O
nascimento virginal de Jesus
Mateus 1:18-25
Uma das
calúnias que os cristãos primitivos tiveram de refutar foi a de que Jesus teria
nascido de uma união fora do casamento. Jesus foi caluniado pela acusação de
que Ele era o filho ilegítimo de Maria com um homem desconhecido, talvez com um
soldado romano da região da Galileia.
Muitos
questionavam o porquê de José não relatar o assunto da gravidez às autoridades,
ao descobrir que Maria estava grávida quando seu contrato de casamento já
estava em vigor. Ser prometida em casamento equivalia ao próprio casamento que
só poderia ser anulado mediante divórcio formal.
Mateus
registra a resposta. Não se nega que Maria tenha engravidado antes de José ter
consumado o casamento; mas se insiste em que, embora como homem honrado ele
estivesse plenamente consciente de que deveria tornar público o assunto, evitou
fazê-lo, desejando proteger sua desposada de uma publicidade vergonhosa, e começou
a encarar a possibilidade de romper secretamente seu compromisso.
Fato é
que, negar o nascimento virginal de Cristo é ignorar a Sua divindade. Negar a
sua divindade é o mesmo que negá-lo.
Entretanto, Deus insere Maria e José em sua história e eles pagarão um preço sacrificando sua reputação ao obedecer a Deus na realização de Sua vontade. O que Deus quer falar conosco nesse episódio do evangelho de Mateus? O nascimento virginal de Jesus. Os planos de Deus e seus propósitos.
1.As
personagens principais da história – Maria e José
a) Maria. Temos poucas
informações sobre Maria. Provavelmente ela era natural de Nazaré e veio e uma
família relativamente pobre. Ela tinha uma irmã chamada Salomé (Marcos 15:40),
a mãe de Tiago e João (que, portanto eram primos de Jesus). Na genealogia de
Lucas (Lucas 3:23-38) sabemos que ela era da linhagem de Davi. Também sabemos
que Isabel, a esposa de Zacarias e mãe de João Batista era sua parente (Lucas
1:36).
b) José. Temos menos
informações ainda sobre José. Ele era homem justo e íntegro (Mateus 1:19).
Pertencia à casa e à linhagem de Davi (Lucas 2:4). Era carpinteiro (Mateus
13:55).
A história dessas duas pessoas e a maneira como Deus as insere em sua história nos traz algumas lições preciosas:
I) Deus
usa pessoas simples para cumprir seus planos (v.18)
Conforme vemos na pequena biografia de ambos, Deus não procura no palácio de Herodes os pais do Salvador. Também não os encontra entre os nobres de Belém da Judeia. Deus usa gente simples. O evangelho é isso! Deus é Deus de simplicidade. Deus quer inserir você na história Dele e para isso Ele te amolda na simplicidade do Evangelho.
II)
Deus usa pessoas piedosas para cumprir seus planos (v.19-20)
A situação é delicada e chocante para José. José não tinha ainda recebido a revelação de Deus sobre a origem do bebê no ventre de Maria, e por isso, procurava uma maneira de deixá-la secretamente. Embora os judeus não tivessem autorização para aplicar o rigor da lei, caso o fizessem, Maria seria condenada à pena de morte por apedrejamento. Entretanto, Deus queria cumprir seus planos e não poderia ser qualquer pessoa. Deus procura pessoas piedosas para cumprir seus mais nobres e grandiosos propósitos. Como é uma pessoa piedosa? a) Ela é longânime (v.20). José não agia sem refletir. Ele ponderava numa maneira de não prejudicar Maria. Ele era capaz de sofrer o dano; b) Ela é justa segundo Deus (v.19). Observe que ele não queria envergonhá-la publicamente. José não estava movido por vingança. Vemos nele um homem bondoso, abençoador e protetor. c) Ela é espiritual e sensível a Deus (v.20; 24). José foi capaz de discernir a voz de Deus em meio àquela aflição. Pessoas piedosas enfrentam a pressão e as circunstâncias difíceis, mas possuem intimidade suficiente para serem capazes de obedecer a voz de Deus até mesmo quando parece um absurdo irracional. Deus está à procura de pessoas piedosas para revelar e cumprir seus planos. Maria era uma mulher temente a Deus. Ela era piedosa! O que aprendemos com Maria sobre ser uma pessoa piedosa? a) Ela se oferece em rendição total à vontade de Deus. (Lucas 1:38). Ela responde ao anjo: “Aqui está a serva do Senhor; que aconteça comigo o que você falou.” Você quer viver os planos de Deus e experimentar a Sua vontade? O evangelho nos ensina que é na rendição total à Ele. É dizendo: “Aconteça comigo o que você falar”. Renunciando à própria reputação, Maria se entregou à vontade de Deus. É esse tipo de pessoa piedosa que Deus procura para revelar seus planos. b) Ela era virgem (Mateus 1:23). Outra prova de obediência e vida piedosa do casal era a virgindade. Deus dá grande valor à pureza sexual. Veja que, embora fossem prometidos um ao outro em contrato de casamento, não houve relações até mesmo depois do casamento enquanto Jesus não nascesse. Que força de caráter e piedade! Deus está à procura de pessoas piedosas para revelar e cumprir seus planos.
