domingo, 5 de setembro de 2021
05.09.2021 - O QUE ME DEFINE
O QUE ME DEFINE
Efésios 1:1-14
O seu comportamento é o resultado de todo conhecimento que você tem e acredita a respeito de si mesmo. Como você se vê? O que te define? A maneira como você se vê afeta diretamente a maneira como você toma decisões, se relaciona com as pessoas, faz a obra de Deus e lida com as pressões da vida.
Você pode sentar ao lado de uma pessoa e ela dizer
que é professora. Isso é o trabalho dela, mas não quem ela é. Uma moça
recém-divorciada disse a uma amiga: "Sou um fracasso". Embora tenha
fracassado no casamento, o fracasso não a define. Tive uma infância pobre.
Hoje, minha resposta padrão à pergunta "quem sou eu" é: "Sou
casado com a Andrea, pai da Giovanna, do Miguel e pastor". Mas isso não é
quem eu sou. A maioria das pessoas responde dizendo qual é sua profissão.
Outros citam alguma informação ligada à infância ou a uma circunstância
emocional.
No entanto, como cristãos, nossa identidade é
definida por nosso relacionamento com Cristo e não por experiências de vida,
sendo muitas delas negativas. E ter este
conhecimento traz mudança de todo o nosso paradigma comportamental, seja no
contexto da igreja local, seja no contexto das relações sociais em casa, no
trabalho, na rua, na política, etc. Se queremos viver de modo digno do nosso
relacionamento com Cristo não pode ser apenas um conjunto de informações
bíblicas, mas deve ser uma experiência real e concreta em nossa maneira de crer
dominando os nossos pensamentos, que afeta e muda o nosso modo de sentir e que
reflete no nosso modo de agir.
Assim, o conhecimento de Deus que Paulo deseja que
os irmãos tenham (Efésios 1:17) deve tocar todo o nosso ser; o conhecimento de
Deus envolverá tudo o que pensamos a respeito de nós mesmos e da maneira como
nos definimos. É uma compreensão de Deus e do ser humano fundamentada no fato
de que, (1) ninguém pode conhecer corretamente a si próprio sem o conhecimento
de Deus e (2) ninguém pode conhecer verdadeiramente a Deus e ao mesmo tempo ser
um ignorante sobre si próprio. O conhecimento de Deus depende do
autoconhecimento tanto quanto o autoconhecimento depende do conhecimento de
Deus. A dependência é mútua. Então a pergunta que deve mudar toda nossa maneira
de pensar, sentir e agir é: "Quem sou eu em Cristo?" O que estar
"em Cristo" define a meu respeito?
A carta
de Paulo aos Efésios responde a essa pergunta. O tema central desta carta é
"o eterno propósito de Deus, o qual Ele está cumprindo por meio de Seu
filho Jesus Cristo e vem executando na Igreja e através dela.” O GRANDE
PROPÓSITO DE DEUS EM CRISTO PARA A SUA IGREJA. John Stott descreve essa carta
como um esboço da nova sociedade de Deus.
Deus quer que não apenas entendamos, mas que experimentemos essa nova realidade. Assim, você compreende que o seu passado não te define. Você compreende que as lutas pelas quais passa e a criação que recebeu não te definem. Não cremos em um determinismo de que você nunca será além do que está diante dos seus olhos. Entender quem eu sou é importante para eu entender qual é o meu propósito. Se você não sabe quem você é, terá dificuldades de compreender qual é o seu propósito. O que me define?
A carta começa no versículo um estabelecendo muito claramente o que se seguirá. Ela se destina aos santos, isto é, os separados deste mundo para Deus. Você é um separado para Deus. Ela se destina aos fiéis. Ela se destina aos que estão em Cristo Jesus. Essa expressão estar em Cristo é uma união vital e pessoal. É o ramo enxertado na videira que, a partir deste relacionamento, tem uma vida frutífera manifestando o caráter de Cristo e agindo como Cristo. Esses cristãos estão em Cristo, mas também vivem em Éfeso. Essa é a nossa realidade. Já somos do céu por estarmos em Cristo, mas também somos dessa terra, como peregrinos e forasteiros. E muitos dos nossos problemas espirituais surgem do nosso esquecimento de que somos cidadãos de dois reinos. Stott diz que "nossa tendência é ou seguir a Cristo e retirar-nos do mundo, ou ficar preocupados com o mundo e esquecer de que também estamos em Cristo".
