domingo, 5 de fevereiro de 2023

05/02/2023 - A genealogia de Jesus, O Rei - Mateus 1:1-17

A genealogia de Jesus, O Rei

Mateus 1:1-17

Vivemos numa geração que tem “cristianizado” ensinos e ritos do Antigo Testamento. Além disso, atualmente há uma expectativa equivocada de que o Reino de Deus se estabeleça em nações por meios políticos e sob o governo da igreja. Jesus não permitiu que isso acontecesse quando os judeus quiseram proclamá-lo rei. Esperava-se um messias político que os libertaria das garras do Império Romano, mas Jesus frustrou os seus planos. Então, como devemos atuar como agentes desse reino hoje?

Mateus vivia os desafios que enfrentamos hoje, isto é, a tentativa misturar ritos judaicos com a fé cristã, a mistura do cristianismo com práticas pagãs de outras religiões e a confusão quanto ao modo que os cristãos deveriam viver e se relacionar com a sociedade. O Reino de Deus é de uma lógica completamente invertida e perceberemos isso à medida que avançarmos a cada episódio da vida de Jesus e de seus ensinamentos.

O evangelho de Mateus oferece para a igreja cristã de todos os tempos três ferramentas indispensáveis: a) A defesa do evangelho contra a tentativa de judaizar a mensagem da graça, ou seja, usar ritos e ensinos da lei como meios para a salvação e a vivência da fé cristã, o que não cabe mais; b) Instruir os convertidos de todas as eras em como viver vida cristã sob os princípios e valores do Reino, de acordo com as atitudes e as palavras de Jesus; c) Como fazer um culto no qual Jesus é o centro da verdadeira adoração.

Mateus apresenta em todo o evangelho que Jesus é “O Messias” e que o Seu reino foi inaugurado. Assim nos perguntamos: Como vivem os súditos desse reino? Quais são os princípios éticos e a vida do Reino? Qual é a missão desse reino sob o governo do Messias? Quais as implicações desse reino entre nós? Como as pessoas do reino se relacionam entre si? Qual é o futuro desse reino? É o que nos propomos a expor ao longo deste ano.

No episódio de hoje abordaremos sobre a necessidade de uma genealogia. A genealogia era importante para os judeus. Era necessário comprovar que uma pessoa era de determinada linhagem, para que tivesse acesso à propriedade, herança, legalidade e direitos.

Se Mateus tem o propósito de revelar Jesus como o Cristo (Messias) e o Rei dos judeus, alguém com acesso a propriedade, herança, legalidade e direitos nesses termos de Rei, ele começa o seu evangelho mostrando a linhagem de Jesus a partir da linhagem real de Israel. Se Jesus é rei, deve haver provas de que Ele vem da família real reconhecido. Identificaremos aspectos da graça de Deus lições importantes a respeito da genealogia de Jesus.

 1.    Deus é o Senhor da história e tem propósitos eternos (v.17)

A graça de Deus é vista na história de três eras. É a história de Deus com o seu povo que nos traz aspectos importantes até à chegada do Messias.

Primeiro, o período de Abraão a Davi, marca a história primitiva. Foi o período dos patriarcas, e de Moisés, Josué e os juízes. Foi um período de peregrinação, de escravidão no Egito, de libertação, de tomada de aliança, estabelecimento da lei, conquistas e vitórias. Tudo isso apontava para Jesus. Moisés era um tipo de Cristo. A libertação da escravidão do Egito por Moisés apontava para a libertação da escravidão do pecado por Jesus. A antiga aliança preparava caminho para a nova aliança.

Segundo, o período de Davi até o cativeiro babilônico. Foi marcado pela monarquia com reis que, em sua maioria, conduziu o povo para longe de Deus e os colocou em apuros. Foi um período de declínio, apostasia e tragédia. Houve derrotas, conquistas, exílio, destruição de Jerusalém e do Templo. Apenas Davi, Josafá, Ezequias e Josias revelaram aspectos de uma fé em Deus. Entretanto, de Davi descenderia o rei cujo reinado será justo e eterno.

Terceiro, o período do cativeiro babilônico até o tempo de Cristo. Tempo de cativeiro, frustração e silêncio da parte de Deus. Um período envolta de grandes trevas. Foi a era das trevas de Israel.

É através da história do povo de Israel que Deus envia o nosso Salvador. É assim que o Messias continua irrompendo, invadindo subitamente e com ímpeto na história humana. Todos têm uma história de escravidão, e derrotas pelo pecado, de silêncio divino, e então, Ele entra na história de nossas vidas para ser o Deus Conosco! Deus é o Senhor da história e tem propósitos eternos!

