sexta-feira, 22 de maio de 2020

VENCENDO A ANSIEDADE - I Reis 19:1-18


VENCENDO A ANSIEDADE
I Reis 19:1-18

A Organização Mundial de Saúde alertou no dia 14 de maio deste ano para o problema da saúde mental como consequência do momento que estamos enfrentando. O isolamento social, o medo do contágio, a perda de um parente, bem como a crise econômica como efeito colateral dessa pandemia tem afligido muitas pessoas em todo o mundo. A ansiedade, a depressão, o uso de substâncias causando transtornos, os profissionais de saúde que tem de lidar com o problema frente a frente tem causado muita aflição e angústia. Além disso, as crianças e adolescentes tiveram suas rotinas quebradas e forçadamente seus relacionamentos interpessoais nas escolas interrompido. Sem falar dos idosos que são as maiores vítimas dessa pandemia tanto pela vulnerabilidade quanto pela solidão agudizada pelo fato de não poderem receber visitas de seus familiares. Será que a Palavra de Deus pode nos ajudar? Olhando para as reações de Elias como consequência de sua ansiedade, veremos conselhos práticos para vencermos juntos essa pandemia.

1.Lembre-se dos feitos de Deus em sua vida nesses dias difíceis (v.1)
Jezabel recebe o relato de tudo o que Elias havia feito. Elias era um grande homem de Deus. Um homem que teve profundas experiências de fé. Foi sustentado por corvos, foi sustentado por uma viúva em tempos de fome, o que é um milagre. Desafiou os profetas de Baal e viu fogo descer do céu. Profetizou a chuva a Acabe após três anos de seca, após seu servo anunciar uma nuvem do tamanho da mão de um homem. Quantos testemunhos de milagres temos para contar! Milagres de provisão e bençãos de Deus. Todos nós temos alguma experiência marcante. Deus mudou? NA verdade, momentos de crise são oportunidades para termos grandes experiências com Deus. Jesus fez obras marcantes em sua vida e fará.

2.Confie no Senhor ante as más notícias e as circunstâncias difíceis, pois, elas são paralisantes (v.2-3a)
Jezabel, a pandemia de Elias, mandou intimidar o profeta. Ela enviou o mensageiro da má notícia. A notícia dizia: “Você vai morrer”. A reação do profeta foi medo. Naquele momento, Elias, que havia passado por tantas experiências gloriosas, temeu a má notícia. A sua ansiedade gerou aflição e angústia. Existe a ansiedade natural que se traduz em cuidado e zelo, mas existe a ansiedade que produz aflição e angústia. Um irmão compartilhou comigo que no início da pandemia estava se expondo o tempo todo aos noticiários negativos e estava percebendo que a ansiedade estava tomando conta do seu coração. Quando a ansiedade surge, damos as costas para Deus, pegamos nossos fardos e consideramos, pelo menos com nossas atitudes e gestos, que temos que resolver os nossos problemas. Aquele irmão estava temendo! Naquele momento Elias deu as costas para Deus. A preocupação de Elias o imobilizou.
O salmista diria para Elias: “Como é feliz aquele que teme o Senhor e tem grande prazer em seus mandamentos! Não temerá más notícias; seu coração está firme, confiante no Senhor.” Salmo 112:1;7.

3.Permaneça com a(s) pessoa(s) que Deus lhe deu e não se isole (v.3-4)
O medo paralisou Elias. Tudo o que ele pensa em fazer é fugir, abandonar seu servo e se isolar. É o que a ansiedade produz! Gary Collins, psicólogo que escreveu o livro Aconselhamento Cristão fala a respeito dos efeitos da ansiedade e quero neste trecho destacar duas:  A) Reações físicas: Dor de cabeça; irritação na pele; dores nas costas, falta de ar, distúrbios de sono, fadiga intensa, perda de apetite até entrar em colapso; B) Reações psicológicas: Redução de produtividade, não conseguindo fazer muita coisa; dificuldade de relacionamentos interpessoais (tendo problemas de expectativas em relação aos outros ou isolamento); Perda de criatividade, raciocínio e memorização. Perceba que Elias tem pelo menos duas reações: Ele foge para se isolar, abandona o seu servo e vai para o deserto.
Nesses dias muita gente está querendo renunciar ao cônjuge, os discípulos, a liderança, os filhos e abraçar as reações físicas e psicológicas da ansiedade. O que vai ser do servo de Elias? O que será da sua família? O que será das pessoas que seguem você? Não abandone sua família, seus discípulos e ministério por causa da ansiedade. Jesus está com você, ao seu lado, para vencer essa tempestade. Não desista do que Deus tem lhe confiado.

