domingo, 1 de agosto de 2021

REAFIRME SUA IDENTIDADE - SÉRIE RUMO AO NOVO - 01.08.21

01.08.2021 - REAFIRME SUA IDENTIDADE

REAFIRME A SUA IDENTIDADE

Mateus 16:18

A nossa identidade está em processo de transformação contínua.

Segundo Habermas concebe, um indivíduo é responsável pela condução de sua biografia e pode construir novas identidades ao longo de sua existência motivado por fragmentações e rupturas que conduzem a uma superação, permitindo um novo reconhecimento nas interações sociais em que faz parte. Guarde isso: “construir novas identidades ao longo de sua existência motivado por fragmentações e rupturas que conduzem a uma superação, permitindo um novo reconhecimento nas interações sociais em que faz parte.”

Quando Cristo entrou em sua vida sua identidade passou por um processo de ruptura com um modus vivendi mundano para viver a realidade do Reino de Deus. Uma constante renovação da mente está em curso e o objetivo é que você seja você, mas um “novo eu”. Pedro se achava muito crente quando deixou as redes para seguir a Cristo. Vamos perceber que as crises servem para nos conhecermos a nós mesmos e nos rendermos ao senhorio de Jesus.

Nesses 1 ano e meio de pandemia, e agora na expectativa para o pós-pandemia, Deus nos dá uma grande oportunidade de crescermos em fé e reafirmamos nossa identidade Nele a partir das crises. Aqui vão algumas perguntas para você fazer uma análise pessoal: 1.Palavras te machucaram em algum momento a ponto de você parar? 2.Você está frustrado com os resultados profissionais ou ministeriais? 3.Há sonhos que não se realizaram? 4.Hoje você não está tão motivado quanto antes? 6.Qual é o estado do seu coração hoje? 7.O que esses tempos revelaram a seu respeito? Quem é você? Vamos observar na vida de Pedro que todos estamos em alguma fase nesse processo de formação de uma identidade.

Pedro, o discípulo de Jesus enfrentou uma crise que no final desemboca em uma identidade firmada em Jesus, pois, precisou aprender que Jesus o amava não por causa do seu desempenho, mas porque Jesus simplesmente o amava. Creio que Deus também está trabalhando em nós para amadurecermos nesse processo. Que lições aprender com a vida de Pedro? 

1.      A crise da fé e o convite à dependência (Lucas 5:1-11)

Temos nesta passagem de Lucas 5:1-11 o relato da pesca maravilhosa.  Jesus tira Pedro da vida mediana, ou o que podemos chamar de previsível. Pedro sabe a que horas pescar, sabe quantos peixes em média poderá alcançar, sabe tudo o que é necessário para uma boa pesca. Ele é pescador por profissão. Porém, Jesus rompe com todos os conceitos e a previsibilidade de Pedro e o convida a depender. O primeiro choque aqui é: “Onde está a minha dependência”? Jesus vem para quebrar essa estabilidade e essa previsibilidade e libertar a Pedro. Pedro está no controle! Entretanto, se estamos falando de assumir a identidade de filho, estarmos no controle não será uma opção. Não será uma opção a Pedro. Aliás, não será uma opção a nenhum de nós.

Assim Jesus fez com você quando lhe convidou para liderar, para gerar, para frutificar. Jesus entra na nossa experiência e aumenta a temperatura. Ele diz para Pedro: “Doravante serás pescador de homens” (v.11). Jesus está dizendo: “Aprenda a confiar em mim no previsível, e se necessário vou levar você ao imprevisível e tirar você de sua zona de conforto para me conhecer”.

Viver a caminhada com Cristo é um convite à fé e à dependência. Deus é Deus que age no comum e nos milagres! Nós fazemos cálculos e ele permite enquanto forja em nós o Seu caráter. Não tem outra maneira de experimentarmos uma transformação em nossa identidade sem essa crise da renúncia de controle. A pandemia e muito mais agora o pós-pandemia, nessa expectativa do novo, vivemos um kairós de dependência e fé. 

