

2. O nascimento virginal de Jesus

O nascimento virginal de Jesus tinha um único propósito conforme está relatado no verso 21 que diz: “Ela dará à luz um filho e você poderá nele o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” Aleluia! Vejamos os aspectos e implicações do nascimento virginal de Jesus:

I) Foi concebido por obra do Espírito Santo (v.18b; 20b)

O credo apostólico nos ensina: “Creio em Deus Pai Todo Poderoso Criador dos céus e da terra; E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor; O qual foi concebido por obra do Espírito Santo; Nasceu da virgem, Maria [...].” Para a igreja primitiva e para os pais da igreja nos primeiros séculos, esse foi um tema debatido e combatido, mas necessário ser defendido. Por quê? Por que o diabo sempre trabalhou para combater o nascimento virginal de Jesus? Valendo-me de Wayne Grudem (Teologia Sistemática): a) O nascimento virginal de Jesus mostra que a salvação em última análise deve vir do Senhor. É um lembrete inequívoco de que a salvação jamais pode vir por meio de esforço humano, mas que deve ser obra do próprio Deus. Vejamos Gálatas 4:4-5. Não há glória humana! A salvação é mérito de Jesus desde a Sua concepção como Salvador dos homens. b) O nascimento virginal de Jesus possibilitou a união da plena divindade e da plena humanidade em uma só pessoa. Se Jesus tivesse simplesmente aparecido no céu sem ter sido gerado, teríamos dificuldade em vê-lo como plenamente humano e não faria parte da raça humana que descende fisicamente de Adão. Deus poderia ter feito Jesus entrar no mundo por meio de genitores humanos (pai e mãe) e em algum momento de sua vida receber a natureza divina, mas teríamos dificuldade em vê-lo como plenamente Deus.  

II) Atesta que a Palavra de Deus é confiável (v.22-23)

Os judeus estavam incrédulos quanto ao nascimento virginal de Jesus. Mateus é zeloso e prova com as Escrituras que a virgem conceberia. Estamos numa era em que a Palavra de Deus está sendo vilipendiada e posta à prova. Até mesmo dentro das igrejas ela está sendo dissecada e questionada. Além disso, as circunstâncias da vida de crentes de longa data os levam a duvidar da Palavra de Deus. Entretanto, o nascimento virginal de Cristo foi previsto nas Escrituras. Atesta a inspiração bíblica como Palavra do Senhor. Deus não é homem para mentir e nem filho do homem para se arrepender (Números 23:19). Suas promessas são infalíveis (I Reis 8:56). Deus vela por Sua palavra para cumpri-la (Jeremias 1:1-2). E com toda certeza, Ele não as cumpre segundo à nossa vontade e querer, mas segundo a Sua soberana, boa, agradável e perfeita vontade (Romanos 12:2). Lembremos que a Palavra se cumpriu integralmente na vida de um homem e uma mulher causando-lhes inicialmente um desconforto tremendo. Mas, eles puderam conhecer e revelar o Senhor. O propósito de Deus em cumprir sua fiel Palavra não é para nos trazer conforto, mas se revelar a nós e através de nós como Deus poderoso em nossas vidas.

III) Revela que Ele é Deus conosco (v.23)

No Antigo Testamento é prometido que Deus estaria presente com o Seu povo para garantir seu destino e aliança. Naqueles tempos o povo de Deus contava com o Tabernáculo e o Templo, destinados como símbolos da Presença Divina no meio deles. Vejamos Êxodo 40:34-35. Observe alguns detalhes dessa passagem. A palavra Shekinah é traduzida em português como “nuvem permanente” e a palavra Tabernáculo significa lugar de habitação ou moradia. Quando Deus se manifestava no Tabernáculo, isto é, no lugar de habitação, a tenda do encontro, uma nuvem permanecia, isto é, uma referência à Sua glória. Entretanto, ele não permanecia todo o tempo e ninguém poderia permanecer ali. Porém, no cumprimento dos tempos, diz João: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio e graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (João 1:14). A palavra grega para “habitou” é skenoo que significa “fixar o tabernáculo, ter o tabernáculo, permanecer (ou viver) num tabernáculo”. Ele é Emanuel, Deus conosco! Deus veio para fixar habitação entre nós e em nós.

Observe que o nascimento virginal de Jesus não é um mero evento na história, mas um marco na eternidade. Vimos que esse plano revela o padrão de Deus em realizar seus propósitos com gente simples, mas piedosa e obediente. Também revela a nós o poder do Espírito Santo, o quanto podemos confiar na Palavra infalível de Deus e seu desejo de habitar entre nós. Nos voltemos para esse Deus.