4.Resista à justiça própria através de aconselhamento, mentoria ou terapia e receba a graça de Deus (v.9-10;14)
A crise de Elias está se aprofundando. No seu diálogo com Deus quero que você perceba o tom: “Tenho sido zeloso”. Elias está dizendo que ele se esforçou para dar o seu melhor. De fato, ele deu o seu melhor quanto a fazer a vontade de Deus. Em seguida ele diz para Deus: “Os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada”. Ouço a justiça própria falando aqui: “Deus, até agora eu fui zeloso fazendo a sua vontade, mas assim como o Senhor não poupou os profetas da espada do povo que obedeceu a Jezabel, eu vou morrer também”. “Eu faço a vontade de Deus, mas Deus não faz o que tem que ser feito por mim”. Essa é também uma das reações da ansiedade como fruto de aflição e angústia, segundo Gary Collins. Essa é a chamada reação defensiva. Ela pode se manifestar das seguintes maneiras: fingir que a situação não está gerando ansiedade, dar uma explicação racional para os sintomas, jogar a culpa dos problemas em outra pessoa, desenvolver doenças físicas que desviam a atenção da ansiedade. Logo, buscam escape em coisas viciantes tais como álcool, tabaco, jogos e pornografia. Elias está culpando o povo bem como a Deus pelas mortes dos profetas e temendo por sua vida. A reação defensiva é muito comum quando estamos ansiosos. Agora veja também que o Senhor faz a pergunta a Elias: “O que fazes aqui Elias?” Perceba que alguém ouviu a Elias. Deus foi o conselheiro de Elias. O ano retrasado tive uma crise de ansiedade provocada por exaustão por causa da pressão que enfrentava no seminário. Tive uma reação defensiva diante da pressão e caí na justiça própria me sentindo sem apoio e injustiçado. Fui fazer terapia e tive aconselhamentos. Deus foi gracioso comigo e logo venci esse sentimento. As necessidades não satisfeitas, sejam elas econômicas, emocionais, segurança quanto à família, trabalho e futuro podem produzir aflição e angústia, frutos da ansiedade e nos levar a reações defensivas. Resista à justiça própria e evite reações defensivas. Renove a sua mente!

5.Cuide do seu corpo e de sua alimentação (v.5-6)
Mesmo com toda aquela crise, Deus não deixou Elias pelo caminho. Foi-lhe enviado um anjo que o alimentou e o guiou. Quando estamos tendo crise de ansiedade, precisamos ter anjos que nos ajudem. Aqui nessa passagem se trata de um ser celestial, mas não precisamos de seres celestiais para nos ajudarem a nos dar o que precisamos. Deus coloca pessoas para nos alimentar e nos guiar! O foco do anjo foi no aspecto físico de Elias. A ansiedade se manifestou em fadiga e falta de apetite. O nosso corpo é templo do Espírito Santo e deve ser administrado de maneira que Deus seja glorificado. Vamos zelar pelo templo do Espírito Santo. Aceite a ajuda daqueles que Deus colocar em sua vida.

6.Permaneça na Presença de Deus (v.8)
Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o Monte de Deus. Apesar de todo o seu esgotamento, Elias foi para a presença de Deus. Gary Collins apresenta outro tipo de reação muito comum em tempos de muita ansiedade, a reação espiritual. Ele dirá: “A ansiedade pode nos levar a buscar auxílio divino. Muitas pessoas se voltam para Deus em momentos de estresse. Entretanto, muita gente pode se afastar de Deus, justamente quando mais precisam Dele. Quando as pessoas estão cheias de preocupações e desesperadas com as pressões, elas param de orar, não conseguem ler a Bíblia, não acompanham os cultos, ficam amargas e acham que Deus está silencioso diante do sofrimento delas.” Deus convida você para estar em Sua Presença. Não se afaste!

7.Cumpra a agenda de Deus para a sua vida e seja benção na vida de outras pessoas. (v.15-18)
Após todo o processo, Deus manda Elias cumprir a sua missão. Deus manda Elias voltar às suas obrigações que não deveria ter parado. Para vencer a ansiedade, Gary Collins apresenta como solução a atitude de ajudar os outros: Ele diz que ajudar a levar a carga dos outros pode ser uma das MELHORES MANEIRAS de controlar e prevenir a ansiedade. Esse princípio é bíblico: “É dando que se recebe”. Elias volta a cumprir a agenda de Deus e a ser benção para as nações como profeta. Sirva a Deus e às pessoas. Doe-se e você vencerá a ansiedade.

No amor de Cristo,
Pastor Rodrigo Rodrigues Lima


sábado, 16 de maio de 2020

Lições no Mar de Tiberíades - João 21:1-14

Lições no Mar de Tiberíades

João 21:1-14

Como vencer a pandemia? A pandemia tem trazido muito prejuízo para todos nós. Mas, e aí? Ficaremos reclusos e lamuriosos? Vamos abraçar as crises emocionais? Vamos viver um eterno luto ou vamos negar a dor e o sofrimento? Toda a agenda 2020 foi frustrada. Empregos foram perdidos. Contratos não foram fechados. Setores forem fechados. Funcionários foram realocados. Dinheiro foi perdido. Projetos não saíram do papel. Parentes foram perdidos. É duro de aceitar, mas o que fazer agora?

