domingo, 14 de março de 2021

SÉRIE - PONHA ORDEM NO SEU MUNDO INTERIOR | 14.03.2021 - CABINE DE COMANDO

CABINE DE COMANDO - I Samuel 15:20-26

CABINE DE COMANDO

I Samuel 15:20-26

Quando falamos de pôr ordem no mundo interior, precisamos pensar no que compõe esse interior. Pelo menos três aspectos compõem nosso interior: 1) Pensamentos e crenças. 2) Emoções que você sente habitualmente. 3) Atitudes e valores. Não é por acaso que a Bíblia falará sobre o interior como fonte de tudo o que cremos, sentimos e fazemos. Salomão escreveu: “De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. (Provérbios 4:23) Jesus disse: “Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina a pessoa.” (Mateus 15:18).

No livro PONHA ORDEM NO SEU MUNDO INTERIOR, o autor compartilha a experiência de um amigo seu, oficial da marinha, que certa vez fez parte da tripulação de um dos submarinos nucleares dos Estados Unidos. Certo dia este oficial estava em um submarino no Mar Mediterrâneo. Naquele dia o tráfego de navios e barcos estava intenso na superfície, e eles estavam sendo obrigados a fazer manobras rápidas para evitar colisões. Na ausência do capitão, esse oficial assumia a cabine de comando tendo a responsabilidade de dar instruções acerca do posicionamento do submarino a cada momento. Como a movimentação estava excessiva, o capitão saiu de seus aposentos para ver se estava tudo bem. E o oficial respondeu que sim. O capitão fez uma vista geral, deu a volta e disse: “É, a mim também parece que está tudo bem”.

Essa história é fantástica e ilustra bem o que queremos abordar nesta mensagem. Perceba que o mar acima estava agitado e isso exigia demais inclusive do que estava abaixo da superfície. Entretanto, o que estava abaixo da superfície era controlado do coração do submarino, uma pequena cabine que exigia de um homem uma perfeita execução de todo o seu conhecimento e anos de treinamento. Se ele não fosse extremamente fiel e não acreditasse colocando em prática os regulamentos, normas e determinações de manobra e segurança, certamente a vida de todos estaria em risco e o submarino poderia colidir com alguma embarcação e provocar um grande acidente. É muito similar ao que fazem os copilotos de um avião comercial. Eles estão com uma prancheta em suas mãos antes, durante e depois do voo para um constante check-list de suas ações. Eles acreditam piamente que seguir aquela lista de comandos manterá a vida deles, da tripulação e dos passageiros em segurança. Em suma, o que Deus tem colocado em meu coração para meditar com você nesta mensagem é que seus sentimentos e suas ações são o reflexo daquilo que você verdadeiramente acredita. Como alguém que diz crer na Palavra de Deus pode desordenar a sua vida interior a tal ponto de perder bençãos, perder família, amigos, sua própria fé, filhos e as bençãos garantidas da parte de Deus.

É justamente nos momentos de maior tensão da vida, um desemprego, a morte de um ente querido, pressões no trabalho, crise conjugal e crises em geral, que suas crenças serão testadas e desafiadas. As áreas nas quais o nosso caráter não for transformado, poderão se revelar em tempos de crise.

Observando as etapas da vida do Rei Saul, percebemos uma pessoa que começou bem, mas não terminou bem. Pesquisas afirmam que 70% dos líderes cristãos não terminam bem, inclusive os bíblicos. Saul foi um homem que aparentemente, no começo, soube manter tudo sob controle na cabine de comando, o seu coração, mas no final espíritos malignos o atormentava e podemos dizer que seu submarino afundou e seu avião caiu.

Todos começam bem e empolgados na vida cristã. Quando uma pessoa entrega a vida dela a Jesus Cristo, Deus muda o coração trazendo genuína conversão. Deus revela seus propósitos para a vida da pessoa e ela passa a ter experiências poderosas de fé, e até mesmo as suas adversidades são enfrentadas com coragem e muita ousadia, pois, o que traz ao coração da pessoa a convicção de todas essas coisas? Ela ouve a Palavra de Deus e a recebe com fé. Romanos 10:17 diz: “A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus.” Entretanto, parece que em algum momento elas se descuidam e começam a sucumbir.

