sábado, 27 de junho de 2020

Culto 28.06.2020 - Naamã: Quando a fé e a graça se encontram

Naamã: Quando a fé e a graça se encontram - II Reis 5:1-19

Naamã: Quando a fé e a graça se encontram
II Reis 5:1-19

Temos aqui um poderoso relato de conversão.
Um homem que saiu pagão de sua terra e retornou confiando no Deus de Israel.
Um homem leproso que retornou curado.
Um homem que saiu confiado em suas posses e seus títulos e voltou confiado no Deus de Israel.
A fé e a graça se encontraram e Deus foi glorificado.
Quero pensar com você sobre o processo de Deus em nos tornar totalmente confiados em sua graça e não em nós mesmos e em como essa confiança encontrada com a graça promove transformação. Aprendamos algumas lições com essa linda história.

1.Ser grande diante dos homens não esconde quem somos diante de nós mesmos
v.1- Naamã era um homem muito importante na Síria. Era um grande comandante. Essa posição lhe conferia poder e prestígio no meio militar. Era grande diante do seu senhor e de muito conceito. Tal como descreve o próprio texto, Naamã gozava de muito respeito até mesmo por parte do Rei da Síria, o que lhe conferia muita influência política. Um homem muito respeitado. Naamã era um herói de guerra. O povo certamente o amava e respeitava, portanto, ele gozava de popularidade. Entretanto, era um homem leproso. A lepra era um grande sofrimento porque era uma doença que marginalizava. Ao mesmo tempo que ele tinha prestígio militar, político e popularidade, na sua vida pessoal, no seu privado certamente ele se sentia um derrotado. A lepra era uma doença devastadora. Quando observamos os rituais quanto a essa doença detalhados na lei, percebemos que ela trazia muito sofrimento físico e psicológico. A lepra é uma doença que força as pessoas a viverem isoladas. Ela é contagiosa. Tira a sensibilidade da pele. Pode deformar o corpo. Ela pode levar até à cegueira. Nos tempos bíblicos era raro a cura. O que temos diante dos nossos olhos? Um homem cheio de poder, influência e prestígio, mas que está impotente e sendo vencido por uma enfermidade avassaladora. Quando Naamã tira as armaduras, o que ele vê é lepra. Nada do que ele possuía poderia curá-lo.
Assim é o pecado! Pode-se estar diante dos homens com grande poder, influência e prestígio, mas privadamente a realidade se impõe. Quando se está consigo mesmo, ao tirar a armadura o que se pode ver é lepra. O pecado gera insensibilidade para com Deus e até mesmo com as pessoas mais achegadas, deforma a nossa identidade e a nossa relação com Deus, pode contaminar à nossa volta e é uma cegueira espiritual. A fama externa é grande, mas no privado é a realidade. Muitos assim tem vivido! Podem gozar de prestígio, mas em casa a realidade se impõe. Mas, quem convive sabe que ao tirar as armaduras, o que se vê é lepra.

2.A graça de Deus sempre nos encontra no lugar onde estamos vulneráveis
v.2-3 – Entretanto, havia uma menina cativa, que ficou ao serviço da esposa de Naamã. Ela era israelita. O que observamos aqui? Deus usa uma moça que poderia dar o troco em Naamã e permitir que ele morresse. Aquele homem havia roubado de sua terra natal. Ela não age assim. Esse é o maravilhoso sinal da graça de Deus atuando na vida de Naamã. Graça é favor imerecido. Esse favor já vem atuando através de alguém que humanamente falando jamais oferecia cura. A proposta de cura começa justamente do lugar mais humildade, da simplicidade, do lugar mais improvável.
De onde vem a proposta de cura? De dentro de casa. Lá onde o oculto é revelado. Lá onde as máscaras caem. Lá onde o poder, o prestígio e a popularidade ficam do lado de fora. Lá onde não há pompa. A graça de Deus sempre nos encontra no lugar onde somos mais vulneráveis.
Você pode ser essa pessoa que olha para si e se vê cheia de lepra. Sua alma está doente. Você precisa de uma cura, de uma restauração! A graça de Deus sempre te encontrará no mais profundo lugar de sua vulnerabilidade. Jesus não veio para os sãos, mas para os doentes. Jesus veio para todo aquele que reconhece sua real condição. Você pode estar desanimado e frio na fé ou longe de Deus. Faça-se vulnerável diante Dele.

