sexta-feira, 2 de abril de 2021

02.04.2021 - Por um ministério vibrante - Gênesis 2

 Por um ministério vibrante

Gênesis 2

Pastorear e manter um ritmo contínuo de revitalização da igreja local é um gracioso desafio. Temos uma vocação que queima em nossos corações. O dom é uma chama que precisa constantemente estar alimentada para não apagar.

Lendo o capítulo dois de Gênesis, que relata o descanso de Deus, a gênese da terra, a formação do homem e da mulher, encontro três princípios essenciais para mantermos nosso ministério vibrante e a chama do dom sempre acesa.

1.      Descanso (Gênesis 2:2)

O verbo descansar mencionado nesta passagem pode ser traduzido por celebrar. O descanso tem a ver com a celebração do trabalho devidamente planejado, ordenado e realizado (Levítico 23:32). Deus concluiu e celebrou.

Nós pastores temos dificuldades com o descanso e encontramos facilmente uma lista de justificativas para não colocar em prática essa disciplina. Temos desculpas razoáveis. Um ministério na igreja que está sem alguém para liderar, a preocupação com o que as pessoas pensarão se nos virem desfrutar. Há uma história que diz:

“Certa vez um pastor tirou férias e foi para a praia. Caminhando na areia branca, foi reconhecido por um irmão que lhe disse: - ‘Pastor, o senhor aqui na praia? Sabia que o diabo não descansa?’ – ao que o pastor lhe respondeu: - ‘Sim meu filho! Por isso, ele o enviou para me perturbar’”. É cômico, para não dizer trágico.

Entretanto, o descanso é divino. O descanso é bíblico. O descanso é espiritual. O descanso é necessário.

Precisamos avaliar a nossa vocação à luz da vocação de Jesus. Ele não era apressado e tinha uma profunda compreensão de sua missão. O descanso era vital para o ritmo que ele tinha. O ócio contribui para o aumento da criatividade e auxilia o corpo a produzir proteínas e hormônios essenciais para estarmos saudáveis e vibrantes no exercício do labor pastoral.

Confesso que por muito tempo fui assolado pelo ativismo. O ativismo quase sempre é a expressão de algum sentimento oculto não resolvido. Ele pode estar escondendo a rejeição e o medo de ser rejeitado. Então, buscamos aprovação dos outros sabotando a nós mesmos e negligenciando a beleza e a sanidade do dizer “não”.

Se você não tem conseguido descansar, certamente tem lhe faltado a alegria no ministério ou está em vias de. Pergunte-se a si mesmo: “Eu tenho experimentado o verdadeiro descanso todos os dias? Tenho concluído aquilo que tenho planejado e ordenado para poder celebrar? Em quais áreas de minha vida existem pendências que geram um sentimento de incompletude e me impedem de descansar e celebrar? O que meu ativismo pode estar mascarando?”

Lembre-se, o descanso é divino, é bíblico, é espiritual e necessário.

2.      Todo trabalho é um culto. O labor pastoral é um culto a Deus (Gênesis 2:15)

A palavra cultivar vem do hebraico ABAD que significa servir, ministrar, lavrar e trabalhar. Também pode ser traduzida por culto. Tanto em inglês quanto em espanhol, a palavra usada para se referir às reuniões de culto é serviço. Serviço a Deus! Culto, cultivo. Alguns correspondentes em outras passagens:

“e cumpram seus deveres para com ele e para com todo o povo, diante da tenda do encontro, para ministrarem (abad) no tabernáculo. Portanto, você entregará os levitas a Arão e a seus filhos; de todos os filhos de Israel, os levitas são dedicados ao serviço de Arão.” Números 3:7-8

“Não adore (abad) essas coisas, nem preste culto (abad) a elas, porque eu, o Senhor, seu Deus, sou zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” Deuteronômio 5:9

Sirvam (abad) o Senhor com temor e alegrem-se nele com tremor.” Salmo 2:11

O trabalho, o cultivo e o ministrar ao Senhor em culto estão intimamente ligados. Tanto a relação de cuidado com a terra (trabalho) quanto o cuidado com o templo falam de uma perspectiva integral de adoração a Deus. Paulo escreve aos colossenses, especialmente aos escravos cristãos: “Tudo o que fizerem, façam de todo coração, como para o Senhor e não para as pessoas, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.” Colossenses 3:23-25

Numa dimensão mais ampla, tudo o que fazemos é um culto, um serviço a Deus. O cristão vive integralmente ao Senhor fazendo de suas tarefas um culto ao Senhor.