No amor de Cristo,

Rodrigo Rodrigues Lima, Pastor

domingo, 5 de fevereiro de 2023

05/02/2023 - A genealogia de Jesus, O Rei - Mateus 1:1-17

A genealogia de Jesus, O Rei

Mateus 1:1-17

Vivemos numa geração que tem “cristianizado” ensinos e ritos do Antigo Testamento. Além disso, atualmente há uma expectativa equivocada de que o Reino de Deus se estabeleça em nações por meios políticos e sob o governo da igreja. Jesus não permitiu que isso acontecesse quando os judeus quiseram proclamá-lo rei. Esperava-se um messias político que os libertaria das garras do Império Romano, mas Jesus frustrou os seus planos. Então, como devemos atuar como agentes desse reino hoje?

Mateus vivia os desafios que enfrentamos hoje, isto é, a tentativa misturar ritos judaicos com a fé cristã, a mistura do cristianismo com práticas pagãs de outras religiões e a confusão quanto ao modo que os cristãos deveriam viver e se relacionar com a sociedade. O Reino de Deus é de uma lógica completamente invertida e perceberemos isso à medida que avançarmos a cada episódio da vida de Jesus e de seus ensinamentos.

O evangelho de Mateus oferece para a igreja cristã de todos os tempos três ferramentas indispensáveis: a) A defesa do evangelho contra a tentativa de judaizar a mensagem da graça, ou seja, usar ritos e ensinos da lei como meios para a salvação e a vivência da fé cristã, o que não cabe mais; b) Instruir os convertidos de todas as eras em como viver vida cristã sob os princípios e valores do Reino, de acordo com as atitudes e as palavras de Jesus; c) Como fazer um culto no qual Jesus é o centro da verdadeira adoração.

Mateus apresenta em todo o evangelho que Jesus é “O Messias” e que o Seu reino foi inaugurado. Assim nos perguntamos: Como vivem os súditos desse reino? Quais são os princípios éticos e a vida do Reino? Qual é a missão desse reino sob o governo do Messias? Quais as implicações desse reino entre nós? Como as pessoas do reino se relacionam entre si? Qual é o futuro desse reino? É o que nos propomos a expor ao longo deste ano.

No episódio de hoje abordaremos sobre a necessidade de uma genealogia. A genealogia era importante para os judeus. Era necessário comprovar que uma pessoa era de determinada linhagem, para que tivesse acesso à propriedade, herança, legalidade e direitos.

Se Mateus tem o propósito de revelar Jesus como o Cristo (Messias) e o Rei dos judeus, alguém com acesso a propriedade, herança, legalidade e direitos nesses termos de Rei, ele começa o seu evangelho mostrando a linhagem de Jesus a partir da linhagem real de Israel. Se Jesus é rei, deve haver provas de que Ele vem da família real reconhecido. Identificaremos aspectos da graça de Deus lições importantes a respeito da genealogia de Jesus.

 1.    Deus é o Senhor da história e tem propósitos eternos (v.17)

A graça de Deus é vista na história de três eras. É a história de Deus com o seu povo que nos traz aspectos importantes até à chegada do Messias.

Primeiro, o período de Abraão a Davi, marca a história primitiva. Foi o período dos patriarcas, e de Moisés, Josué e os juízes. Foi um período de peregrinação, de escravidão no Egito, de libertação, de tomada de aliança, estabelecimento da lei, conquistas e vitórias. Tudo isso apontava para Jesus. Moisés era um tipo de Cristo. A libertação da escravidão do Egito por Moisés apontava para a libertação da escravidão do pecado por Jesus. A antiga aliança preparava caminho para a nova aliança.

Segundo, o período de Davi até o cativeiro babilônico. Foi marcado pela monarquia com reis que, em sua maioria, conduziu o povo para longe de Deus e os colocou em apuros. Foi um período de declínio, apostasia e tragédia. Houve derrotas, conquistas, exílio, destruição de Jerusalém e do Templo. Apenas Davi, Josafá, Ezequias e Josias revelaram aspectos de uma fé em Deus. Entretanto, de Davi descenderia o rei cujo reinado será justo e eterno.

Terceiro, o período do cativeiro babilônico até o tempo de Cristo. Tempo de cativeiro, frustração e silêncio da parte de Deus. Um período envolta de grandes trevas. Foi a era das trevas de Israel.

É através da história do povo de Israel que Deus envia o nosso Salvador. É assim que o Messias continua irrompendo, invadindo subitamente e com ímpeto na história humana. Todos têm uma história de escravidão, e derrotas pelo pecado, de silêncio divino, e então, Ele entra na história de nossas vidas para ser o Deus Conosco! Deus é o Senhor da história e tem propósitos eternos!