Esse cenário de desolação me remete aos discípulos após a morte de Jesus. Sempre refleti a respeito dessa passagem e já preguei algumas vezes nela, com o foco em Pedro, mas Deus falou muito comigo e me deu novas lições que desejo compartilhar com você que nos ajudará nessa jornada de fé e esperança para vencer a pandemia. Tudo começou no mar de Tiberíades e parecia que terminaria ali mesmo. Lembre-se que o fim aponta para o começo de algo novo.

1ª Lição: Saiba escolher suas companhias e seja uma companhia saudável

Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. (v.2)

A lista dos discípulos pós-morte de Jesus reunidos apresenta uma ordem bastante reveladora, em minha opinião. Tomé é aquele que precisa ver para crer. Natanael é aquele que não espera coisa boa de Nazaré. Geralmente nos atraímos por pessoas que vivem e sentem o mesmo que nós. Nos cercamos de pessoas que estão no mesmo propósito. É sugestivo que um grupo de homens frustrados e decepcionados se juntem para alimentar mais as suas frustrações. Não há aqui qualquer intenção de reação positiva ante a morte do mestre.  Estão todos frustrados. Pergunto-me com quem tenho andando nesses dias de pandemia. Quem são as minhas companhias e o que elas contribuem para uma reação positiva? Pedro é o líder. Que tipo de líder, de marido, de pai, de pastor, de patrão eu sou no cenário de caos? Que tipo de pessoas eu atraio?

Você é povo de Deus, sal e luz nesse mundo. Você tem uma viva esperança. O nosso redentor está vivo. Vamos contagiar o ambiente! E, quanto ao dia a dia, vamos nos cercar daqueles que são luz e vivermos em missão para atrair outros para a luz.

2ª Lição: Mantenha o foco no propósito que Deus lhe deu

Simão Pedro disse aos outros: - Vou pescar. Os outros responderam: - Nós também vamos com você. Foram e entraram no barco, mas naquela noite, não pagaram nada. (v.3)

Aqui claramente vemos que Pedro havia perdido o seu propósito. Quando Jesus o chamou para ser discípulo, Pedro era muito autossuficiente e seguro de servir a Jesus do seu próprio jeito. Servir a Jesus do nosso jeito nos impede de entender claramente qual é o nosso propósito de vida. Entretanto, a crise é uma grande oportunidade para revelar que muitos discípulos servem a Jesus cheio de condições e controle e uma grande oportunidade para se render ao controle de Jesus (v.18). Pedro queria servir a Jesus do jeito dele: “Então Pedro disse: - O Senhor nunca lavará os meus pés!” (João 13:8). “Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: - que Deus não permita! Isso de modo nenhum irá lhe acontecer.” (Mateus 16:22). Pedro diz: “ – Vou pescar”. Mas, o que Jesus havia dito a ele? “ – Não tenha medo! De agora em diante você será pescador de gente”. (Lucas 5:10). Ouço Jesus dizendo: “De agora em diante você tem um propósito”! Entretanto, na crise, Pedro perde o foco de seu propósito. Ilustração: “Mantenha o foco” – carregar o cálice.

O texto deixa claro que eles não pescaram nada. Por quê? Posso dizer que ao perdermos o nosso foco e propósito trabalhamos muito e não produzimos nada. Até pessoas que estão conosco também ficam sem foco e caminham para a direção errada. A noite que é para ser de descanso, só torna um tempo de trabalho perdido. Quando perdemos o foco e o propósito, trabalhamos no escuro.

Se você não tem clareza do seu propósito, verdadeiramente você está perdido. Quem tem Jesus, possui um claro sentido de propósito e missão. Se você ainda não se entregou a Jesus, venha a Ele e sua vida terá um propósito.

3ª Lição: Ainda que não percebamos, Jesus sempre estará presente e a sua Presença é garantia de que algo acontecerá

Ao romper o dia, Jesus estava na praia, mas os discípulos não reconheceram que era ele. (v.4)

Jesus está na praia, mas os discípulos não o reconhecem. O desapontamento, a frustração, a falta de propósito e estar cercado de pessoas no mesmo espírito de descrença, nos cegam. Olhar para as circunstâncias, por mais difíceis que sejam, podem nos cegar quanto a perceber a presença de Jesus conosco. Mas, Jesus está presente e onde Ele se faz presente, sempre algo acontece. Tenha santa expectativa no Senhor

Você pode ser um instrumento de Jesus para pessoas desalentadas nesse mundo caótico. Muitos precisam ver Jesus ao lado deles e você e eu podemos manifestar Jesus. Veja o que Jesus disse: Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, benditos de meu Pai! Venham herdar o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo.  35Porque tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; eu era forasteiro, e vocês me hospedaram; 36eu estava nu, e vocês me vestiram; enfermo, e me visitaram; preso, e foram me ver.” 37 — Então os justos perguntarão: “Quando foi que vimos o senhor com fome e lhe demos de comer? Ou com sede e lhe demos de beber? 38E quando foi que vimos o senhor como forasteiro e o hospedamos? Ou nu e o vestimos? 39E quando foi que vimos o senhor enfermo ou preso e fomos visitá-lo?” 40 — O Rei, respondendo, lhes dirá: “Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram.” (Mateus 25:34-40)