Essa pandemia está colocando à prova o nosso interior. Vamos ver na história de Saul quais cuidados devemos ter com a cabine de comando, o nosso coração, para que o nosso mundo interior esteja em ordem, mesmo que externamente tudo possa estar um caos.

1. Quando a rotina e a familiarização tornam a Palavra de Deus secundária nas ações e decisões da vida (v.1)

Saul é ungido como Rei (I Samuel 10:1-8) por Samuel que lhe dá algumas diretrizes. A palavra de Deus diz que O SENHOR muda o coração de Saul (I Samuel 10:9), representando a conversão de Saul para os propósitos de Deus lhe conferindo autoridade. Saul é tomado pelo Espírito e tem poderosas experiências com Deus (I Samuel 10:10). Saul está tão tomado pela presença de Deus que ao tomar ciência de que os amonitas querem atacar os israelitas em Jabes-Gileade, tomado pelo Espírito, Saul se enche de coragem e ousadia e vai enfrentar aquele inimigo, pois, suas ações são guiadas pelo Espírito de Deus (I Samuel 11:6-7).

Samuel irá sair de cena como líder da nação e dá uma palavra tanto para Saul quanto para o povo o segredo da benção e da prosperidade de ambos (I Samuel 12:14-15). Mas, é a partir daí que Saul vai começar o seu processo de declínio espiritual porque na cabine de comando ele deixou de seguir os regulamentos, normas e determinações de manobras de segurança da sua vida.  O interior desordenou.

A situação de Saul diante da guerra contra os filisteus está fora de controle. O exército inimigo é infinitamente maior que o seu (I Samuel 13:2; 5). Lembre-se que na cabine de comando, o que vale para manter a segurança é fazer o check-list, colocar em prática os regulamentos, normas e determinações de manobra e segurança. Mas, Saul decidiu não seguir o check-list. O tempo de dois anos foi suficiente para Saul não confiar mais na Palavra de Deus. “Eu faço do meu jeito. Eu tenho experiência nesse negócio de ser Rei. Não preciso de um velho idoso como Samuel para me dizer o que fazer.” Quando, na cabine de comando, as crenças são negociadas porque confiamos demais no nosso jeito de fazer as coisas, pelo tempo de igreja que temos, quando o anseio em ouvir a direção de Deus é negligenciada, o interior começa a se corromper. Vejamos aqui algumas ações de Saul e mostram que ele passou a confiar mais em si. Precipitou-se em não seguir a orientação dada por Deus. Ele não soube esperar. Comparemos:

“Quando vocês saírem para fazer guerra aos seus inimigos e virem cavalos, carros de guerra e um povo maior em número do que vocês, não tenham medo deles...quando estiverem se preparando para a batalha, o sacerdote se adiantará e falará ao povo...” Deuteronômio 20:1-2

“(Saul) escolheu três mil homens de Israel”. I Samuel 13:2

“E todo o Israel ouviu dizer: “Saul derrotou a guarnição de dos filisteus, e agora os filisteus estão com ódio de Israel”. Então o povo foi convocado para se juntar a Saul, em Gilgal. E o povo permaneceu com Saul, estando este ainda em Gilgal, se encheu de temor.” I Samuel 13:4; 7

Lembre-se que aproximadamente dois anos antes, Samuel disse a Saul: “Vá na minha frente para Gilgal. Eis que eu descerei para junto de você, a fim de oferecer holocaustos e apresentar ofertas pacíficas. Espere sete dias, até que eu venha para junto de você e diga o que você deve fazer.” I Samuel 10:8

Veja o que Saul faz: “Saul esperou sete dias, segundo o prazo determinado por Samuel. Mas como Samuel não vinha a Gilgal, o povo foi se espalhando dali. Então Saul disse: Tragam-me aqui o holocausto e as ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. Mal tinha ele acabado de oferecer o holocausto, eis que chegou Samuel.” I Samuel 13:8-10

O que fazer para não descontrolar a cabine de comando? Saul deveria ter esperado Samuel. Existem 2 formas de esperar e ambas revelam quem é que está controlando a cabine de comando:


Espera de forma serena (ouvir) e com expectativa (contemplando com fé)

Esperar de forma serena é realmente esperar de forma passiva e refletindo. Olhar para trás, pensar no passado, sonhar, registrar, conversar, ir a retiros. Orar é uma maneira e esperar serenamente. Esperar com fé. Esperar baseado em sua confiança naquele que lhes ordenou esperar, e não nas circunstâncias. Ter expectativa nele mais do que no que Ele fará. É como esperar um filho.

