quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Tirando as máscaras e mergulhando em Deus

Uma pergunta muito difícil de ser respondida é esta: Como Deus me vê? A base dessa reflexão está em João 21:15-23
Quando eu era adolescente queria muito agradar a Deus. Eu gostava de estar na igreja, gostava muito de ler a Bíblia, sonhava em ser pastor, enfim, eu desejava muito a Deus.
Mas, fui iniciado na pornografia em minha adolescência e tinha um impulso muito próprio da idade. Essa era a minha maior luta.
Quando fui batizado aos 13 anos, eu acreditava que não pecaria mais, especialmente na pornografia. Triste ilusão!
A cada Santa Ceia eu fazia um novo voto com Deus de que eu não cometeria mais aquele pecado. Eu sentia muita vergonha de mim mesmo e não confiava em ninguém para me abrir. Meus pensamentos giravam em torno da minha imagem e futuro. “Eu sou um futuro pastor. O que as pessoas dirão? Como elas me verão se descobrirem?” Então pensava no pastor, na liderança, nos membros que me admiravam. Eu não poderia decepcioná-los com meus fracassos. Há uma canção do Casting Crowns que diz:

Há alguém que fracassa? Há alguém que falha?
Eu sou o único na igreja hoje me sentindo tão pequeno?
Porque quando eu dou uma olhada em volta, todo mundo parece tão forte.
Eu sei que eles vão logo descobrir que eu não pertenço.
Então eu escondo tudo como se tudo estivesse bem.
Se eu os fizer acreditarem nisso, talvez eu também acredite.
Então com um sorriso falso, eu brinco com o coração de novo.
Então todos vão me ver como eu os vejo.

Nós somos felizes sendo pessoas de plásticos?
Debaixo de torres de plásticos brilhantes com paredes em volta de nossas fraquezas e sorrisos para esconder a nossa dor?

Então eu estava me acostumando com máscaras. Às vezes eu levantava as mãos com olhos fechados num desempenho teatral, mas com o meu coração seco, cheio de culpa e tentando me reerguer.
Em acampamentos, os meus amigos abriam o coração e eu queria muito que eles fossem libertos e curados, mas eu mesmo não tinha coragem para confessar o meu pecado com medo de não ser aceito, com medo de ser julgado e rejeitado.
Isso afetou profundamente na minha maneira de ver Deus e me relacionar com Ele, pois, não compreendia corretamente graça e muito menos santidade. As mensagens sobre santidade eram sinônimos de cobrança e culpa, não por parte do pregador, mas por causa da minha condição.
Como Deus me vê? Veja que essa pergunta não é tão simples. A maneira como me vejo pode afetar profundamente a maneira como eu vejo Deus e, conseqüentemente, como penso que Ele me vê.
Por estar tão cheio de culpa e quebrando vários votos feitos na Santa Ceia me via inapto para me relacionar com Deus. Sempre soube que salvação era pela graça, mas faltava alguma coisa. Então, acreditava que estando em todas as atividades da igreja e me ocupando cada vez mais eu não teria tempo para pecar e Deus se agradaria do meu coração, pois, fazia tantas coisas para estar perto Dele e longe do pecado que isso aliviava minha consciência e fortalecia minha espiritualidade fazendo as coisas da igreja.
                Construí uma relação com Deus a partir das minhas ações e me sentia aceito por Ele e pelas pessoas. Quando olhava para meus amigos na igreja que não tinham a mesma intensidade e interesse de atividades como eu, eu tinha dó deles, pois, sabia que mais cedo ou mais tarde eles não suportariam e se desviariam.
                Na verdade, tudo eram um grande jugo e uma máscara com várias faces, apesar da minha sinceridade. Cresci na igreja ouvindo pessoas testemunhando de suas conversões impactantes e pensava: “Será que eu também não deveria ter uma experiência fora da igreja para ser transformado definitivamente?” Me maravilhava com aquelas experiências que ouvia.

                Bom, queremos muito ter intimidade com Deus e descer a águas mais profundas.
                Se quisermos descer às águas mais profundas precisaremos romper com tudo que torna a nossa vida com Deus rasa e sem profundidade. Precisaremos estar dispostos a sermos tratados por Deus e romper com as máscaras. Precisaremos abrir a gaveta onde escondemos todos os segredos e expor as feridas para sermos curados e libertos.
                Temos um problema sério que pode nos impedir de irmos às águas profundas. Vemos Deus do nosso jeito, ao invés de sermos do jeito que Deus quer que sejamos. Fazemos Deus vestir a nossa roupa, projetamos a nossa imagem Nele, ao invés de sermos revestidos e sermos refeitos À Sua Imagem.
                Se tivermos dificuldade de abrir o coração, nós o veremos como alguém que dificilmente abrirá seu coração conosco. Se nos acostumamos com pecados de estimação, acharemos que ele nos entende e nos aceita como somos. Se formos exigentes conosco, também pensamos que Deus é exigente e que devemos nos esforçar para atingir os elevados critérios Dele.
                Para ser bem honesto, servir a Deus colocando a nossa roupa Nele não é muito certo. Então observemos duas verdades:

  1. Não há nada que você possa fazer por seus próprios méritos e esforços para ser aceito por Deus.
O fato de você fazer coisas para Deus não lhe fará ser aceito por Ele. Também fazer as coisas certas não. Deus não o aceita pelo que você faz a Ele.