 4ª Lição: Resgate em sua memória as preciosas experiências que teve com Jesus e lembre-se de que Ele ainda pode fazer hoje

Jesus lhes perguntou: - Filhos, será que vocês têm aí alguma coisa para comer? Eles responderam: - Não. (v.5)

Fora do propósito, eles não têm nada a oferecer a Jesus. Eles não têm nada para si mesmos. Por estarem fora do propósito porque olham para as circunstâncias, nem mesmos as poderosas experiências com Jesus lhes traziam esperança. Eles tiveram experiências de pescas maravilhosas. Viram a multiplicação de pães e peixes, mas naquele momento eles não tinham nada a oferecer. A crise tem a capacidade de cegar a nossa memória. Quantas experiências de milagres eles tiveram na presença de Jesus.

Traga à sua memória aquilo que lhe dá esperança! Se você ainda não teve experiências com Jesus, eu creio que essa é a oportunidade para você abrir o seu coração.

5ª Lição: Seja guiado pela Palavra de Deus dada a você e foque o propósito

Então Jesus disse: - Joguem a rede à direita do barco e vocês acharão. Assim o fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes. (v.6)

Jesus lhes dá uma palavra diretiva. “ – Joguem à rede do lado direito e vocês acharão”. Na Bíblia, o lado direito simboliza a justiça de Deus. O lado direito é o local onde ficam os justos. Faço aqui uma analogia. Pedro negou a Jesus! Os discípulos se afastaram de Jesus. A situação difícil na qual eles se encontravam ao ver Jesus sendo preso os conduziu a um afastamento. Veja que as situações difíceis podem ser um grande perigo que nos levam ao afastamento de Jesus. Eles o abandonaram no momento mais difícil. Esse momento difícil que estamos vivendo não pode ser desculpa para nos afastarmos de Jesus. Como nos afastamos de Jesus? Quando diz que não consegue ler a Bíblia e orar por causa da situação difícil, é um afastamento de Jesus. Entretanto, Jesus cria uma oportunidade para revelar-se! Entendo que jogar ao lado direito é o mesmo que dizer: “Eu justifico vocês que se afastaram por causa da dificuldade”. “Eu posso prover novamente”. Mas, o mais surpreendente desse verso é Jesus restaurando o propósito deles, pois, como ocorreu o chamado de Pedro? Veja Lucas 5:4-11. Jesus se revela no propósito, é preciso ser guiado pela Palavra de Jesus e manter-se no propósito. A palavra de Jesus àqueles pescadores era: “Vocês serão pescadores de gente”.

6ª Lição: Jesus quer ter intimidade com você

Ao saltarem em terra, viram ali umas brasas com peixe por cima; e também havia pão. [...] Jesus disse a eles: - Venham comer. Nenhum dos discípulos ousava perguntar: “Quem é você?” Porque sabiam que era o Senhor. Jesus veio, pegou o pão e deu a eles. (v.9; 12-13)

Jesus se revela e os alimenta. Comer em grupo é um símbolo de comunhão e intimidade. Jesus deseja ter profunda comunhão com os discípulos. Aqui Jesus está reestabelecendo a comunhão com os seus discípulos em meio a frustração. Em Apocalipse 3:20 Jesus faz um convite à igreja de Laodicéia a que eles abram a porta e banqueteiem com Ele. Jesus estava do lado de fora. Jesus servir pão e peixe aos seus discípulos. Jesus quer nos alimentar e revigorar a nossa fé. Jesus nos convida à intimidade.


sábado, 9 de maio de 2020

Um dia das mães aos pés da cruz - Lucas 19:25-27


Um dia das mães aos pés da cruz
Lucas 19:25-27

Certamente não será um Dia das Mães normal, mas atípico. Muitas mães estarão solitárias em casa para atender ao distanciamento social. Eu mesmo não estarei com minha mãe, pois, minha irmã e meu pai se enquadram no grupo de risco e entendemos que não devemos estar juntos.
Algumas mães e alguns filhos estarão em luto, pois, perderam um filho ou uma mãe para o COVID19. Vale relembrar o luto de muitos filhos que já não tem suas mães, mas a saudade aperta.
Entretanto, também será um dia das mães de alívio para outros, pois alguns outros venceram a enfermidade. Em suma, todos sofreram ou tem sofrido nessa realidade.  
Na crucificação de Jesus encontramos a mãe impotente, o filho agonizante e o sofrimento se impondo no mesmo espaço. Temos aqui uma palavra para esse dia das mães em tempos de COVID19. 

