João 5:34; 37; 41; 44
Tanto a motivação quanto o reconhecimento no
ministério de Jesus emergiram da mesma fonte, o Pai.
A missão de Jesus foi bem sucedida por ser guiado por mais esse
princípio catalisador. Onde estava fundamentada a motivação e o reconhecimento
de Jesus? Nos homens? Na aprovação dos seus familiares? Na sua capacidade? No resultado
de sinais miraculosos e na aprovação da multidão?
A pior coisa para um funcionário é não ser valorizado. Pense naquele
empregado que chega antes de todos, dá o sangue para a empresa, o último a sair
e que vive por aquela causa fazendo além do necessário, mas no final ele se
decepciona porque seu companheiro de trabalho que faz o necessário ganha a
promoção. Não é frustrante? A pessoa se sente injustiçada e logo perde a sua
motivação, pois, seu trabalho duro não foi reconhecido. Você pastor(a), líder,
irmão(ã), diácono, diaconisa, membro de algum ministério, líder de célula, profissional,
como se sente hoje com relação a tudo isso? Talvez você não venha se sentido
valorizado ou reconhecido.
Irmãos, Jesus em três anos veio cumprir a missão do Pai. Ele ministrou
sobre as pessoas. Jesus dedicou-se a elas, chorou por elas, teve compaixão de
todas elas e no final sua promoção foi uma cruz. No que consistiu a motivação e
o reconhecimento de Jesus que o levou a cumprir a missão?
Nós queremos ser uma igreja de discípulos altamente motivados e
engajados. Porém, qual é o segredo de Jesus? Como podemos ter um ministério tão
abençoado quanto ao de Jesus? Onde e como deve residir nossas motivações e o
reconhecimento na nossa vida seja ela dentro ou fora da igreja como discípulos
e funcionários?
Antes de entrarmos nos princípios, vale a pena contar uma história
recente. Um dia desses, meu sogro compartilhou comigo que seus colegas de
trabalho estavam muito admirados da sua dinâmica de vida. Ele vai de um lado
para o outro aplicando injeções, muitas vezes de graça, chegando cedo à empresa
e arrumando tempo para fazer outros atendimentos realizando sempre o além do
necessário. A empresa não lhes dá o devido reconhecimento, então eles estavam
realmente admirados. Em compensação, o meu sogro estava dizendo o quanto aquele
pessoal é devagar e desmotivado. Já chegam à empresa cansados e fazem somente o
necessário. A pergunta é: Qual é a diferença entre meu sogro e seus colegas de
trabalho? Será que a resposta mais satisfatória é: “Ele faz o que gosta?”
Conhecemos pessoas que gostam do que são, mas estão na mesma condição dos
colegas do meu sogro. Conhecemos líderes de igreja que gostam do que fazem, mas
estão na mesma condição dos colegas do meu sogro.
Vamos aos princípios da motivação e reconhecimento que levaram Jesus a
um ministério bem sucedido:
1.Jesus é servo e
não empregado (João 5:19; Marcos 10:45)
A pista deste entendimento está aqui: “O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir
fazer o Pai.” Em Marcos 10:45
diz que o Filho do homem veio para servir e dar a sua vida. A palavra servir
ali é diácono. O diácono não é um escravo ou empregado, mas um ministro. O
ministro é alguém rende ofícios ministeriais e o faz voluntariamente. É muito
mais do que um empregado. O empregado tem horário marcado, faz pelo salário e
espera reconhecimento. Jesus não é servo das pessoas, mas de Deus para
ministrar às pessoas. Como pastor eu sou servo de Deus e Ele me diz a quem e
como devo ministrar. Eu não sou empregado das pessoas, mas servo de Deus.
Porém, há muitos pastores e líderes que se frustram porque apesar de se
considerarem servos de Deus, tem mentalidade de empregado. Há um texto que
sempre menciono porque exemplifica muita coisa. Em Marcos 1:35-38 Jesus se deixa guiar pela voz do Pai e não pela voz da
multidão. Jesus não é guiado pela necessidade de pessoas, mas pelo propósito do Pai. Seu valor não está naquilo que Ele faz, mas na voz daquele que o vocacionou.
A missão de Jesus não era satisfazer os desejos dos
que o seguia, mas cumprir a vontade do Pai. É grande o número de líderes que fracassam quando abandonam a missão
para agradar seguidores ou a si mesmos.