  1. Entenda, Deus te ama! Ele te ama não por causa do teu desempenho (se você faz coisas para Ele) e sim porque a imagem Dele se encontra em você.
Deus criou você porque Ele te amou. O amor de Deus por você não está preso ao seu desempenho. O amor de Deus por você não é medido pelo seu desempenho.

Pedro, o discípulo de Jesus enfrentou essa crise, pois, precisou aprender que Jesus o amava não por causa do seu desempenho, mas porque Jesus simplesmente o amava e isso era suficiente para que futuramente fosse transformado. Veja:

I.                    Não adianta desempenho e auto-suficiência
Pedro era sincero, mas muito autoconfiante. Ele servia a Jesus com toda a sua vontade, mas era muito cheio de si, muito autoconfiante. Ele confiava tanto em seus esforços que Ele disse a Jesus: “por ti darei a própria vida.” (João 14:37). Dizemos a mesma coisa todas as vezes que decidimos parar de pecar com votos na Santa Ceia. Dizemos a mesma coisa todas às vezes que decidimos não faltar mãos aos cultos como uma maneira de agradar a Deus. Dizemos a mesma coisa todas as vezes que decidimos por nós mesmos. Ao que Jesus respondeu a Pedro: “em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes que me negue três vezes.      (João 14:38)

                Assim somos nós! Especialmente em retiros. Muitos acreditam que terão a experiências de suas vidas porque fizeram um compromisso de ir a um acampamento, fizeram um sacrifício pagando caro por ele e não serão mais os mesmos. Terão o desempenho que agrada a Deus e serão aceitos por Deus. Não! Não é assim!

II.                  Não adianta só um sentimento, vestir a capa, viver de votos ou tentar fazer o certo
Jesus foi preso pelos soldados. Vamos ver as reações do sincero Pedro:
  1. Pedro decepa a orelha do soldado por Jesus. (João 18:26) São seus esforços por Jesus.
  2. Pedro foi visto com Jesus. (Mateus 26:69) Pedro, sincero que era, estava com Jesus. Foi visto com Jesus. Assim reconheceram as pessoas que prenderam Jesus.
  3. Pedro parecia com Jesus. (Mateus 26:73) Definitivamente, Pedro era tão sincero que seu jeito de falar e andar era parecido com o de Jesus, mas ele tinha um problema. Queria servir a Jesus do seu jeito.
Perceba que não foi suficiente para Pedro decepar a orelha do soldado, estar com Jesus e até se parecer com Ele. Não adianta frequentar a igreja, fazer parte de um ministério, falar evangeliquês e ter jeito de crente. Servir a Jesus do nosso jeito sempre na hora “H” nos levará a negá-lo.
Sabe todas as vezes que você sempre quis fazer o certo, mas na hora “H” errou?

                Então, a pergunta que não quer calar: Como Deus é? Como devemos vê-lo? Como Deus me vê? Como romper com tudo o que nos impede de descermos às águas mãos profundas? De onde vem a coragem para tirar as máscaras, abrir a gaveta das coisas ocultas, expormos as feridas e sermos curados e libertos de maneira que não queiramos mais servir a Deus por desempenho, mas por amor?

  1. Jesus revela o Pai compassivo em sua atitude para com Pedro (v. 15)
Jesus não cobrou Pedro. Jesus não jogou na cara de Pedro tudo o que Ele havia feito de errado. Jesus revela o Pai compassivo do Filho Pródigo em sua atitude. Pedro não tinha mais como fazer nenhuma promessa a Jesus, a não ser reconhecer seu fracasso para experimentar o olhar compassivo de Jesus. Esse é o segredo daquelas conversões poderosas que vez por outra ouvimos. Geralmente a pessoa diz que estava no fundo do poço, ou seja, ela não tinha nada a oferecer a Deus, além do seu fracasso. Quando a pessoa chegou ao fundo do poço em que estava totalmente exposta de vergonha, desprezo e rejeição por todos à sua volta, a pessoa se rendeu ao único que não estava preocupado com o seu desempenho. Assim foi com a mulher adúltera. Ele não nos ama por causa do nosso desempenho. Lembra-se disso? Mas, seu amor é o que precisamos para receber cura e libertação.