1.A mãe está presente no sofrimento. E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã dela, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena.” (v.25)
Minha mãe e agora minha esposa dizem: “Mãe parece uma palavra doce. Não sai da boca das crianças.” Não é verdade? Claro que é. “Mãe. Manhê. Mainha. Mamãe.” Seja como for, sempre que você se machuca, está triste ou aflito, a mãe está aí em seu sofrimento para ouvir, afirmar e encorajar você. Maria está presente no sofrimento de seu filho. Enquanto a maioria esmagadora de seus discípulos estão dispersos, sua mãe está presente. Graças a Deus por nossas mães. Elas sempre estarão conosco em nosso sofrimento.
Os últimos instantes de Jesus apontam para a realidade de muitas mães nessa pandemia, pois, o antinatural está presente nos últimos momentos de Jesus. A mãe está sepultando o filho. 

2.Jesus ampara a mãe e o discípulo que está aos pés da cruz. “Vendo Jesus a sua mãe e junto dela o discípulo amado, disse: — Mulher, eis aí o seu filho.” (v.26-27)
O texto não diz claramente, mas possivelmente Maria fosse viúva. José não estava presente na crucificação e Jesus incumbe seu discípulo amado de cuidar de sua mãe. Segundo a cultura judaica, cabia ao filho mais velho cuidar de sua mãe viúva. Jesus era o primogênito de Maria, mas agora está morrendo. Certamente ele tinha outros irmãos de sangue, mas como irmão mais velho poderia ditar um “testamento oral” e nele declarar quem dela cuidaria.
Para Maria é uma dor terrível ao ver seu filho morrer injustamente.
Tem muitas mães de filhos mortos vivos, escravos de vícios ou maridos abusivos. Filhos e filhas que fizeram escolhas trazendo mais sofrimento e consequentemente fazendo o coração de suas mães sofrerem. Quantas mães sofrendo.
Veja que é aos pés da cruz que Maria encontra sofrimento e consolo. A cruz é símbolo de dor, mas também é a prova do amor de Deus e o antegozo da glória. A cruz precede a vitória da ressurreição. Na cruz, Maria recebeu amparo de Jesus. Ele disse: “mulher, eis aí o seu filho”, portanto, você não estará só.
Nesses tempos de sofrimento o convite é para irmos aos pés da cruz. Jesus amparará toda mãe e todo filho que estiver aos pés da cruz. Veja que o discipulado amado também encontra amparo. “Depois, disse ao discípulo: — Eis aí a sua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.”

Aos pés da cruz encontramos consolo, mas também recebemos responsabilidades. Jesus nos convida a acolher as pessoas que estão precisando de nossos cuidados espirituais, emocionais e materiais. Estar aos pés da cruz é ter um encontro com a necessidade humana.

Tenhamos um dia das mães aos pés da cruz porque Nele encontraremos o Jesus que sente a nossa dor, consola o coração aflito e provê amparo aos desvalidos. 

Feliz dia das mães.
Rodrigo Rodrigues Lima, Pastor
Igreja Metodista Livre de Vila Moraes

sábado, 2 de maio de 2020

MINISTÉRIO FEMININO NA IGREJA PODE?! ESTÁ NA BÍBLIA?


MINISTÉRIO FEMININO NA IGREJA PODE?! ESTÁ NA BÍBLIA?

O ministério feminino na igreja pode sim e está na Bíblia.
Vamos sistematizar a resposta a respeito deste tema tão importante. Existem algumas posições distintas a respeito do tema.

Existem pessoas que fazem uma leitura literal da Bíblia, isto é, sem considerar o contexto no qual foi escrita e entendem que a mulher não pode exercer qualquer ministério na igreja local. Existem outros que reconhecem o ministério feminino, mas não aceitam a ordenação feminina, portanto, não reconhecem pastoras ordenadas. E aí? Pode ou não pode?

Não fazer uma análise do contexto histórico cultural no qual as mulheres viviam é ignorar uma realidade de opressão, ódio e desprezo a elas. A posição de uma mulher era inferior aos homens em todos os aspectos. A sociedade israelita do Antigo Testamento era extremamente patriarcal. Um ditado rabínico afirmava que todo homem devia agradecer diariamente a Deus por não ter nascido mulher, nem pagão e nem operário. Alguns rabinos chegaram ao extremo de considerar que a mulher não possuía alma e que era preferível queimar a Lei do que ensiná-la a uma mulher. Em livros apócrifos dizem: “o Testamento dos Patriarcas dificilmente as vê (mulheres) como algo além de dar ensejo à fornicação.”

Esperar que as mulheres tenham espaço para ordenação ao ministério nesse período de tanta opressão e preconceito é impensável. Podemos perceber claramente que desafiar o status quo (a situação atual) poderia causar muito mais perseguição para a igreja. O mesmo se aplica à questão da escravidão e Paulo recomendava aos escravos: “ – Escravos, obedeçam em tudo a seus senhores aqui na terra, não servindo apenas quando estão sendo vigiados, visando somente agradar pessoas, mas com sinceridade de coração, temendo ao Senhor.” (Colossenses 3:22). Concluímos, por essa razão, que a Bíblia é a favor da escravidão? É óbvio que não. Paulo diz expressamente: “Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28). É claro que Paulo está tratando da salvação neste trecho, mas a salvação envolve a restauração da imagem de Deus, o projeto original antes da queda do homem.