3.Sempre acreditamos que podemos nos fazer justos diante de Deus. Nossas obras não compram a benção e muito menos a salvação
v.4-6 – Naamã encontra esperança! Sua lepra, sua marginalidade, sua insensibilidade, sua impotência, sua deformidade agora podem ser vencidas. Entretanto, o homem que quer cura e ver a restauração de sua vida, quer fazer na força do seu braço e confiado em suas riquezas. Naamã leva consigo trezentos e quarenta quilos de prata, setenta e dois quilos de ouro. Considerando a prata mais pura, ele estaria levando o equivalente a R$ 731.423,50 e considerando o ouro mais puro, ele estaria levando o equivalente a quase R$ 2.000.000,00. Ao todo, considerando as mudas de roupa, seria algo próximo a R$ 2.800.000,00. Quanto você imagina custar uma cura de lepra? O surpreendente é que Naamã possuía prestígio político, militar, popular e riquezas e nada disso poderia lhe dar a cura.
Naamã parte para Israel com toda a sua pompa. O Rei de Israel o recebe como uma afronta, mas logo o profeta manda que enviem esse importante homem para ele.
Algo fazia aquele homem acreditar que poderia comprar ou merecer a sua benção. A espiritualidade de Naamã era tão leprosa quanto a sua pele. Uma espiritualidade em que a oferenda é o meio de aplacar a ira de Deus e uma forma de se relacionar com o seu deus pagão. Qualquer semelhança atualmente é mera coincidência. Não há nada que se possa fazer para merecer a benção de Deus. A benção de Deus, o favor não se compra. Se você paga pela benção, então, não é favor, mas dívida. É como se Deus devesse para você. Naamã não evidencia fé, mas meritocracia. Quantos querem comprar a sua cura! A sua vitória! A sua benção! Mas, veja a sequência da história.
A graça de Deus opera somente onde há reconhecimento de que nada pode ser feito por méritos humanos. Nesse sentido a fé entra em ação.

4.A fé e a graça não atuam nos holofotes e na aprovação humana, mas na humildade e na obediência
v.9-14 – Fico imaginando o que Eliseu está fazendo. Talvez orando. Talvez secando as mãos após lavar a louça. Enfim. De repente, chega uma comitiva na porta de Eliseu. Como ele recebe a Naamã? Manda-lhe um mensageiro com uma palavra diretiva e nada mais. Naamã fica indignado. Sabe por quê? Porque ele esperava ser recebido com fogos de artifício, um tapete vermelho e muita pompa. Ele esperava algo espetacular diante dos olhos de uma multidão. Mas, o favor não se compra e não se merece. No favor não existe qualquer glória ou favor humano. Afinal ele leva R$ 2.800.000,00 para a sua cura! Ele merecia respeito e pompa! Mas, não! Deus não divide a glória Dele com ninguém. Deus age de forma simples e sem alardes. Não existe aqui show da fé. Muitas vezes, o ser humano chega diante de Deus cheio de obras, cheio de títulos, cheio de coisas para mostrar e dizer: “Deus, eu fiz por merecer. Eu tenho o resultado do meu esforço. Agora me dê.” “Deus, eu tenho tantos anos de igreja, eu fiz por merecer. Eis os meus títulos. Eis talentos. Eis a minha popularidade.” Mas, nada disso surpreende e atrai o favor de Deus. Naamã esperava que fosse do seu jeito, mas do jeito de Deus ele precisa se submeter. Crer e obedecer! Nada mais.
Sabe o que torna essa história de graça mais surpreendente? A Bíblia possui na lei uma série de ritos de purificação para atestar a cura de um leproso. Mas, não há nenhum registro no antigo testamento sobre a cura de um leproso nos moldes da lei. Aqui, o que temos é o relato de um não judeu, que não está debaixo da lei, que receberá a sua cura sem qualquer necessidade de seguir os ritos da lei. A lei não cura! Isso me faz lembrar do centurião que pediu que Jesus curasse seu servo. “Basta uma palavra tua.” E foi que Eliseu fez! Uma palavra! A fé e a graça devem se encontrar.