  1. Jesus revela o Pai que se aproxima do filho fracassado e arrependido (v. 15)
Jesus inicia um diálogo com Pedro. Na nossa versão bíblica não compreendemos a profundidade desse diálogo. Ele se dá mais ou menos assim – Jesus: “Pedro, você me ama com amor desinteressado, amor esse que me põe acima de tudo e de todos e que não espera nada em troca e que está acima mesmo da sua vida?” Pedro responde: “Senhor, você sabe que tenho muita consideração por você.” Jesus pergunta mais uma vez a Pedro obtendo a mesma resposta. Então, na terceira vez Jesus pergunta: “Pedro, você tem muita consideração por mim então? Pedro, magoado, ressentido responde: “Sim Senhor! “Eu tenho muita consideração por você”. Em outras palavras, Pedro está afirmando que seu desempenho havia fracassado e que não adiantava fazer mais promessas, era o Pedro insuficiente e incapaz. Ele sabia que não conseguia corresponder ao amor de Jesus no mesmo nível. Mas, o mais impactante dessa história toda é que Jesus diz para ele três vezes: “Apascenta as minhas ovelhas”. Jesus se aproxima de Pero, do coração do Pedro incapaz e o restaura.
Esse Pai que nos mostra que não somos bons e que não nos ama por causa do nosso desempenho é capaz por meio do Seu amor de nos restaurar e enviar. Mas, para isso, precisamos abrir a gaveta, tirar as máscaras, mostrar as feridas e conhecer que precisamos Dele. Ao decretar nossa falência, Jesus se aproxima para nos restaurar.

                Deus quer que você se veja como Filho. Meu filho Miguel não precisa fazer nada para aumentar meu amor por Ele. Eu simplesmente o amo. Não somos empregados de Deus, mas seus parceiros. Isso é graça! O irmão do filho pródigo estava em casa com o pai, mas vivia como escravo trabalhando todo o tempo como que para merecer o amor e o reconhecimento do pai. O pai lhe disse: “Filho, tudo o que é meu é teu.”
                Como está o seu coração? Muitas coisas na vida ferem o nosso coração nos impedindo de ver Deus como Ele é e de nos vermos quem somos Nele. Mágoas, pais ausentes, decepções, urgências da vida e do dia a dia, o fazer e fazer, o pecado, a culpa, enfim, muitas coisas podem endurecer o nosso coração e nos afastar de Deus nos levando a cair mais uma vez nas armadilhas das máscaras. As águas nunca sobem, porque não confiamos no amor de Deus para que elas saiam além do tornozelo.
                Como você se vê hoje? Como Deus o vê? Como Jesus viu a Pedro? Está na hora de você se ver como o Pai o vê através de Cristo Jesus. Se você deseja isso, deverá se render voluntariamente dos seus motivos e justificativas que tem te levado a viver de forma não tão profunda quanto gostaria. Ir para o caminho da humilhação, da entrega, e do quebrantamento se rendendo a Deus. Não há transformação se não houver confissão e arrependimento. Esse é o caminho da mudança, o caminho para mergulhar em águas profundas.

Rodrigo Rodrigues Lima, 
Pastor

Devocional 12/02/2015 - TEMA: Como ofertar!

TEMA: Como ofertar!
TEXTO: "Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro." Marcos 12:41

OBSERVAÇÃO
A cena, talvez, pudesse ser constrangedora. Jesus estava sentado diante do gazofilácio, a caixa onde as pessoas depositavam as ofertas. Mas, o que interessava a Ele era sim a quantia. Para Ele o maior valor, a maior quantia estava na intenção e na disposição do coração do ofertante e consequentemente na atitude. Essa quantia evidenciava como estava o coração daquelas pessoas. Certamente, por seu comentário aos discípulos ao ver que a viúva pobre deu tudo o que possuía, Ele procurava gratidão, generosidade e desprendimento.  

PRÁTICA
Esse texto me chamou a atenção para a forma como me preparo para ofertar e em como está o meu coração. Me transportando para o local me vi constrangido porque não tenho dado o devido valor a como meu coração se prepara antes para este momento do culto a Deus. A partir de hoje orarei e serei mais cuidadoso com essa prática. Nunca deixei de ofertar ou de ter a intenção, mas se Jesus estivesse diante do gazofilácio eu ficaria constrangido comigo mesmo porque eu sei como na maioria das vezes eu ofertei.

ORAÇÃO
Querido Pai, Tua Palavra é vida e produz transformação. Me perdoe por todas as vezes que corri ao fundo da igreja para pegar oferta com a minha esposa. Reconheço que não tenho me preparado da maneira devida para ofertar. Não me preparo antes, não separo a quantia com zelo e sei que isso fala muito do como. Que eu tenha sempre em mente que o como me aproximo de Ti no gazofilácio também chama a Tua atenção. Um coração que reconhece o Teu Senhorio, bondade e graça.