Olhando para Jesus e sua relação com as mulheres, a sua obra redentora e o derramamento do Espírito Santo, como devemos ver a mulher na nova aliança e como interpretar passagens bíblicas em que Paulo ordena que elas permaneçam em silêncio? Deus não faz distinção entre homem e mulher. Por isso, homem e mulher desfrutam de igualdade diante de Deus e ambos podem exercer o ministério pastoral ordenado. Por quê?

a)   Porque a criação fundamenta isso.
“Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: - Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra e sujeitem-na. Tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.” (Gênesis 1:27-28). Perceba que desde a criação o homem e a mulher desfrutam da imagem divina e possuem o mesmo domínio sobre a criação. Na criação, homens e mulheres possuem igualdade.  
Quando o domínio do homem veio sobre a mulher? Após a QUEDA! Veja o que Deus diz: “O seu desejo será para o eu marido, e ele a governará.” (Gênesis 3:16b). Podemos afirmar que isso foi uma consequência do pecado e não reflete o projeto original antes da queda.

b)  Porque Jesus afirma essa igualdade
Tudo o que Jesus fez deve modelar a vida dos seus discípulos e de sua igreja. Jesus nasceu de uma mulher (Gálatas 4:4). Nos quatro evangelhos, as mulheres participam do Reino promovido por Jesus, mas de uma forma ativa e engajada. Jesus aparece curando e restaurando a dignidade de mulheres, transmitindo-lhes ensinamentos acerca de relações familiares, étnicas, econômicas e sociais. Elas são retiradas de um contexto de doença, opressão e exclusão e são inseridas ativamente no seguimento, discipulado, ensino e prática de transformação. Mulheres pobres, viúvas, divorciadas ou solitárias foram acolhidas por Jesus. I) A Sogra de Pedro é curada e passa a servir a Jesus (Marcos 1:29-31). No judaísmo, não era recomendado que mulheres servissem à mesa para não se acostumarem entre os homens. O serviço dela mostra sua gratidão, mas também revela que ela se tornará uma discípula de Jesus e viverá dentro de uma nova comunidade não marcada pela hierarquia, mas pelo serviço mútuo revelando a igualdade entre homens e mulheres no Reino, no qual o serviço é o ideal de discipulado de Jesus. II) A mulher que sofria de hemorragia há 12 anos (Marcos 5:25-34). Ela vivia à margem da sociedade, que no contexto religioso, a considerava impura. Tudo o que ela tocasse também se tornaria impuro. Jesus rompe diversas barreiras com aquela mulher. Ao ser tocado por ela Jesus: a) Rompe com o mito da contaminação, pois ela é curada; b) Jesus a faz falar em público. Mulheres não podiam falar em público até mesmo com os seus maridos; c) Jesus restaura a dignidade dela como mulher. Ela poderá ter filhos, pois não sofrerá mais dessa hemorragia; Ela poderá viver em sociedade, pois, Jesus a cura de uma doença que marginalizava. III) A mulher siro-fenícia (Marcos 7:24-30). Jesus atende ao pedido de uma mulher não judia e cura a sua filha. As mulheres de outras nações eram tidas como animais. IV) A mulher samaritana (João 4:1-42). Jesus fala com uma mulher publicamente. Jesus se dirige a alguém que é de Samaria. Seus discípulos ficam pasmos. Muitos crerão nele em Samaria por causa do testemunho dela. V) A viúva pobre (Marcos 12:41-44). Essa mulher era marginalizada por duas razões: a) Ela era viúva; b) Ela era pobre. Ela é um exemplo de abnegação e exemplifica o modelo de discipulado que espera de nós. Além de trazer destaque público a ela como exemplo de verdadeira espiritualidade e adoração. VI) A mulher que unge Jesus em Betânia (Marcos 14:3-9). Essa mulher invade um espaço tipicamente masculino e serve a Jesus. VII) A morte, o sepultamento, a ressurreição de Jesus e as mulheres (Marcos 15:40-11; 16:1-11). Diferentemente de boa parte dos discípulos acovardados, elas permanecerão aos pés de Jesus na crucificação, buscarão embalsamar o corpo dele, o verão ressurreto primeiro e anunciarão em primeira mão a Sua ressurreição.

Assim, Jesus põe fim à maldição da queda, introduz as mulheres em seu Reino e traz a elas a benção da igualdade tal qual na criação. Stott afirma que: “[...] a igualdade sexual, estabelecida na criação, mas pervertida pela queda, foi recuperada pela redenção, que está em Cristo. O que a redenção soluciona é a queda, o que ela recupera e restabelece é a criação.” Portanto, Jesus restaura a imagem de Deus e torna a todos participantes de sua graça.”