5.A fé e a graça nos fazer reconhecer que só o Senhor é Deus
v.14-16 – Naamã ouve o conselho de seus servos para seguir a palavra do homem de Deus. Quantas vezes nos revoltamos com uma palavra ou um conselho dado porque queremos que as coisas aconteçam do nosso jeito? Mas, ele decide obedecer contrariado, mas a graça veio sobre Naamã. Ele está curado! Não há mais lepra! Não há mais isolamento social. Não há mais vergonha. Ele não precisa mais se esconder. Ele é um novo homem! É isso que a graça de Deus faz! ALELUIA! Você é restaurado. Deus restaura a sua condição de justo diante Dele por meio de Jesus Cristo. Naamã não sofrerá mais de lepra. Deus queria fazer uma obra no coração de Naamã e não apenas em sua pele. Uma vez que não havia nada que ele pudesse fazer, uma vez que sua arrogância foi quebrada, que os recursos não eram necessários, Naamã se rendeu a Deus e declarou: “eis que, agora reconheço que em toda a terra não há Deus, a não ser em Israel.” Isso é crescer na fé! A fé e a graça se encontraram e o poder de Deus se manifestou.

No amor de Cristo,
Pastor Rodrigo Rodrigues Lima

sábado, 20 de junho de 2020

Culto 21.06.2020 - Abraão: A fé que obedece a visão celestial

Abraão: A fé que obedece a visão celestial - Gênesis 12:1-9


Abraão: A fé que obedece a visão celestial
Gênesis 12:1-9

Estamos começando uma série com seis mensagens sob o tema CRESCENDO NA FÉ. Tanto para a salvação quanto para a caminhada da vida cristã, a fé no Deus e Pai que Jesus veio revelar não é como a fé de qualquer religião. Nas religiões em geral, você precisa ter fé para que algo se realize. Entenda-me bem. Também cremos que temos fé para que algo se realize, porém, a fé que pouco se fala e se busca é a que quero apresentar a você nessa série. A fé que quero apresentar vai muito mais além de ser simplesmente um meio de Deus fazer coisas por você. Na verdade, se trata de uma fé relacional e obediente. Enquanto muitos querem crer para receber, essa fé que venho apresentar a você é a que tem a ver com o crer para obedecer. Quero convidar você para viver uma fé na qual em sua vida Deus é o protagonista principal, onde não se trata do que Ele pode fazer por você, mas do que Ele decide fazer através de você. A fé na qual você ganha uma nova perspectiva de vida. Uma fé que é como um óculos e faz você enxergar o momento de hoje e sua vida como parte de um projeto eterno e que faz você parar de questionar, abraçar o que está vivendo obedientemente e viver as mudanças que Deus quer promover na sua vida. Uma fé que faz você olhar Ele e reconhecer que deve parar de resistir ao que Ele deseja fazer e abraçar o seu processo que visa fazer você perceber que Ele tem uma história e você está inserido nela.

Abraão, o pai da fé é o exemplo dessa fé obediente, na qual a sua caminhada com Deus, faz de Deus o protagonista principal quando este homem decide abraçar o seu processo e submeter a Deus. Que tipo de fé é essa?

1.A fé que faz renunciar tudo o que é terreno para abraçar o eterno. Fé que é renunciar tudo o que é material para abraçar o espiritual
v.1“Saia da sua terra, da sua parentela e da casa de seu pai” – Para os agricultores e pastores, a terra era a subsistência. Sair de sua terra é o mesmo que abrir mão tanto de sua fonte de renda e alimento, como renunciar a sua identidade. Sair do seio de sua família (parentela) é o mesmo que sair do lugar de segurança. Sair da casa de seu pai é o mesmo que renunciar à herança, isto é, o seu futuro garantido. Abrão está renunciando à segurança de sua subsistência, de sua proteção e de sua herança. Deus não informou à Abraão para onde deveria ir. O risco é muito grande. “Vá para a terra que lhe mostrarei”
– Abrão é chamado a renunciar para confiar obedientemente no que não pode controlar, viver num relacionamento obediente com aquele que não se poder ver e arriscar-se obedientemente numa terra sobre a qual nada se sabe.
Está ocorrendo aqui uma grande mudança porque ele está tomando uma grande decisão. A única coisa que Abrão pode fazer no momento é observar Deus no presente e se engajar com o que Deus está fazendo. Abrão foi impelido a crer na Palavra divina sem nenhuma garantia de que daria certo.