 2.    Jesus se identifica com a humanidade para resgatá-la (v.1; 4-5)

Jesus é descendente de Davi. Quero destacar aqui a história do pecador Davi. Ele pecou terrivelmente ao cometer adultério com Bate-Seba e depois piorou a situação mandando matar Urias, seu esposo, para se casar com ela. Ele foi um guerreiro que matou muitos homens, o que lhe impediu de construir o templo (I Crônicas 22:8). Davi fracassou como pai. Seus filhos lutavam e matavam por poder. Jesus é descendente de Abraão. Embora um homem de fé, mentiu duas vezes sobre a sua esposa. Trouxe vergonha para Sara, para si e para Deus.

Um olhar mais atento sobre os descendentes de Abraão e de Davi, veremos que foram pessoas marcadas por infidelidade, imoralidade, idolatria e apostasia.

Além desses dois homens importantes na história dos judeus, Mateus inclui quatro mulheres de outras nações na genealogia.

Jesus é descendente de Tamar (Gênesis 38). Uma mulher estrangeira, viúva do filho primogênito de Judá, que engana seu sogro Judá, vestindo-se de prostituta para se deixar com ele e garantir a descendência do seu falecido esposo. Isso nos lembra do fracasso de Judá. Jesus é descendente de Raabe (Josué 2). Outra mulher estrangeira, que por profissão era prostituta e que havia protegido espias israelitas. Deus não apenas a poupou na destruição de Jericó como a colocou na linhagem messiânica, sendo mãe de Boaz que foi bisavô de Davi. Jesus é descendente de Rute, moabita (Rute 1:4). Ela renunciou a sua fé pagã para seguir Noemi e fez do Deus de sua sogra o seu Deus. Ela se tornou a bisavó do grande Rei Davi. Jesus é descendente de Bate-Seba (II Samuel 11). Apenas mencionada na genealogia como “aquela que tinha sido a mulher de Urias” (Mt 1:6).

Perceba que Jesus entra na história através de homens e mulheres com vidas marcadas pelo pecado. Vemos claramente a graça de Deus atuando e comunicando que Jesus veio para salvar e resgatar o que estava perdido. Talvez sua história seja de abominações e segredos que ninguém pode imaginar. Talvez você esteja carregando culpas passadas! Observe que Deus não ocultou a vida pregressa dos descendentes do Messias para revelar a Sua Graça, em que homens e mulheres com a vida marcada pelo pecado tiveram o privilégio de terem em sua descendência o Salvador da humanidade. Jesus se identifica com a humanidade para resgatá-la.

 3.    Jesus nasce de uma mulher (v.16)

Enquanto Mateus apresenta a genealogia de José, o pai de Jesus aos olhos da lei, Lucas dá a genealogia de Maria. Maria e José eram descendentes diretos de Davi. Para que se cumpra a promessa no que é chamado de protoevangelho, que é a primeira comunicação de Deus aos homens a respeito da salvação, conforme está escrito em Gênesis 3:15: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.” Jesus é o descendente aqui mencionado! Em Gálatas 4:4 Paulo destaca “Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher...”. Por que ele diz isso? Jesus é divino (como Filho de Deus) e humano como filho de Maria. Portanto, a divindade, a humanidade e a justiça de Cristo o qualificaram de maneira especial para ser o redentor do mundo.

 4.    Jesus é o Cristo (Messias) (v.1)

Na língua hebraica “mashah” significa unção. No Antigo Testamento, quando se separava uma pessoa para os ofícios de sacerdote, profeta ou rei, lhe ungia a cabeça com óleo da unção. Ninguém poderia oferecer um sacrifício aceitável a Deus pelos pecados dos homens, ou ministrar as coisas santas se não fosse um sacerdote ungido de Deus. Ninguém poderia promulgar leis justas e governar o reino com poder e autoridade se não fosse um rei ungido de Deus. Ninguém poderia profetizar e conduzir o povo aos ensinos da aliança se não fosse um profeta ungido de Deus.

Porém, o povo de Israel espera por um “Mashiach”, que significa a pessoa ungida. Eles aguardavam o único homem digno de ocupar os três ofícios, o único digno do título de Mashiach. O Antigo Testamento prometia a vinda do Justo Servo do Senhor (Isaías 42:1-9), que seria um profeta como Moisés (Deuteronômio 18:18-19), um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Salmo 110:4) e um Rei como Davi e seu reinado será eterno (Isaías 9:7). Jesus é o ungido que acumula os três ofícios. Ele é o Cristo (Messias). Só Ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores: o rei que governa o universo e o coração dos seus discípulos; Ele é o profeta, para instruir os homens no caminho por onde devem ir; Ele é o grande sumo sacerdote, para fazer expiação por nossos pecados. Mateus revela que Jesus é o Cristo, o prometido Rei e Libertador. Poderosa compreensão da genealogia de Jesus!

No amor de Cristo,

Rodrigo Rodrigues Lima, Pastor