Vemos em Maria e José um exímio exemplo de obediência para realizar a sua vontade por meio de pessoas simples e piedosas. A maior tragédia da vida humana é bençãos divinas perdidas por causa da desobediência.
2. O
nascimento virginal de Jesus
O nascimento virginal de Jesus tinha um único propósito conforme está relatado no verso 21 que diz: “Ela dará à luz um filho e você poderá nele o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” Aleluia! Vejamos os aspectos e implicações do nascimento virginal de Jesus:
I) Foi
concebido por obra do Espírito Santo (v.18b; 20b)
O credo apostólico nos ensina: “Creio em Deus Pai Todo Poderoso Criador dos céus e da terra; E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor; O qual foi concebido por obra do Espírito Santo; Nasceu da virgem, Maria [...].” Para a igreja primitiva e para os pais da igreja nos primeiros séculos, esse foi um tema debatido e combatido, mas necessário ser defendido. Por quê? Por que o diabo sempre trabalhou para combater o nascimento virginal de Jesus? Valendo-me de Wayne Grudem (Teologia Sistemática): a) O nascimento virginal de Jesus mostra que a salvação em última análise deve vir do Senhor. É um lembrete inequívoco de que a salvação jamais pode vir por meio de esforço humano, mas que deve ser obra do próprio Deus. Vejamos Gálatas 4:4-5. Não há glória humana! A salvação é mérito de Jesus desde a Sua concepção como Salvador dos homens. b) O nascimento virginal de Jesus possibilitou a união da plena divindade e da plena humanidade em uma só pessoa. Se Jesus tivesse simplesmente aparecido no céu sem ter sido gerado, teríamos dificuldade em vê-lo como plenamente humano e não faria parte da raça humana que descende fisicamente de Adão. Deus poderia ter feito Jesus entrar no mundo por meio de genitores humanos (pai e mãe) e em algum momento de sua vida receber a natureza divina, mas teríamos dificuldade em vê-lo como plenamente Deus.
II) Atesta
que a Palavra de Deus é confiável (v.22-23)
Os judeus estavam incrédulos quanto ao nascimento virginal de Jesus. Mateus é zeloso e prova com as Escrituras que a virgem conceberia. Estamos numa era em que a Palavra de Deus está sendo vilipendiada e posta à prova. Até mesmo dentro das igrejas ela está sendo dissecada e questionada. Além disso, as circunstâncias da vida de crentes de longa data os levam a duvidar da Palavra de Deus. Entretanto, o nascimento virginal de Cristo foi previsto nas Escrituras. Atesta a inspiração bíblica como Palavra do Senhor. Deus não é homem para mentir e nem filho do homem para se arrepender (Números 23:19). Suas promessas são infalíveis (I Reis 8:56). Deus vela por Sua palavra para cumpri-la (Jeremias 1:1-2). E com toda certeza, Ele não as cumpre segundo à nossa vontade e querer, mas segundo a Sua soberana, boa, agradável e perfeita vontade (Romanos 12:2). Lembremos que a Palavra se cumpriu integralmente na vida de um homem e uma mulher causando-lhes inicialmente um desconforto tremendo. Mas, eles puderam conhecer e revelar o Senhor. O propósito de Deus em cumprir sua fiel Palavra não é para nos trazer conforto, mas se revelar a nós e através de nós como Deus poderoso em nossas vidas.
III) Revela
que Ele é Deus conosco (v.23)
No Antigo Testamento é prometido que Deus estaria presente com o Seu povo para garantir seu destino e aliança. Naqueles tempos o povo de Deus contava com o Tabernáculo e o Templo, destinados como símbolos da Presença Divina no meio deles. Vejamos Êxodo 40:34-35. Observe alguns detalhes dessa passagem. A palavra Shekinah é traduzida em português como “nuvem permanente” e a palavra Tabernáculo significa lugar de habitação ou moradia. Quando Deus se manifestava no Tabernáculo, isto é, no lugar de habitação, a tenda do encontro, uma nuvem permanecia, isto é, uma referência à Sua glória. Entretanto, ele não permanecia todo o tempo e ninguém poderia permanecer ali. Porém, no cumprimento dos tempos, diz João: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio e graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (João 1:14). A palavra grega para “habitou” é skenoo que significa “fixar o tabernáculo, ter o tabernáculo, permanecer (ou viver) num tabernáculo”. Ele é Emanuel, Deus conosco! Deus veio para fixar habitação entre nós e em nós.
Observe que o nascimento virginal de Jesus não é um mero evento na história, mas um marco na eternidade. Vimos que esse plano revela o padrão de Deus em realizar seus propósitos com gente simples, mas piedosa e obediente. Também revela a nós o poder do Espírito Santo, o quanto podemos confiar na Palavra infalível de Deus e seu desejo de habitar entre nós. Nos voltemos para esse Deus.
No amor
de Cristo,
Rodrigo
Rodrigues Lima, Pastor
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