TEMA: Igreja: Uma comunidade de discípulos que cuidam!
(PARTE 1)
Lucas 6:40
Amados irmãos e
irmãs, graça e paz em Cristo!
Hoje falaremos sobre
IGREJA: UMA COMUNIDADE DE DISCÍPULOS QUE CUIDAM.
Na semana passada
falamos sobre o amor. Sabemos que as pessoas estão desesperadas por amor. Vivemos
em um mundo "mundialmente" conectado, mas com indivíduos cada vez mais
solitários. As pessoas precisam de pessoas.
Diante dessa
realidade, acreditamos que a igreja tem a resposta para este mundo solitário e
caótico, pois, Jesus mesmo disse isso: “Assim
como o Pai me enviou, eu também vos envio.” João 20:21. Entretanto, quando muitas dessas pessoas entram no
prédio de uma igreja procurando esses enviados por Cristo, parece não
encontrá-los. Espero que aqui em nossa comunidade seja diferente.
Qual foi o primeiro
contato de uma pessoa que resolveu entrar no prédio de uma igreja decidindo
congregar e nela ficar? Sem sombra de dúvidas, na grande maioria das vezes,
além da experiência com Deus foi relacionamento com amigos ou família. Ninguém consegue ficar
em uma igreja sem ter o mínimo vínculo. O cristianismo é,
sobretudo, relacionamento. E a amizade é a maior ponte para evangelismo. O
instituto Haggai fez uma pesquisa nos países pobres e em desenvolvimento e
descobriu por que as pessoas se convertem: I. TV – 1,1%; II. Sermão – 2,4%;
III. Trabalho do pastor – 2,9%; IV. Cruzadas Evangelísticas – 4,4%; V. Amigos – 29,9%; VI. Parentes – 49,7%. Conclusão: A
esmagadora maioria das pessoas vem a Cristo por causa de um relacionamento
familiar ou amizade. São relacionamentos onde o cuidado é explícito e
essencial.
Assim sendo, igreja
não é meramente ajuntamento, mas ajuntamento que nasce de relacionamentos com
propósitos claros. Nasce de cuidado, permanece através de cuidado e deve gerar
cuidado. Porém, encontramos aqui outro problema. Muito desse cuidado fica na
responsabilidade dos pastores na maioria das vezes. Está provado na teoria e na
prática que um pastor não consegue dar conta sozinho de um rebanho de mais de
60 pessoas. Um pastor não consegue encontrar ou visitar todos os membros
regularmente, e para dizer a verdade, nem deveriam, pois, não há fundamento
bíblico para isso. O que diz claramente é que todos nós somos ministros de
Deus, e que a supervisão pastoral não pertence exclusivamente ao ministério
ordenado. Veja comigo Hebreus 12:14-15.
Como romper com
esses desafios para sermos uma igreja mais relacional e mais cuidadora? A resposta
tem a ver com mudança de mentalidade. Mudar a mentalidade de membro de igreja
para discípulo de Cristo que tem a responsabilidade de edificar o corpo com
seus dons e ministérios. Você não é meramente um membro, mas um discípulo e
discípulos priorizam relacionamentos a partir do seu relacionamento com Deus.
Discípulos de Cristo obedecem a voz do Seu Mestre. Jesus disse: “O discípulo não está acima do seu mestre;
todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.” Lucas 6:40
Pergunta: Como
você chegou aqui na igreja? O que contribuiu para a sua permanência? Você já
discipulou alguém ou acompanhou alguém nos primeiros passos da fé cristã?
Vejamos aqui algumas
evidências dos discípulos de Cristo:
1.Discípulos que cuidam tem uma relação de discípulo
(João 6; Lucas 18:18-23)
Jesus era uma pessoa
essencialmente relacional. Ele veio para se relacionar com a humanidade. Observaremos
aqui pelo menos três níveis de relacionamento de Jesus. I. Relação no nível da
multidão; II. Relação no nível de seguidor; III. Relação no nível de discípulo.
Vejamos cada um deles:
I.Relação de Multidão (João 6) – O ministério de Jesus foi com multidões, mas ele
nunca as priorizou. A multidão o seguia por causa dos sinais (v.2). Ele mesmo afirmava
que a multidão o seguia por causa dos benefícios (v.26). Era uma relação de
consumo, pois, Jesus era o produto e a multidão os consumidores. A multidão
queria ver os sinais e experimentá-los. Entretanto, quando Jesus chama a
multidão ao compromisso, eles murmuram (v.41). A multidão não quer compromisso.
Nas igrejas há
muitos crentes que não se desenvolveram e se tornaram multidão. O que leva
alguém a ser multidão? a) Decepção com estrutura e líderes; b) Medo de serem
conhecidas; c) Ignorância do melhor de Deus não avançando na vida espiritual;
d) Participação de atividades sem propósito de cuidado de vidas; e) Falta de
compromisso.