2.      O milagre de andar sobre as águas e a crise de afundar (Mateus 14:24-32)

A relação está se aprofundando. Ondas e ventos contrários estão sobre a embarcação. Eles seguiram uma orientação de Jesus (v.22). O que está ocorrendo aqui? Pedro está tão confiante em Jesus que anda sobre as águas. Entretanto, por um instante, vem o medo. O medo de morrer. O medo da vergonha. O medo de confiar e se decepcionar. Até então, Pedro está andando sobre as águas porque ouviu Jesus dizer: “Vem”. Perceba que em momento algum o texto disse que o vento havia cessado e que as águas agitadas haviam parado. No verso 30 vemos a palavra medo! Medo significa: “Não consigo confiar e descansar”. Medo é alma atribulada e cansada. Pedro foi mais ousado e corajoso que os demais discípulos, mas o medo foi mais forte. Pedro renunciou às redes, mas agora deve seguir renunciando ao controle.

Nós atendemos ao convite de Deus para confiar, para liderar, para avançar, para trabalhar e confiar, mas logo a nossa alma fica atribulada ao olhar que o vento não cessa, que o mar se agita! Essa pandemia agregou alguns elementos à nossa rotina: a) boa distância da terra (insegurança); b) Ventos e ondas das circunstâncias; c) Uma noite longa; d) Fantasmas. Será que não me enganei ao responder ao seu convite? Então essas coisas ferem o coração e volta o mérito e a justiça própria lhe acusando e dizendo de que não é capaz, não merece, não está apto porque os ventos e as ondas das circunstâncias nas quais você se encontra e te limitam, fazem você questionar e ferem o seu coração. O medo bate. Ohh irmãos! Quanta pressão temos enfrentado ao longo desses meses. Você é amado de Deus. Aqui faço uma pergunta: Por que temos vergonha de reconhecer que nossas expectativas nos traem? Então, você se volta para a explicação lógica das coisas e aquilo que era uma pura obediência, um ato de fé, agora está sendo racionalizado e você se esquece que simplesmente ouviu um convite: “Vem”! Mas, é um processo! Ainda que afundemos, tivemos coragem de andar sobre as águas. Estamos amadurecendo.

Mas, aqui está um pouco mais da crise que está modelando a sua identidade. Não é momento para desistir, mas para se entregar ao Senhor. 

3.      A crise para desistir do desempenho e da autossuficiência (João 13:37-38; Mateus 26:69-75)

Pedro era sincero, mas muito autoconfiante. Ele servia a Jesus com toda a sua vontade, mas era muito cheio de si, muito autoconfiante. Havia muita arrogância. Arrogância não no sentido de ter um nariz empinado, mas de alguma maneira nunca querer estar por baixo. Assim é quem não tem uma identidade firmada em Cristo. O que os outros pensam ou a imagem que se deseja passar revela muito a dependência da aprovação das pessoas. É necessário estar por cima, não é mesmo? Não creio que isso seja algo reconhecido, mas é próprio da natureza humana. Todos precisam estar afirmados de alguma maneira.

Pedro confiava tanto em seus esforços que diz a Jesus: “por ti darei a própria vida.” (João 13:37). Em resumo amada igreja, nós precisamos aprender a não confiar em nós mesmos (João 13:38). Entretanto, Pedro é um exemplo daquilo que todos nós fazemos em algum momento nesse processo de formação de nossa identidade em Cristo. A verdade é que não dá para ser amigo de Jesus baseado naquilo eu posso fazer por Ele, mas na força Dele. Todos nós sofremos em algum momento tentando ter um desempenho que agrade a Deus e crentes de que seremos aceitos por Ele. Quantos pastores e líderes frustrados porque seguiram as regras, ordenaram e seguiram direitinho o planejamento e no final as coisas não aconteceram como eles queriam. Oramos para Deus curar e Ele não curou. Jejuamos para a pandemia ir embora no mês seguinte e ela não foi. Fomos amadurecendo na marra, inclusive da falsa sensação de que podemos provocar a ação de Deus com uma varinha mágica chamada fé. Não! Até a fé está contaminada com arrogância e autossuficiência. Tivemos que aprender a conhecer a Deus livre de misticismos e achismos e a viver a fé como ela realmente é, isto é, Deus continua sendo Deus ainda que minha oração não seja respondida como gostaria. Pedro era imaturo! Queria que Jesus evitasse a cruz. Jesus repreende Satanás na vida de Pedro. Na hora “H” Pedro o negou. Na verdade, Pedro estava se aproximando de uma ruptura com crenças infantis para conhecer o Cristo, o Messias de verdade. As crises mostram a realidade nua e crua e nos desafia a negar a nossa própria força e autoconfiança.