 

Espera frustrada

Quanto maior a espera, maior é a frustração. Leva a decisões apressadas, perda de foco e relacionamentos rompidos. Quando perco a confiança nas promessas de Deus e na palavra de homens, inclino-me a fazer as coisas acontecerem. Meus motivos são a frustração, não o serviço. Meus resultados são a derrota, não o sucesso.

2. Quando a preocupação com o que é externo e aparente tornam a Palavra de Deus secundária na maneira de enxergar e interpretar a vida (I Samuel 13:11-12; I Samuel 15:15; 24)

Saul se tornou um homem preocupado com as aparências e regido por conveniências. Na sua cabine de comando, ele decidiu abandonar as suas crenças. Pois, é justamente em tempos de crises que nossas verdadeiras crenças se manifestam. Seguir a Jesus e andar em seus passos é o que nos manterá seguros e livres de nós mesmos. Mas, os elementos que revelam que a cabine de comando está sem controle.


Quando as circunstâncias se tornam justificativa para não seguir a Palavra de Deus. (I Samuel 13:11-12) Sabe aquela máxima “o fim justificam os meios”? Ela não vale quando a Palavra de Deus. Talvez alguns considerem isso radical, mas confesso que ao longo dos meus 30 anos de vida cristã e meditação na Palavra de Deus, isso é uma verdade absoluta. (I Samuel 13:11-12).


Quando a opinião dos outros se torna mais importante do que a Palavra de Deus (I Samuel 15:15; 24). Foi aqui que Saul perdeu de vez o seu direito de fazer sucessores em seu trono.

Tanto as circunstâncias quanto a opinião alheia se tornam nos tempos atuais um verdadeiro desafio para os cristãos. Mas, é inevitável. Existem 3 tentações que devemos resistir se quisermos manter a cabine de comando sob controle, seguindo Jesus na tentação do deserto:

Eu sou o que faço. Satanás tenta Jesus a transformar pedras em pães dizendo: “Se você é filho de Deus, faça”. Ele ainda continua tentando os filhos de Deus com as seguintes perguntas: “O que você conseguiu? Como você demonstrou a sua utilidade? O que você faz? Ele leva você a fazer comparações e viver de aparências. Recomendação: EVITE O SUCESSO. O sucesso mundano nos tenta a encontrar nosso próprio valor fora do inesgotável amor de Deus por Ele em Cristo. Pare de buscar curtidas, likes, aprovações. Esse mundo virtual tem feto muita gente perder o coração.

Eu sou o que tenho. Saul acreditou nisso e perdeu o reino. Tentou espiritualizar suas posses em forma de culto a Deus com aqueles despojos. Deus rejeitou porque, no fundo, ele seguiu a voz do povo. Muitas vezes nos medimos por nossas posses. O mundo gasta bilhões para convencer você a ter. Como adultos, nos medimos por comparações: quem tem mais dinheiro? O corpo mais bonito? A vida mais confortável? Avalie as motivações do seu coração. Essa falta de contentamento, essa gana por coisas dessa vida sem deixar Cristo ser o Senhor da vida, tem feito muita gente perder o coração.

Eu sou o que os outros pensam de mim (popularidade). Saul definitivamente era um homem que queria estar de bem com o povo às custas da sua obediência a Deus. Satanás disse para Jesus: “Todo esse reino será seu se me adorares”. A autoimagem sobe a grandes alturas com um elogio e é devastado por uma crítica. Somos a geração dos influenciadores digitais. Há muita gente querendo ser influência e encontram público para isso. Mas, há algo que eu tenho aprendido e isso pode poupar a sua cabine de comando. Preocupe-se com a profundidade daquilo que lhe foi confiado por Deus e deixe que Ele determine como e até onde será a sua influência. Preocupe-se com a sua popularidade no céu. Seja um reflexo de Jesus aqui.

Convide Jesus para assumir a cabine de comando. Decida que você não fará nenhum movimento sem que suas ações estejam alinhadas com as suas crenças, isto é, com a Palavra da verdade. Não seja como Saul.

No amor de Cristo,

Rodrigo Rodrigues Lima