Quando fazemos
uma relação da multidão e Jesus em João
6 em paralelo com aqueles que estão na vida da igreja hoje, mas vivem como
multidão percebemos as seguintes características: a) Relacionamento distante e impessoal (v.22); b) Fraca resposta ao desafio da
Palavra de Deus (v.41); c) Não
aceitam ser cobrados ou confrontados (v.60);
d) Não se deixam tratar por ninguém (v.41);
e) Fogem de tomar a cruz, pois não toleram os conflitos, confrontos e o
desprezar (v.66).
Pergunta: Por que
Jesus não tinha relacionamento profundo com a multidão? Como você pode
contribuir para alguém que hoje está na multidão saia dessa condição?
II.Relação de Seguidor (Lucas 18:18-23) – Os seguidores
são aqueles que procuravam Jesus para uma relação pontual e esporádica, seja
para tirar uma dúvida, seja para um aconselhamento. Nesse grupo teremos, por
exemplo, Nicodemos e o jovem rico. Ambos não pertenciam à multidão, mas
gostavam de Jesus. O seguidor ocasional: a) É religioso e legalista.
Alimenta-se da Palavra de Deus, mas na ótica religiosa e mística; b) É festivo
e do movimento. Ele chega, marca presença, dá boas sugestões, é intenso e logo
desaparece até à próxima campanha. c) É místico. Vive de sonhos, profecias,
visões e fábulas. d) É morno. Vive superficialmente, se vê espiritual, mas
possui um relacionamento distante tanto com Deus, quanto com a liderança e demais
irmãos. Vive isolado. Em muitos casos é inconstante, derrotado e sem direção,
pois, não se submete à autoridade espiritual colocado sobre a vida dele. Segundo
o jovem rico (Lucas 18:18-23), fazendo
um paralelo com a igreja hoje os seguidores ocasionais: a) Possui um
relacionamento frequente, mas superficial (v.16);
b) Os diálogos são abrangentes, cheio de conhecimento e teologia e até
conversas sobre assuntos espirituais mas não permitem o tratamento do caráter (v.16); c) Dão resposta superficial e
até religiosa à Palavra (v.20); d) Fogem da cobrança e da confrontação
(v.22); e) São fiéis às
programações, normas e preceitos da estrutura religiosa, mas não se deixam
tratar pela cruz (v.20-22); e) Suas
opiniões são muito fortes e, por isso, estão fechados para aprender com outros (v.22).
Pergunta: Você é
ou já foi seguidor ocasional? O que pode mudar ou mudou essa sua condição?
III.Relação de Discípulos (Lucas 14:25-33). O terceiro nível é o que nos interessa, pois, é o
nível de relacionamento que Jesus construiu com os seus mais achegados, os seus
discípulos. Esse nível de relacionamento é de proximidade total. O compromisso
e a renúncia são totais. Ser discípulo nos fala da aceitação do preço. Ser
discípulo nos fala da mudança de vida e de formação do caráter de Cristo. Ser discípulo
nos fala de sair do vale e subir o monte (Mateus
17:1). Ser discípulo nos fala de ter as mesmas prioridades do Mestre (Mateus 28:18-19). As características
dos discípulos de Cristo, segundo os padrões de Cristo são: a) Intimidade e
transparência com seu discipulador/mentor (Lucas
6:40); b) Resposta completa à Palavra de Deus (João 14:15); c) Manifesta crescimento constante (II Pedro 3:18); d) Maleável e aberto
para se deixar tratar (Mateus 5:3);
e) Dependente de Deus (João 14:12-13).
Deus nos chama a
sermos discípulos e fazermos discípulos. O cuidado é algo característico do
discípulo. A multidão não se preocupa em cuidar, mas em buscar seu interesse, o
seguidor não se preocupa em cuidar, pois, não tem compromisso, apenas o
discípulo sabe a importância do cuidado. Uma igreja cuidadora é geradora de
discípulos de Cristo. Talvez você olhe para si hoje e pensa ser uma pilha de
rochas inúteis. “Uma pilha de rochas só deixa de ser apenas uma pilha no
momento em que um único homem a contempla, carregando dentro dele a imagem de
uma catedral.” Antoine de Saint-Exupéry. Olhe para seu irmão! Talvez ele seja
esse amontoado de pedras precisando que você veja nele a catedral que Deus quer
construir. Seja um discipulador! Faça discípulos! Seja um discípulo.
Pergunta: Você
está disposto a investir em alguém e ter filhos espirituais? Quais são as
características que você identifica na sua vida que lhe tornam um discípulo?
Rodrigo
Rodrigues Lima
Pastor