Não! Não é assim Pedro! Qual foi o resultado disso tudo? (Mateus 26:69-75)

Baseado na própria força o amigo nega a Jesus. Pedro conheceu a si mesmo. Ele viu sua performance, seu mérito. Pedro chora amargamente sua própria decepção. Ele descobriu que os métodos e o desempenho fracassaram. A humanidade dele era pobre e desqualificada. Aqui é o clímax: “O sonho acabou”. Perdeu-se todos os referenciais. O desempenho e a autossuficiência desembocam em fracasso. Veja que isso não consciente, mas é uma relação de transformação do confiar em si próprio para confiar somente em Deus. É a transformação de nossa identidade. O medo do fracasso, o desejo de ver o fruto, a ânsia de provar algo será provado! Todos os nossos atos de fé serão provados pelo tempo, pelas circunstâncias para chegar à seguinte pergunta: “Tu me amas?” 

4.      Uma nova identidade e o amor desinteressado por Ele (Marcos 16:1-7)

Jesus não desiste de Pedro, apenas lhe ensina que não é do seu modo. Jesus não desiste de você, mas apenas quer lhe dizer que não é do seu modo. Ele diz: “Dizei aos discípulos e ao meu “melhor amigo”, o mais decepcionado, o mais fracassado, o mais frustrado”. Numa dimensão individual Jesus vem ao encontro da minha incapacidade. Numa dimensão individual Jesus vem ao encontro da sua incapacidade. Você disse que vai parar? Disse que vai desistir? Ele está dizendo: “Eu vou ao Seu encontro”.

Pedro pula no rio em direção a Jesus. Jesus não cobrou Pedro. Jesus não jogou na cara de Pedro tudo o que Ele havia feito de errado. Pedro não tinha mais como fazer nenhuma promessa a Jesus, a não ser reconhecer seu fracasso para experimentar o olhar compassivo de Jesus. A identidade está pronta a ser consolidada. Esse é o segredo daquelas conversões poderosas que vez por outra ouvimos. Geralmente a pessoa diz que ficava muito mal, ou seja, ela não tinha nada a oferecer a Deus, além do seu fracasso. Quando a pessoa ficou muito mal em que estava totalmente exposta de vergonha, desprezo e rejeição por todos à sua volta, ela se rendeu ao único que não estava preocupado com o seu desempenho. Assim foi com a mulher adúltera. Ele não nos ama por causa do nosso desempenho. Lembra-se disso? Mas, seu amor é o que precisamos para receber cura e libertação.

Jesus inicia um diálogo com Pedro. Na nossa versão bíblica não compreendemos a profundidade desse diálogo. Ele se dá mais ou menos assim – Jesus: “Pedro, você me ama com amor desinteressado, amor esse que me põe acima de tudo e de todos e que não espera nada em troca e que está acima, até mesmo, da sua vida?” Pedro responde: “Senhor, você sabe que tenho muita consideração por você.” Jesus pergunta mais uma vez a Pedro obtendo a mesma resposta. Então, na terceira vez Jesus pergunta: “Pedro, você tem muita consideração por mim, então? Pedro, magoado, ressentido responde: “Sim Senhor! “Eu tenho muita consideração por você”. Em outras palavras, Pedro está afirmando que em seu desempenho havia fracassado e que não adiantava fazer mais promessas, era o Pedro insuficiente e incapaz. Ele sabia que não conseguia corresponder ao amor de Jesus no mesmo nível. Mas, o mais impactante dessa história toda é que Jesus diz para ele três vezes: “Apascenta as minhas ovelhas”. Jesus se aproxima de Pedro, do coração do Pedro incapaz e o restaura. Jesus lapidou a pedra e ele se tornou Pedro! Jesus está nos lapidando e nos dando uma nova identidade.

Veja como Deus trabalha para formar a nossa identidade em Cristo! Os conduzindo à renúncia do controle e a uma entrega total de confiança em sua graça.