Aqueles
que estão em Cristo e permanecem em Cristo, conquanto se relacionem diariamente
com Ele, estão assentados nas regiões celestiais e desfrutam das bençãos
espirituais que o definem.
- As bençãos do Pai me definem
A) A benção de sermos escolhidos segundo a sua presciência, em Cristo. (v.4) Pedro concorda com Paulo quando diz: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai...” (I Pedro 1:2). Antes de criar o mundo, Deus já sabia aqueles que viriam a crer em Jesus, que responderiam com fé à sua graça em Cristo Jesus. Mesmo não sendo merecedores, Deus enviou Cristo para que aqueles que viessem a crer em Jesus fossem escolhidos Nele para viver uma nova vida. Você e eu fomos alvos do amor de Deus. Ao respondermos sim e não rejeitarmos essa graça que opera em nós, ele determinou de antemão que, em Cristo, fosse possível vivermos uma vida santa e irrepreensível diante Dele, ou seja, sermos santos e completos diante Dele. Não existe vida santa a completa sem estar em Cristo. Esse amor foi derramado em nossos corações. E não é possível estar em Cristo sem ser afetado pela santidade Dele por meio dessa graça atuando em você. Pedro também concorda quando diz: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo”. (I Pedro 1:2)
B) A benção de sermos adotados como filhos em sua família. (v.5) Na lei romana nos tempos de Paulo, os filhos adotivos desfrutavam dos mesmos diretos dos filhos legítimos. Os filhos legítimos têm o privilégio de acesso direto ao Pai. Você não precisa de intermediários. Em Cristo, você se tornou membro da família! Deus é o nosso Pai e temos livre acesso a Ele. Como filhos, temos direito à herança celestial. Como filhos, nos tornamos participantes de Sua disciplina que modela o nosso caráter. Mas, como filhos temos responsabilidades. O filho reflete o caráter do Pai. Não é uma opção, mas uma consequência dessa filiação. Somos santos como o Pai também é Santo. Jesus disse: “Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.” (Mateus 5:48) Ser filho e não manifestar o caráter do Pai revela falta de relacionamento e pode levar a um endurecimento do coração e afastamento da família.
- As bençãos do Filho me
definem
A) A benção da redenção. (v.7) Há um filme chamado Redenção que conta a história
verídica de um traficante, que após a prisão, que vai a Sudão para fazer
trabalhos voluntários. Entretanto, esse trabalho vira o propósito de sua vida
que consistia em resgatar, livrar crianças das mãos de líderes guerrilheiros.
Redenção tem a ver com regaste. A palavra redenção significava “livramento
mediante o pagamento de um preço” e era aplicada especialmente no resgate de
escravos. Do que Cristo nos resgatou? Cristo nos resgatou da culpa de
todos os nossos pecados passados. Temos a remissão dos nossos pecados,
como o próprio Paulo escreve “Cancelando o escrito de dívida que era
contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era
prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz. E, despojando os
principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando
sobre eles na cruz.” Colossenses 2:14,15. Cristo nos
resgatou do poder do pecado. E vocês sabem que ele se manifestou
para tirar os pecados, e nele não existe pecado. 1 João 3:5. Nele não existe pecado. Nós estamos Nele, portanto, não somos
mais escravos do pecado e estamos livres, desde que permanecendo Nele, do justo
julgamento de Deus contra os nossos pecados. Ele derramou o
seu sangue no altar da cruz e podemos declarar hoje: “Somos um povo livre:
estamos livres das punições decorrentes das nossas maldades. Somos totalmente
livres” Aleluia!