Mas, vamos refletir um pouco. Quantos pastores, lá no íntimo de seus corações, se sentem em um verdadeiro inferno? Não é para menos. Muitas lideranças não facilitam o labor pastoral. O autor aos Hebreus aconselhou às igrejas escrevendo: “Obedeçam aos seus líderes e sejam submissos a eles, pois zelam pela alma de vocês, como quem deve prestar contas. Que eles possam fazer isto com alegria e não gemendo; do contrário, isso não trará proveito nenhum para vocês”. Hebreus 13:17.

Em outros casos, pastores deixaram de amar profundamente o local onde Deus os colocou e estão expectantes por uma oportunidade de Deus para ir a um outro lugar  movidos por frustração e esgotamento. A tendência é perdermos a alegria pela igreja que pastoreamos e até ficarmos azedos com a instituição que pertencemos.

De todos os pastores revitalizadores que já ouvi, uma fala é uníssona e muito clara: “Ame o lugar onde Deus o colocou”. Em outras palavras, tenha prazer onde está. Faça do local onde Deus o colocou um "lugar de delícias".

Eu lhe pergunto: Seu trabalho é um Éden?

Éden significa lugar de delícias. Cultivar o solo do jardim certamente deveria ser algo prazeroso numa terra de delícias. Creio que Deus tinha em mente que o trabalho deveria associar adoração a Ele com prazer ao homem.

Deus quer que exista algo de significativo e prazeroso no trabalho. O homem foi criado para cumprir a vontade de Deus e é nisso que está o seu prazer. Trabalhar naquilo para o que você foi criado, desenvolvendo e exercendo as habilidades que Deus lhe deu devem o levar a uma vida plena consigo mesmo e com Deus.

Tenho descoberto que posso transformar meu trabalho em um Éden.

Creio que, de tempos em tempos, precisamos aceitar o convite de Deus para fazer um balanço dos nossos sentimentos e motivações e recalibrar a nossa vocação para resgatar a paixão por Ele e por aquilo que Ele nos confiou. Faça do seu ministério um culto e “transforme”, ou veja a sua igreja local em um Éden. Pergunte-se a si mesmo: Como o meu trabalho extrai o máximo do potencial de meus dons e habilidades? Como posso encarar o meu trabalho como um ato de culto a Deus e ter prazer ao mesmo tempo? Como posso transformar ou ver a igreja local que pastoreio em um Éden?


3.      Sozinho não (Gênesis 2:18)

Estamos falando de princípios para mantermos nosso ministério vibrante. Por isso, vou abordar duas realidades: a) A realidade de pessoas vocacionadas para o ministério casadas; b) A realidade de pessoas vocacionadas para o ministério solteiras.

a)      A realidade de pessoas vocacionadas para o ministério casadas

Não é bom que o homem esteja só! A solidão não é boa para o homem e nem para a mulher.

Nesta passagem vemos que o homem tinha a responsabilidade de cultivar e guardar o jardim. Deus viu que o homem precisava de ajuda, por isso, lhe faz uma auxiliadora.

