terça-feira, 12 de abril de 2011

Massacre no Rio e a aparente ausência de Deus!

Ó SENHOR Deus, até quando clamarei pedindo ajuda, e tu não me atenderás? Até quando gritarei: “Violência!”, e tu não nos salvarás? Por que me fazes ver tanta maldade? Por que toleras a injustiça? Estou cercado de destruição e violência; há brigas e lutas por toda parte.

Por isso, ninguém obedece à lei, e a justiça nunca vence. Os maus levam vantagem sobre os bons, e a justiça é torcida.

Habacuque 1:2-4

Na semana passada ficamos pasmos e estarrecidos com o que vimos pela televisão. Crianças fugindo desesperadas de uma escola, pois, ali naquela instituição havia um atirador que friamente calculou cada ato daquela que seria uma ação sem precedentes no nosso país que comoveu e indignou a todos nós.

Desde então, acalorou-se discussões acerca da legalização do porte de armas, da falta de segurança nas escolas e mais uma vez debate-se acerca de atos de violência em nome da fé.

Se não bastassem todos esses questionamentos, ressurge outro debate com o qual quero me ater que é a aparente ausência de Deus na sociedade.

Pude, na semana passada, assistir a um “show” de oratória e retórica de um comentarista de uma rede de televisão muito conhecida onde refletiu acerca da atitude do que ele chamou de “um anjo da morte de um deus louco”. Sua conclusão foi: “...o ato desse assassino nos faz sentir que estamos sozinhos e que Deus está ausente”.

A conclusão desse comentarista me remeteu à passagem que menciono acima que está relatado no livro de Habacuque. Este, que foi um profeta do Reino do Sul, profundamente indignado com tanta injustiça e violência, onde os bons sofriam com a malícia e a maldade dos maus, num ato de desespero questionou e desabafou ao mesmo tempo com Deus em seu aparente silêncio e sua permissividade com a maldade no meio do Seu povo. Ausentou-se Deus?

Porém, Deus responde a Habacuque dizendo que levantaria um povo pior do que eles para castigá-los, isto é, mais desgraça a caminho. Aquilo que o profeta ouve o coloca numa profunda crise teológica a ponto de contrastar a santidade de Deus com a divina decisão de uma disciplina terrível, através de um povo terrível a um povo desobediente. Porém, o que seria do bom? Aquele, que como o profeta, buscava uma ação divina ante a maldade, como viveria diante de terrível destruição? Como dizem: “O bom vai pagar o pato pelos atos dos maus?”

Sendo assim, o profeta se põe no lugar mais alto para ouvir a resposta de Deus que lhe disse: “Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo...Eis o soberbo! Sua alma não e reta nele; mas o justo viverá pela fé”. Quem é fiel a Deus, o justo, o bom, permanecerá fiel a Ele até mesmo diante da calamidade. Bem disse Jesus: “no mundo tereis aflições...”

Mas e a aparente ausência de Deus? E a maldade do homem?

O homem de nossa sociedade atual, que tem questionado a ausência de Deus é a mesmo que O tem afastado com seus atos imorais e aceitado a permissividade do promíscuo, rejeitado os seus valores e a ética cristã mencionados na Sua Palavra.

Paulo reflete acerca desta questão em Romanos capítulo 1 nos versos 24, 26 e

28 com a seguinte expressão: “Deus os entregou”.

É verdade! Deus afastou-se! Deus permitiu que os fatos seguissem seu curso.

F.F. Bruce, em seu comentário da carta “Aos Romanos”, conclui que “na vida há uma lei moral segundo a qual os homens são deixados entregues às conseqüências do curso de ação que eles mesmos escolheram livremente”, C. S. Lewis disse uma vez que “os perdidos gozam para sempre da horrível liberdade que sempre pediram, e, portanto, estão escravizados por si mesmo”.

O distanciamento do homem de Deus, escolhendo livremente aquilo que é moralmente mau aos olhos do Santo, legalizando e normatizando aos poucos aquilo que o contamina (Marcos 7), reflete exatamente a história do Filho Pródigo que escolheu viver longe da casa do pai e dominado por seus desejos, os mesmos que o levou à destruição, a ponto de comer das bolotas dos porcos até cair em si.

Deus, numa atitude de graça, ainda permite hoje que o homem viva a sua liberdade que sempre desejou, para que até por meio disso, perceba-se o vazio não foi suprido, e então cair em si e voltar-se para Ele, o Pai de amor.

Portanto, Deus não está ausente. O homem afastou-se Dele e colhe o fruto de suas decisões que não refletem a glória de um Deus santo, justo e verdadeiro, aliás, os homens carecem da glória de Deus.

O que esse rapaz fez é um ato injustificado, o fruto daquilo que há dentro de todos os corações, uma profunda necessidade de Deus. Não há nenhum justo sequer. Há maldade não declarada em todo homem de conformidade com o parâmetro de ética e de justiça de Deus (Mateus 5, 6 e 7). Isso, sem detalhar quanto ao que se falou acerca do fim dos tempos (Mateus 24, 25 e 26).

Que Deus nos ajude a sermos uma igreja relevante, não com respostas certas, mas com atitudes que reflitam o amor e a santidade de Jesus para um mundo que jaz no maligno.

No amor do Pai,

Rodrigo, Pr.