c) Porque a descida do Espírito Santo e a distribuição de dons atestam essa igualdade
“E acontecerá, depois disso, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus velhos sonharão, e os seus jovens terão visões. Até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.” (Joel 2:28-29)
O texto é claro! O Espírito Santo não faz distinção de gêneros. Quando diz “toda a humanidade” inclui mulheres e até escravas. Fala-se dos dons espirituais como evidência, o que independente de gênero. “Felipe tinha quatro filhas solteiras que profetizavam. (Atos 21:9). As mulheres profetizavam, e por uma questão situacional em Corinto, usavam o véu: Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua própria cabeça.” (I Coríntios 11:5). Vale ressaltar que na lista dos dons espirituais, não há qualquer distinção de gênero na distribuição deles. “E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos, A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso.” (I Coríntios 12:6-7) e, o mesmo afirmo para Efésios 4:11-12 que diz: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo.” A política do Reino de Deus não está estruturada sob uma hierarquia, mas sob o serviço totalmente igualitário.

d) Porque Paulo afirma essa igualdade
“Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28). Todos agora são filhos e filhas de Deus sem qualquer preconceito ou distinção.

Claro que igualdade não significa ser igual. Não se trata de identidade, mas complementaridade. Homem é homem e mulher é mulher. Ambos se complementam e não são inferiores um ao outro. Portanto, reconhecemos nossas diferenças e nos complementamos. Essa complementaridade está em Gênesis 2, antes da Queda, mas não é o foco desse estudo no momento e que deixa claro que não deve haver machismo e nem feminismo. Assunto para outro momento “Pergunte ao Pastor”.

Mas, como harmonizar passagens nas quais Paulo fala de sujeição da mulher ao homem, sendo o homem o cabeça? Isso não impediria uma mulher de ser pastora e impedir que ela lidere sobre homens?

Vamos focar na primeira pergunta, que muitos usam como argumento para que a mulher não lidere a igreja constituída de homens.
A questão da sujeição é apresentada por Paulo na perspectiva da mutualidade. Ele diz: Sujeitem-se uns aos outros no temor de Cristo.” (Efésios 5:21). O marido como cabeça nesse modelo se sujeição mútua não exerce liderança por meio de autoritarismo ou inferiorizando da mulher, mas se lermos o texto atentamente, esse “ser o cabeça” é uma responsabilidade segundo o exemplo de Cristo. Responsabilidade de amor sacrificial (Efésios 5:25-26) e responsabilidade de cuidado zelando pela esposa como se estivesse cuidando do seu próprio corpo tal qual Cristo faz ao nutrir a igreja, seu Corpo (Efésios 5:28-31). É uma relação de serviço. Ser o cabeça é servir! A sujeição da mulher também é serviço (Efésios 5:24). Em um ambiente de sujeição mútua, as decisões são compartilhadas. Está mais que evidente que não se trata de controle e nem de autoritarismo porque em Cristo houve a restauração da perspectiva de Deus para o papel do homem e da mulher à luz da criação.

Mas, o que Paulo quer dizer com “permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas” e “não [...] tenha autoridade sobre o homem” (I Coríntios 14:34; I Timóteo 2:12). Relembre que Cristo deu dons a todo o corpo e o Espírito foi derramado sobre toda a humanidade, logo, não apenas a homens. Vamos ver um pouco mais detalhado ambos os textos?

a) I Coríntios 14:3-5; 26; 40
Paulo escreve sua carta à igreja de Corinto. Em I Coríntios 11:5 ele ordena às mulheres que oram e profetizam, a usarem o véu, o que tratava de uma questão cultural. PAULO NÃO PROIBE AS MULHERES QUE PROFETIZEM OU OREM PUBLICAMENTE. Logo, I Coríntios 14, como vemos nos versos 26 e 40 trata de uma orientação para que haja ordem no culto. As mulheres, de modo geral, não eram instruídas e falavam muito interrompendo os momentos de instrução nos cultos com perguntas distraindo a congregação e perturbando a ordem. Ele orienta que deixem para tirar suas dúvidas em casa e não durante o culto (v.35). A igreja de Corinto era muito conturbada, haja vista o tumulto na Santa Ceia (I Coríntios 11:17-34). Esse procedimento tumultuoso das mulheres constituía-se uma vergonha para elas. Nos cultos em Corinto, Paulo quer ordem porque Deus é Deus de ordem e paz (I Coríntios 14:33). Se a intenção de Paulo fosse a proibição às mulheres, não deveria haver uma orientação na mesma carta à postura das que profetizam e oram no culto (I Coríntios 11:5) nesse sentindo? Portanto, concluímos que o foco principal é a ordem por razões específicas já mencionadas. O texto precisa ser lido à luz da criação, da relação de Jesus com as mulheres e o derramamento do Espírito sobre a igreja. Não há nada na lei que proíba as mulheres de falarem e já temos compreendido que a sujeição entre a mulher e o homem é mútua em todos os aspectos. Jesus dava voz às mulheres.