Não é por acaso que a mulher será formada da costela, isto é, de um dos lados do homem e vista como "da mesma carne", ou seja, uma só carne (v.24)! Ela é auxiliadora! Ela completará o homem estando ao seu lado e este não estará só. É Deus quem leva a mulher até o homem (v.22). O princípio se aplica tanto a homens quanto a mulheres (pastoras) no exercício do ministério. O cônjuge é um presente de Deus. Eles estavam nus e não se envergonhavam, o que percebo que não há qualquer malícia ou máscaras, portanto uma relação de profunda interdependência e vulnerabilidade. (v.25)

Quando um dos cônjuges não tem o chamado pastoral, isso não significa que eles não fazem parte do ministério. Veja, não devemos “coisificar” o ministério e idolatrá-lo. O ministério é realizado por uma pessoa vocacionada e essa pessoa tem necessidades. Essa pessoa precisa ser ajudada, auxiliada, amada, cuidada e o casamento é a forma pela qual a pessoa vocacionada pode ser nutrida e até socorrida.

Minha esposa sempre foi uma grande parceira em meu ministério, sobretudo, para mim.

Peça para o seu cônjuge, a luz de Gênesis 2:18; 24-25 responder a você o quanto você tem facilitado para que ele(ela) seja seu auxílio. Peça também que avalie o quanto sente que você é interdependente e vulnerável. De repente você discorda de mim nesse aspecto, mas lhe digo que isso tem contribuído para eu ter um ministério vibrante e apaixonado. É necessário avaliar se o problema é o cônjuge ou a sua falta de vulnerabilidade e interdependência. Deus lhe deu este cônjuge!

b)      A realidade de pessoas vocacionadas para o ministério casadas

No caso de pastores e pastoras que não tem cônjuges, o princípio é o mesmo! Sozinho não! O apóstolo Paulo era um celibatário. Entretanto, ele nunca fez o ministério sozinho. Ele tinha seu companheiro Epafrodito, seu discípulo e filho na fé Timóteo. No começo ele teve Barnabé. Ele também tinha Tito.

Muitos pastores caminham só por não confiar nos outros. O quanto custa para você ter um ministério vibrante e estar apaixonado no ministério? Peça a Deus auxiliadores, ajudadores para você e para o seu ministério. Aprenda a capacitar e equipar pessoas em sua igreja local. Desenvolva-as. Você colherá muitos frutos para a glória de Deus.

No amor de Cristo,

Rodrigo Rodrigues Lima

02.04.2021 - TEMA: Celebrando o trabalho realizado

 TEMA: Celebrando o trabalho realizado

TEXTO: “E, havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra, que tinha feito, descansou nesse dia”. Gênesis 2:1

OBSERVAÇÃO

Após planejar, ordenar e concluir a criação da terra Deus descansou. Descansar pode ser traduzido por celebrar. O descanso tem a ver com celebração do trabalho realizado (Levítico 23:32). O verdadeiro descanso tem a ver com a conclusão de algo devidamente planejado e ordenado. Deus concluiu e celebrou. Eu tenho experimentado o verdadeiro descanso todos os dias? Tenho concluído aquilo que tenho planejado e ordenado para poder celebrar? Em que áreas de minha vida existem pendências que geram um sentimento de incompletude e me impedem de descansar e celebrar?

PRÁTICA

Deus tem o verdadeiro descanso para mim. Trabalhar e estar pleno naquilo que Ele me criou para realizar é um privilégio. Entretanto, não posso permitir que haja acúmulo dia a pós dia, mês após mês e ano após ano de pendências. Concluir o que se começa é prazeroso, mas quantas vezes não dormi direito por saber que havia pendências em minha agenda e nas minhas tarefas. Devo: 1) Organizar minha agenda diária, de maneira que eu termine o dia tendo realizado o que planejei e ordenei. Assim, poderei celebrar e descansar; 2) Estabelecer limites e sinalizar o que pode estar indo além dos limites das minhas possibilidades. Excesso de atividades não contribuem para que haja planejamento adequado e, consequentemente, que não se conclua as atividades. Isso gera um sentimento de incompletude e me rouba o descanso.

ORAÇÃO

Querido Pai, obrigado por essa preciosa palavra ao meu coração. Peço a Ti discernimento e sabedoria para administrar a minhas tarefas de maneira que o planejamento, a organização e a conclusão delas diariamente possam gerar sempre um mim a alegria, o prazer e a celebração de um dia concluído para o louvor da Sua glória.