 2.    Jesus se identifica com a humanidade para resgatá-la (v.1; 4-5)

Jesus é descendente de Davi. Quero destacar aqui a história do pecador Davi. Ele pecou terrivelmente ao cometer adultério com Bate-Seba e depois piorou a situação mandando matar Urias, seu esposo, para se casar com ela. Ele foi um guerreiro que matou muitos homens, o que lhe impediu de construir o templo (I Crônicas 22:8). Davi fracassou como pai. Seus filhos lutavam e matavam por poder. Jesus é descendente de Abraão. Embora um homem de fé, mentiu duas vezes sobre a sua esposa. Trouxe vergonha para Sara, para si e para Deus.

Um olhar mais atento sobre os descendentes de Abraão e de Davi, veremos que foram pessoas marcadas por infidelidade, imoralidade, idolatria e apostasia.

Além desses dois homens importantes na história dos judeus, Mateus inclui quatro mulheres de outras nações na genealogia.

Jesus é descendente de Tamar (Gênesis 38). Uma mulher estrangeira, viúva do filho primogênito de Judá, que engana seu sogro Judá, vestindo-se de prostituta para se deixar com ele e garantir a descendência do seu falecido esposo. Isso nos lembra do fracasso de Judá. Jesus é descendente de Raabe (Josué 2). Outra mulher estrangeira, que por profissão era prostituta e que havia protegido espias israelitas. Deus não apenas a poupou na destruição de Jericó como a colocou na linhagem messiânica, sendo mãe de Boaz que foi bisavô de Davi. Jesus é descendente de Rute, moabita (Rute 1:4). Ela renunciou a sua fé pagã para seguir Noemi e fez do Deus de sua sogra o seu Deus. Ela se tornou a bisavó do grande Rei Davi. Jesus é descendente de Bate-Seba (II Samuel 11). Apenas mencionada na genealogia como “aquela que tinha sido a mulher de Urias” (Mt 1:6).

Perceba que Jesus entra na história através de homens e mulheres com vidas marcadas pelo pecado. Vemos claramente a graça de Deus atuando e comunicando que Jesus veio para salvar e resgatar o que estava perdido. Talvez sua história seja de abominações e segredos que ninguém pode imaginar. Talvez você esteja carregando culpas passadas! Observe que Deus não ocultou a vida pregressa dos descendentes do Messias para revelar a Sua Graça, em que homens e mulheres com a vida marcada pelo pecado tiveram o privilégio de terem em sua descendência o Salvador da humanidade. Jesus se identifica com a humanidade para resgatá-la.

 3.    Jesus nasce de uma mulher (v.16)

Enquanto Mateus apresenta a genealogia de José, o pai de Jesus aos olhos da lei, Lucas dá a genealogia de Maria. Maria e José eram descendentes diretos de Davi. Para que se cumpra a promessa no que é chamado de protoevangelho, que é a primeira comunicação de Deus aos homens a respeito da salvação, conforme está escrito em Gênesis 3:15: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.” Jesus é o descendente aqui mencionado! Em Gálatas 4:4 Paulo destaca “Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher...”. Por que ele diz isso? Jesus é divino (como Filho de Deus) e humano como filho de Maria. Portanto, a divindade, a humanidade e a justiça de Cristo o qualificaram de maneira especial para ser o redentor do mundo.

 4.    Jesus é o Cristo (Messias) (v.1)

Na língua hebraica “mashah” significa unção. No Antigo Testamento, quando se separava uma pessoa para os ofícios de sacerdote, profeta ou rei, lhe ungia a cabeça com óleo da unção. Ninguém poderia oferecer um sacrifício aceitável a Deus pelos pecados dos homens, ou ministrar as coisas santas se não fosse um sacerdote ungido de Deus. Ninguém poderia promulgar leis justas e governar o reino com poder e autoridade se não fosse um rei ungido de Deus. Ninguém poderia profetizar e conduzir o povo aos ensinos da aliança se não fosse um profeta ungido de Deus.

Porém, o povo de Israel espera por um “Mashiach”, que significa a pessoa ungida. Eles aguardavam o único homem digno de ocupar os três ofícios, o único digno do título de Mashiach. O Antigo Testamento prometia a vinda do Justo Servo do Senhor (Isaías 42:1-9), que seria um profeta como Moisés (Deuteronômio 18:18-19), um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Salmo 110:4) e um Rei como Davi e seu reinado será eterno (Isaías 9:7). Jesus é o ungido que acumula os três ofícios. Ele é o Cristo (Messias). Só Ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores: o rei que governa o universo e o coração dos seus discípulos; Ele é o profeta, para instruir os homens no caminho por onde devem ir; Ele é o grande sumo sacerdote, para fazer expiação por nossos pecados. Mateus revela que Jesus é o Cristo, o prometido Rei e Libertador. Poderosa compreensão da genealogia de Jesus!

No amor de Cristo,

Rodrigo Rodrigues Lima, Pastor