B) A benção de conhecermos e sermos parte de seu glorioso plano de restauração de todas as coisas (v.9-10). O pecado desordenou toda a harmonia que havia na criação. Deus quer restaurar todas as coisas. Todos esses conflitos que existem no mundo, esses conflitos que existem em nosso país decorrem da queda de Adão. A criação geme e aguarda a manifestação dos filhos de Deus. Apesar de algo a ser concretizado no futuro, esse processo de restauração começou quando Cristo ressuscitou e estabeleceu que a igreja manifestaria o Seu Reino na terra. Saiba que você tem um papel preponderante na restauração de todas as coisas. Veja comigo II Coríntios 5:18-20! Esse propósito consistia em salvar tanto os judeus como os não judeus. Conforme esta passagem, o que nos define? A agenda de Deus para a nós. Não fomos alcançados apenas para sermos salvos. Fomos alcançados para que essa salvação se manifeste de maneira restauradora na sociedade. Começando em nosso lar e avançando para as nossas relações, somos embaixadores de Cristo e contribuímos para que o Reino de Deus avance. Somos a nova sociedade de Deus! O mundo deve olhar para a igreja e ver o modelo de sociedade, renascida em Cristo que manifesta o seu caráter no lar, nas escolhas, no trabalho, enfim! Não apenas como modelo, mas como instrumento de manifestação do Reino de Deus atuando através da pregação do evangelho para a restauração de todas as coisas. Cristo atuando através de nós!
A) A benção de sermos selados com o Espírito Santo da promessa. (v.13) No mundo antigo, o selo representava o símbolo pessoal do proprietário. O Espírito Santo é o selo do cristão. O Espírito Santo testifica com o nosso próprio espírito de que somos filhos de Deus. O Espírito Santo é o sinal inegável da obra de Deus na vida do crente. Quando diz “promessa” é apenas para reafirmar que Ele é o Espírito prometido no Antigo Testamento, como por exemplo, em Joel 2:28.
B) A benção de termos o penhor da nossa herança, o Espírito Santo. Penhor é como ocorre com o anel de noivado. Você faz uma aliança com o compromisso de casamento. A experiência que o cristão tem do Espírito e, no presente, uma antecipação e uma garantia daquilo que será seu quando entrar na posse plena da presença de Deus. Precisamos ser cheios do Espírito Santo!
O que te define? Para concluir, quero contar uma história.
Princípio
“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um
pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia
e o colocou no galinheiro junto às galinhas.
Cresceu como uma galinha.
Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita
de um naturalista.
Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
– Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
– De fato, disse o homem. É uma águia. Mas eu a criei
como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.
– Não, retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma
águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
– Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará
como águia.
Então decidiram fazer uma prova.
A primeira prova
O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e,
desafiando-a, disse:
– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao
céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista.
Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos e
pulou para junto delas.
O camponês comentou: eu lhe disse, ela virou uma simples
galinha!
– Não, tornou a insistir o naturalista.
– Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos
experimentar novamente amanhã.
A segunda prova
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da
casa e sussurrou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o
chão, pulou e foi parar junto delas.
O camponês sorriu e voltou a carga: eu havia lhe dito, ela
virou galinha!
– Não! respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia e
possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última
vez. Amanhã a farei voar.
A terceira prova
No dia seguinte, o naturalista e o camponês se levantaram bem
cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava
nascendo e dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o
alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu
e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova
vida. Mas não voou.
Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na
direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e
ganhar as dimensões do vasto horizonte.
Foi quando ela abriu suas potentes asas. Ergueu-se,
soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada
vez mais para o alto.
Voou……. e nunca mais retornou.”
Quero aplicar essa ilustração dizendo que todos que nasceram em Cristo são como águia. Nascemos para o céu. Nascemos para as coisas do alto! Mas, muitos permitem que o inimigo os coloque entre as galinhas, ciscando com o pecado e não desfrutam de sua vida plena em Cristo. Nascer de novo é necessário para vivermos sob o poder do Espírito Santo em uma relacionamento com Cristo frutificando o caráter e a santidade Dele em nós. Os frutos do arrependimento são manifestos naqueles que tiveram um novo nascimento! Fé, amor e esperança! Viva como águia!
No amor de Cristo,
Rodrigo
Rodrigues Lima, Pastor