2.A fé que é apoiada nas promessas
v.2-3“Farei de você uma grande nação [...] Em ti serão benditas todas as famílias da terra” – Aqui uma promessa é dada e temos mais uma prova de fé. Sarai era estéril. Ele promete tornar Abrão grande. Ao renunciar todas as coisas, Abrão perde a reputação em sua terra natal, Deus promete que Ele será engrandecido na terra, muito mais do que poderia conseguir permanecendo em sua terra. Deus diz que Dele fará uma grande nação, sendo sua esposa estéril. Quando a Giovanna estava para nascer, o convênio ainda estava na carência para parto. O valor do cheque era de R$ 10.000,00. Se ela fosse para a UTI neonatal, o cheque compensaria no dia seguinte. Confiávamos que ela nasceria sem problemas. A obstetra nos dizia: “Ela será saudável. Dará tudo certo”. Confiados na palavra da médica, eu assinei aquele cheque. Abraão assina um cheque caução de sua própria vida. Ser um discípulo de Jesus é abraçar o convite Dele para uma jornada de fé com a sua vida. Deus está dizendo: “Assina o cheque caução porque eu garanto o sucesso do meu projeto na sua vida”.

3.A fé que tem muito mais a ver com a jornada do que com a chegada
v.4-5 – Abrão partiu! A fé é uma vida de obediência e confiança na estrada, o caminho. Uma vez definido que Abrão aceita obedecer a alguém que ele não pode controlar e nem ver e ir para um lugar sem saber onde é, ele diz “sim” às promessas e às ordens do Deus vivo, o Deus presente. Sabe o que é interessante? Aqui fica evidente que não se trata da história de Abrão, mas da história de Deus. Abraão dava início à participação do que Deus faria por ele e o ponto decisivo era a decisão de Abrão se aceitaria ou não ir. Ele começa sua jornada de fé para viver a história de Deus. Essa mudança era radical. Ele tinha setenta e cinco anos de idade, levou tudo o que possuía e foi obediente à visão celestial. Todos quantos quiserem conhecer a Deus de coração, enfrentarão processos e saiba que esses mesmos processos são, na verdade, a sua jornada de fé. Não tem atalhos! Abraão precisou caminhar, caminhar e caminhar errante morando de favor em terra que não lhe pertencia, indo ao Egito para não passar fome e tudo mais em sua jornada com uma única garantia: a promessa! A obediência de Abrão revela confiança e submissão. As pessoas que foram com Abrão, segundo os rabinos, foram aquelas persuadidas por ele a adorar o verdadeiro Deus. Enquanto você espera que Deus chegue logo ao resultado, ele está dizendo para você: “Observe a jornada”. A única coisa que Abrão pode fazer no momento é observar Deus no presente e se engajar com o que Deus está fazendo.

4.A fé que é a certeza das coisas que se esperam e convicção de fatos que não se veem
v.6-7 – Abrão chega à terra de Canaã. Tanto para o povo hebreu no futuro nos tempos de Moisés, quanto para nós cristãos no futuro eterno, Canaã representa a terra prometida. Mas, naquele momento Canaã será uma promessa futura para os descendentes de Abrão. Ele está na terra dos cananeus, em terra inimiga, mas o local não impediu que ele tivesse um encontro com Deus. A situação na qual se encontrava não o impedia de crer em Deus. Na verdade, fica claro que Abrão não está usando Deus, mas está permitindo Deus usá-lo para a história divina. Já começa a fé de Abrão a ter provas, mas Deus vai sinalizando mais de sua promessa. O que faz Abrão prosseguir é a Presença de Deus. A Presença de Deus é a realidade dominante e decisiva em toda a jornada de Abrão. Abrão creu além do que estava diante de seus olhos.