b) I Timóteo 2:11-15
Mais uma vez o texto está abordando a adoração pública. Vale ressaltar que era proibido às mulheres estarem nos mesmos ambientes que os homens. As igrejas eram nas casas. A cultura greco-romana não aceitava que as mulheres fossem instruídas. Entretanto, Paulo sabia da importância e da necessidade da instrução às mulheres a respeito do Evangelho e das Escrituras, pois a pouca instrução as tornava presas fáceis de falsos mestres. O analfabetismo entre mulheres era elevadíssimo. Portanto, era uma grande inovação permitir que as mulheres participassem das reuniões em Éfeso. O preconceito com as mulheres era muito grande. Portanto, a atitude de Paulo para esse contexto é tanto de inclusão das mulheres quanto de proteção para a igreja. Por quê? I) De modo geral elas não eram instruídas nas Escrituras; II) Havia muito erro sendo disseminado nas igrejas de Éfeso (I Timóteo 1:3-7), o que as tornava presas fáceis para as heresias; III) Elas poderiam disseminar mais rapidamente as heresias (I Timóteo 5:13; II Timóteo 3:6). Para aquele contexto foi necessário a recomendação, isto é, aprender em silêncio pelas razões já mencionadas.
Agora, se quisermos ler essa passagem em sentido literal e aplicá-lo aos dias atuais, proibindo que as mulheres ensinem e sejam pastoras, então, por que não aplicar integralmente proibindo que as mulheres façam seus cabelos e se adornem? Por que não promover o constrangimento para com aquelas que não conseguem engravidar? Levando mais adiante a hermenêutica literal em I Timóteo, então, os homens precisariam sempre levantar as mãos para orar (I Timóteo 2:8; 15).
Quanto a Paulo mencionar Eva como enganada não é um acréscimo à instrução. Reforça apenas uma perspectiva cultural na qual ele mesmo estava inserido.

Quando lemos sua carta aos Romanos no capítulo 16, vemos Paulo destacando muitas mulheres importantes para a vida da igreja. Das 25 pessoas citadas por ele, 1/3 são mulheres. Havia mulheres tão fortes na liderança como Priscila, que seu nome é mencionado primeiro e de seu marido depois, o que é incomum para aquele tempo (Romanos 16:3). Febe era uma diaconisa da igreja (v.1). Ele saúda Trifena e Trifosa, as quais trabalham no Senhor. Júnias (v.7) era mulher e poderia ter sido uma apóstola, uma espécie de missionária.

Podemos concluir que mulheres podem ser ordenadas?

1. A mensagem do Evangelho é única
As mulheres não pregam nada que difere em conteúdo da mensagem pregada pelos homens. Aliás, relembrando o que já mencionamos, elas testemunharam da ressurreição em primeira mão e espalharam a notícia. A mulher samaritana testemunhou a respeito de Jesus e muitos creram. Qual é o teor da mensagem de Jesus? Tão somente o que elas anunciaram como testemunhas oculares, o mesmo que os apóstolos. A autoridade dos ministros de Deus é a própria mensagem. O foco é o conteúdo que é imutável. Por essa razão, elas podem e devem ser ministras do Evangelho. Hoje, as mulheres usufruem das mesmas oportunidades de instrução que os homens, algo que dentro do contexto de Éfeso não era possível. Infelizmente, atualmente muitos homens têm corrompido a mensagem, enquanto muitas mulheres tem sido fiéis a todo o desígnio de Deus. Talvez, se tivéssemos um Paulo no século XXI, em muitas igrejas ele diria: “Ordeno que os homens fiquem em silêncio”. As mulheres na liderança de nossas igrejas estão tão habilitadas quanto os homens e não se comparam em conhecimento e preparo das mulheres analfabetas e vítimas de preconceitos em Éfeso.  
2. A liderança no Reino de Deus é em equipe
Jesus deixou evidente que liderança no Reino é serviço. Portanto, a distinção de gênero é irrelevante. Liderança no Reino, segundo o modelo de Jesus, é coletividade. Jesus levantou 12. Uma mulher pode perfeitamente liderar com uma equipe. Nessa equipe, conforme vemos I Coríntios 11, 12, 13 e 14 precisa fluir os dons e não há distinção de gênero na distribuição dos mesmos pelo Espírito Santo.  Logo, as mulheres também podem ser ordenadas e liderarem em equipe como devem ou deveriam fazer os homens. A liderança masculina, que não é em equipe e autoritária, é antibíblica e fora dos padrões do Reino de Deus. A sujeição da liderança na igreja é mútua. Não há maiorais no Corpo de Cristo (incluindo homens e mulheres). Que maior seja o menor e servo de todos. O sacerdócio agora é universal de todos os crentes (I Pedro 2:9).

3. Humildade
Assim como o homem, a mulher deve ser humilde. Se o nosso modelo de liderança humilde é Cristo, estariam as mulheres desqualificadas?

Para concluir, menciono o que a Igreja Metodista Livre diz a respeito do tema:

Os metodistas livres reconhecem que Deus concede dons espirituais de serviço e liderança tanto a homens como a mulheres. Visto que homem e mulher são ambos criados à imagem de Deus, tal imagem é mais plenamente refletida quando ambos, mulheres e homens, trabalham em união em todos os níveis da Igreja. Portanto, todas as posições na Igreja são acessíveis a todos que Deus chamar.

Rodrigo Rodrigues Lima