Igreja e expectativas – uma reflexão
Estou na igreja desde os meus 7 anos de idade.
Tenho o privilégio de pastorear a mesma igreja onde fui alcançado. Fui aluno da
classe “Cordeirinhos de Jesus” e a tia Conceição foi minha professora. Passei
pela classe Davi I e II e me lembro bem do esforço da tia Vilma para que eu
permanecesse lá. Foi em uma de suas aulas que decorei um Salmo! Fui aluno da
Sandra Inácio e Gildo e também da Tia Eliana. Me lembro de entregar minha vida
a Cristo em uma aula em que a Pra Dalzira fez apelo. Fui soldado da Cruzada
Juvenil Cristã – CJC. Se eu for detalhar cada evento da minha vida na IMeL Vila
Moraes, dá um longo livro.
Começo essa reflexão descrevendo um pouco das
pessoas e eventos que marcaram a minha caminhada com Cristo. Naquele tempo o
meu desejo se resumia a ter uma profunda experiência com Deus. Santidade era
pregada numa perspectiva mais prescritiva. De alguma forma eu buscava o mérito
e temia muito ir para o inferno. Entretanto, minha expectativa ao ir para o
cultos se resumia em desejar encontros com Deus. Esse coração contribuiu para o
período do seminário. Nunca esperei que o seminário me formasse para ser um
pastor. Minha experiência com Deus foi muito marcante aos 16 anos. Aprendi a
amar a Deus e a Sua igreja. Sempre gostei do discipulado. Amo esse tema e
sempre li e busquei desenvolver esse tema.
O que tudo isso tem a ver com igreja e
expectativas? Na minha adolescência e juventude tive um pastor que fez de
quatro temas as bases de seu ministério: 1) Santidade; 2) Palavra; 3) Espírito
Santo; 4) Família. A cada mensagem eu saia me perguntando como a coloraria em
pratica no meu dia a dia e ruminava cada mensagem. Refletíamos muito sobre
esses temas. Não ouvia nada sobre Missão Integral, não tinha dilemas entre
missão e missões, não compreendia nada sobre liberalismo teológico, não havia
movimentos de desigrejados e não nos preocupávamos muito em entreter as pessoas
para não perde-las. Tudo o que queríamos era a presença de Deus e bons líderes.
Minha mãe sempre deu testemunho de sua fé em casa e nunca a vi reclamar da igreja,
do pastor ou sei lá o quê.
Entretanto, hoje o índice de desigrejados tem
aumentado. Há pastor com diversos estilos e cultos. A gosto do freguês! Me
preocupo em ver que os pais não tem tanto interesse em levar seus filhos ao
culto infantil. Não valoramos mais a CJC como antes. Pregamos santidade numa
perspectiva descritiva. Vejo pastores e líderes caindo nas armadilhas dos
nichos. Alguns querendo ser tão diferentes perdem o foco tentando fazer a coisa
certa.
Queremos ser diferentes e relevantes,
mas não me lembro de nenhuma recomendação bíblica sobre isso na perspectiva da
essência. A forma muda, mas ela não é o centro e muitos tem feito da forma o
centro!
Pastores se suicidando! Alguém pode dizer que seja
o efeito “fim dos tempos”.
Enquanto pastores tentarem atender às expectativas
de seus consumidores e enquanto os discípulos agirem como consumidores de culto
ou contratantes de serviços religiosos, a igreja será cada vez mais irrelevante
em sua relevância.
A igreja é de Cristo. Ela é a noiva de Cristo. Não
deve ser desprezada ou vilipendiada. Não deve ser tratada como um mercado.
Também não deve buscar uma relevância que a torne irrelevante aos propósitos
eternos. Ela deve sim discernir os tempos e entender como comunicar a mensagem.
Ela deve sim ser relevante para o tempo e mundo no qual está inserida, mas a
expectativa dessa igreja está definida por aquele que tem as sete estrelas nas
mãos e anda no meio dos sete candeeiros de ouro.
Vida com Cristo é uma caminhada. Como descrevo a
igreja? Essencial para a minha caminhada com Cristo, pois, foi Ele mesmo que
determinou assim. Ela nunca foi perfeita. Me feri com pessoas dentro dela na
minha adolescência, mas jamais cogitei abandoná-la. Fui contrariado diversas
vezes por meus líderes e até reprovei certas ações, mas jamais os tratei de
igual para igual e jamais cogitei sair dela por causa deles, a não ser que
estivessem pregando outro evangelho, o que não foi o caso. Essa é a igreja!
Algo foi muito marcante nas pregações do Pastor
Dorivaldo na minha adolescência. Ele sempre frisava a necessidade de sermos
pessoas espirituais ao invés de carnais. Os espirituais oram e buscam ouvir a
Deus. Os espirituais são guiados pelo Espírito e vivem a Palavra. Há uma
verdadeira incongruência entre ouvir a Deus e negar a vida em comunidade, pois,
Deus não vai contra Sua Palavra. Sejamos espirituais. Os espirituais tem
expectativas no Espírito. Sei que esse texto pode causar desconfortos em alguns
poucos, mas hoje com 34 anos, pastoreando com alegria ao Senhor, posso afirmar
que mesmo com as chateações, decepções, meninices, carnalidades, meus e dos
outros, tenho aprendido a amar mais a Cristo e aos meus irmãos. Homens são
falhos. Eu sou falho! Porém, eu amo a igreja e meu alvo é o céu. Dizia a mãe do
Pr Ziel Machado: “Viver com os irmãos no céu, oh que glória! Viver com os
irmãos na terra é outra história”. É outra história, mas é bom! Eu amo a minha
igreja e amo meus irmãos em Cristo.
Por fim, encorajo você a voltar ao Seu primeiro
amor. Encorajo você a abrir a porta para que Jesus entre e faça uma ceia com
você. Convido você a perdoar mais, amar mais, buscar renovação da mente pela
Palavra, santidade ao Senhor, uma vida cheia do Espírito e pronto a servir, ser
corrigido, corrigir e crescer uns com os outros! Congregue! Priorize o domingo
para o Senhor e evite faltar aos cultos. Cultue mais com expectativas em Deus!
Relembre como foram seus primeiros passos. Glória a Deus por Sua igreja! Ame a sua igreja
e o seu pastor! Ame os seus irmaõs.
Com carinho,
Pr. Rodrigo