5.A fé obediente que faz você adorar pelo que Ele é mais do que pelo que Ele faz
v.8-9 – Mais uma vez Abrão edifica um altar. Por onde quer que ele passasse, um altar era estabelecido. O altar é um testemunho de sua confiança e dependência em relação à Palavra de Deus. Essa fé gera um espírito adorador na jornada. Enquanto crescemos na submissão e na obediência em cada etapa da jornada, edificamos um altar de adoração a Deus em nossas vidas. A gratidão pelo que não se vê é maior!

Isso é crescer na fé.
No amor de Cristo,
Pastor Rodrigo

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Transparência versus Vulnerabilidade - Por que alguns crescem e outros não em uma relação de discipulado/mentoria?

Por que alguns crescem e outros não em uma relação de discipulado/mentoria?

Transparência versus Vulnerabilidade

Você já se perguntou por que alguns crescem e outros não? Você já se questionou sobre o porquê o seu grupo de discipulado/mentoria não evolui o quanto esperava?

Numa relação de discipulado, o que em nossa igreja vínhamos chamando de mentoria, exige uma relação de profunda mutualidade. A mutualidade, por sua vez, requer vulnerabilidade.

Qual é a diferença entre transparência e vulnerabilidade?

Segundo o dicionário online dicio, transparência é a característica ou estado do que é transparente. Em sentido figurado transparência é a particularidade do que não possui duplo sentido; que se apresenta com clareza; limpidez.

Segundo o mesmo dicionário, vulnerabilidade é uma característica, particularidade ou estado que é vulnerável; qualidade que pode se encontrar vulnerável.

Como ambas se aplicam numa relação de discipulado/mentoria e o quanto elas são importantes? É importante que fique claro que vulnerabilidade não significa transparência.

Na transparência eu me revelo aos outros, no momento e do modo que eu escolher. Eu defino qual parte de mim permitirei que as pessoas conheçam. A transparência tem um aspecto seletivo de minha parte. Segundo o Dr Kevin Mannoia, na transparência “podemos mostrar às pessoas algumas coisas a nosso respeito como um meio de conquistar a confiança delas e manipular a resposta que elas podem dar.”

Na vulnerabilidade eu me coloco deliberadamente sob a influência de outras pessoas, submetendo-me à força delas. Eu concedo aos outros o direito de conhecer a dor de minha fraqueza e de cuidar de mim. Eu opto por permitir que os outros me conheçam, tenham acesso à minha vida, me ensinem e me influenciem.

No início do meu ministério eu tinha uma grande dificuldade com a pornografia. Não havia ainda uma cultura de graça entre nós para que eu me abrisse com alguém e confessasse o eu pecado e a minha luta. Foi aí que conheci o Pastor Marinho que se mostrou extremamente transparente para um grupo de pastores dando uma palestra sobre a importância de se participar de um grupo de pastoreio mútuo. Tão logo tive oportunidade, sentei-me com ele. Muito constrangido na ocasião, abri meu coração a ele. Ali pude ser vulnerável, pois, além de confessar meu pecado e não me justificar de nada, recebi instrução e fiz um compromisso diante de Deus de prestação de contas depois daquela reunião. Na transparência, quase sempre não existe expectativa de feedback por parte do discipulando, mas na vulnerabilidade o discipulando não apenas abre o coração, mas percebe a sua cura e libertação ansioso por feedback. Foi libertador para mim e houve uma profunda transformação na minha relação com Jesus desde então.

A grande “sacada” de um discipulado transformador está em que o discipulador/mentor também se faça vulnerável. Jesus se fez vulnerável com seus discípulos mais achegados. Não há máscaras de qualquer espécie e sempre se está aberto à correção para crescer. Discipuladores/mentores que não se fazem vulneráveis podem desenvolver um espírito de “salvadores” e se esgotarem com expectativas elevadas sobre si e os outros. Cuidado! Reconheça que você também é um discípulo.

Vale destacar que se recomenda um grupo de quatro pessoas ou três casais para um ambiente saudável de discipulado/mentoria. Quanto maior for o grupo, maior será a dificuldade de criar vínculos profundos e verdadeiros.

Se você é discipulador/mentor ou faz parte de um grupo numa relação de discipulado/mentoria, faça uma análise pessoal e avalie se você é transparente ou, também se faz vulnerável. Esse é o caminho para um discipulado saudável e transformador. Seja sincero com o seu grupo e avalie se é momento de estar ou não nessa relação, mas se estiver, entre de cabeça com o coração aberto! Seja vulnerável e não perca tempo! Sua vitória está a caminho.

No amor de Cristo,

Pastor Rodrigo Rodrigues Lima


Por uma cultura de capacitação que leva à excelência


Por uma cultura de capacitação que leva à excelência

Qual é a sua mentalidade?
Pude ler um livro chamado “Mindset” no qual a autora diferencia as pessoas com mentalidade fixa das pessoas com mentalidade de crescimento.
Pessoas com mentalidade fixa possuem dificuldade de crescer porque valorizam demais o resultado e associam ao crescimento as habilidades inatas. Errar não é bem aceito por essas pessoas. Para elas, os grandes talentos são privilegiados porque nasceram assim.
Pessoas de mentalidade de crescimento, por sua vez, aprenderam a valorizar o processo, e mesmo que não possuam habilidades inatas, elas se aplicarão em um esforço disciplinado para aprenderem determinada habilidade. Errar faz parte do processo. Esse processo consiste em aprender com os erros, refletir e aperfeiçoar porque existe um objetivo.
Em suma, a excelência é fruto do seu esforço e da sua dedicação.
Percebemos, portanto, que o crescimento tem a ver com a sua mentalidade.

Crescer tem um custo
Todo crescimento em qualquer competência possui um custo. Um grande médico é fruto de anos de dedicação e empenho. Ele precisou fazer muitas renúncias para ganhar todas as habilidades. Foram anos de leituras, participação de palestras, alguns anos de residência e conclusão. O principal elemento em todo esse custo foi o esforço.
O quanto você está disposto a pagar para crescer?

Vejamos cinco elementos necessários para você brilhar no que faz:

1. Espírito Ensinável
Esse é o primeiro e, talvez, o mais importante elemento daqueles que valorizam a capacitação constante.
O espírito ensinável exige humildade. Muitas vezes, a falta de resultados em nossas vidas é reflexo da ausência de humildade em admitir que estagnamos. Não iremos desfrutar da graça de Deus, que é a capacidade de produzir frutos, se não aprendermos a lição “Deus resiste ao orgulhoso e concede graça ao humilde”. O orgulhoso é aquele que nunca admite estar falhando em alguma área da sua vida. Ele considera a si mesmo o ícone da perfeição. O humilde é aquele que diariamente está buscando a perfeição, reconhecendo que precisa melhorar.
O que tem espírito ensinável é aberto à correção e transparente. David Kornfield dirá: “A pessoa aberta à correção é mais parecida com um pesquisador, um bandeirante forçando a entrada em novos campos, do que com uma enciclopédia de boas respostas. [...] Nosso crescimento é impedido quando mantemos uma máscara para parecermos com algo que não somos. Perdemos a simplicidade do coração aberto à correção. Gastamos energia em manter as aparências, em parecer alguém que de fato não somos. Não temos a liberdade e a alegria de saber que o Espírito tem mais para mostrar do que vimos até agora.”
Eu tenho um espírito ensinável?
Eu sou transparente e aberto à correção?

2. Garra
O segundo elemento é a garra. Angela Duckworth, psicóloga e professora da Universidade da Pensilvânia escreveu um livro chamado “Garra: o poder da paixão e da perseverança”. Ela desenvolveu uma pesquisa para concluir que a garra está na vida daqueles quem combinam perseverança com a paixão a longo prazo. Amar o que se faz é tudo! Garra é paixão e perseverança constante. Veja:

TALENTO + ESFORÇO = HABILIDADE. Muitos músicos podem desenvolver habilidades com esses dois elementos.

HABILIDADE + ESFORÇO = CONQUISTA. É aqui que você vai brilhar na equipe e no ministério.

Como desenvolver garra?

a) Preciso desenvolver interesse antes de trabalhar os obstáculos do crescimento.
O interesse é a semente da paixão.

b) Prática disciplinada
·  Ter objetivo claro, Qual é o meu objetivo?
·   Foco. Ter 100% o foco voltado naquilo que você deseja se tornar.
·  Feedback. Ter indicadores, mentor e pessoas que te ajudam a avaliar seu desenvolvimento. Veremos adiante
·  Refletir e aperfeiçoar. Ser ensinável e crescer

c) Cultivar o propósito
· O que faço beneficia a outras pessoas?
· O que faço glorifica a Deus e contribui para a missão?
· Há um significado duradouro no que faço?
· Propósito e garra caminham juntos.

d)  Mentalidade de crescimento
· Os desafios e as críticas são superados quando tenho a capacidade de crescer e aprender com os erros reconhecendo as minhas limitações e exercendo garra.
· NUNCA DESISTA EM UM DIA RUIM.

3. Indicadores e feedbacks
Outro elemento essencial do crescimento são os indicadores e os feedbacks.
Indicadores são ferramentas de avaliação que ajudam você a identificar suas áreas de força e áreas nas quais você precisa avançar. Você já parou para analisar o que leva um bom músico a mensurar sua própria evolução? Certa vez ouvi alguém dizer algo parecido com isso: “Se eu ficar um dia sem treinar, eu percebo a diferença. Se eu ficar dois dias sem treinar, a minha esposa perceberá a diferença. Se eu ficar três dias sem treinar, outros perceberão a diferença”.
Feedbacks são retornos avaliativos quanto ao meu desempenho. Eu preciso me colocar em um lugar de vulnerabilidade se desejo crescer. Muitos deixam de crescer porque possuem muitas carências emocionais e não sabem lidar com críticas. Esses não crescem e se vitimam transferindo responsabilidade sem perceber que o maior prejudicado pelo seu não crescimento é ele mesmo. Essas pessoas não se comprometem com um processo de crescimento.
É muito natural termos referências. Para que serve as referências? Elas são nada mais que modelos de paixão e a persistência, que a longo prazo, chegaram onde estão. Certamente são pessoas que sistematicamente usam indicadores e recebem constante feedback.
Quais são os indicadores que você utiliza para avaliar seu crescimento?
Quem são as pessoas que tem liberdade para lhe dar feedback?

4. Propósito
Por que eu treino? Olhando para uma equipe de futebol, podemos identificar que o propósito dos que treinam é ser campeão. Um cirurgião treina com o propósito último de salvar vidas. Um palestrante treina para ser mais assertivo em suas palestras. Por que você faz o que faz? Qual é o propósito? A cultura de capacitação se torna valor quando compreendo o meu propósito naquilo que faço.

5. Mentor. Aquele que nos conduz ao extraordinário
Uma definição de mentor: “Alguém que acredita em outra pessoa, enxerga possibilidades além do que ela percebe, apoia e nutre, desafia e levanta-a para seu pleno potencial dentro dos propósitos de Deus.”
Quando estive em Curitiba para o lançamento da Bíblia de Estudo do Discipulado, pude ouvir algo que levarei para a vida toda. David Kornfield compartilhou conosco que numa mentoria para avaliação, o seu mentor Edmund Chan lhe disse: “David, você tem 66 anos. Se você deseja alcançar a nova geração, precisa se reinventar.” Veja, David é escritor de vários livros, autor de uma bíblia de estudos, mas se expôs a um ambiente de vulnerabilidade onde o seu mentor pode dizer: “Você precisa se reinventar”. Aqueles que mais tem crescido são pessoas que recebem orientação de outros que podem contribuir com o crescimento dela.
Quem pode ajudar você a sair do ordinário (comum) e ir para o extraordinário em seu ministério/talento?

Valorize a cultura de capacitação. Quando você cresce, outros crescem com você. Priorize suas reuniões de mentoria. Priorize as reuniões de liderança. Busque cursos que agregarão ao seu ministério. O seu crescimento reflete no crescimento do Reino de Deus.

No amor de Cristo,
Pastor Rodrigo Rodrigues Lima