O servo é guiado por uma
missão e não por uma obrigação. O servo, o verdadeiro ministro de Deus não
cumpre escalas. Quando você entende que é um ministro de Deus às pessoas para atender
aos propósitos do Pai, e não um empregado da igreja que tem que atender às pessoas,
a um ministério, a uma célula ou qualquer coisa função, você é guiado por Deus
e atende ao segundo princípio abaixo.
2.Jesus atende a uma
vocação e não a uma necessidade (João 5:34)
Jesus é muito categórico: “O
Pai, que me enviou.” Jesus se vê como um enviado. Ele não vem para ajudar a
fazer alguma coisa. Deus não precisa de ajuda, Deus envia pessoas vocacionadas
por Ele. Somos soldados na batalha prontos para obedecer ao general que nos
dirá como, quando e onde. Na guerra não somos voluntários, mas convocados. Às vezes
somos tentados a ajudar diante de alguma necessidade. De fato, a motivação
inicial de todos os vocacionados é a necessidade que arde em seu coração, mas
logo ela descobre que na verdade é chamada para aquilo. Pessoas guiadas por
necessidades têm algumas caraterísticas: I.Querem reconhecimento, mas não
aceitam cobranças. (João 17:21 –
Jesus confronta a motivação de Pedro) II.Fazem na força própria e tem
dificuldade de depender de Deus. (João
6:11 – A multiplicação de pães e peixes – Jesus não despreza a multidão e
os poucos recursos que tem) III.Possui muita disposição humana, mas não
possui disposição divina. (Jeremias
26:20-24 – Urias é ameaçado, foge e morre. Jeremias, obedece e não teme a
morte, mas é poupado – Jeremias 26:12-15).
Os
servos que cumprem a vontade do Pai celestial não temem os estratagemas
humanos. A sua confiança está nos propósitos divinos, não nos seus esforços
para controlar as circunstâncias. Jesus lavou os pés do seu traidor. Isso é ter
clareza de missão. Os vocacionados não fazem para ser reconhecidos, mas podem
ser reconhecidos porque são vocacionados. IV.Tem medo da rejeição e tem medo
de servir aqueles a quem pode prejudicá-lo. (João 6:66-71 – Jesus é rejeitado pela multidão quando os chama a um
compromisso e serve Judas lavando os seus pés). V.Querem servir o cabeça sem
a confirmação do corpo. Essa é uma profunda verdade. (Atos 13:1-3). Os vocacionados são chamados pelo cabeça e recebem a
confirmação do corpo. Tem muita gente voluntária ou rebelde mesmo que querem
atender a um chamado sem a confirmação do corpo, a igreja. São independentes e não interdependentes. Missionários, pastores e
líderes em geral são craques nesse tipo de rebelião. São impulsionados pela
necessidade e não pela vocação.
3.Jesus traz glória ao
Pai tornando-o visível a todos (João 5:41; 44)
Quem busca a glória de Deus vê se manifestar entre ele a glória de
Deus. Quem procura a glória do homem, vê se manifestar a glória do homem. Aqui
está a essência da motivação e do reconhecimento de Jesus. Fazer o Pai
conhecido. Aprendi algo muito especial nessa minha caminhada pastoral. Quando
busco fazer Deus conhecido, isto é, Sua Presença notável seja por ações ou por
ensino, verdadeiramente Deus se faz presente. Quase todas as mulheres sabem
fazer um frango ensopado na panela, mas eu sei quando foi minha mãe quem o fez.
Há uma marca registrada dela. É a presença da minha mãe naquela comida. Todo
chefe de cozinha tem uma marca, uma presença através daquilo que ele faz.
De semelhante modo, todo aquele que descobriu ser um servo (ministro de
Deus), que faz por vocação e não por necessidade e faz Deus conhecido, o faz
impelido por Deus para que aquilo que ele faz faça Deus notável. A palavra
glória significa esplendor, honra, brilho. (Isaías 6:3; Salmo 19:1) Portanto, estar cheio da glória de Deus é
estar pleno da Sua beleza, do Seu esplendor, do Seu brilho. Aqueles que são
motivados por Deus e por Sua glória o fazem conhecido. Havia nos tempos de
Spurgeon ótimos pregadores, dos quais ele era considerado o príncipe dos
pregadores. Todas as vezes que um bom pregador trazia sua mensagem, as pessoas
diziam: “Que bela mensagem! Esse pregador
fala muito bem. Gostei da sua pregação. Quero ouvi-lo mais vezes.”
Entretanto, quando Spurgeon pregava, as pessoas saiam de seus cultos dizendo: “Como Jesus é maravilhoso. Preciso me
arrepender dos meus pecados. Sou constantemente confrontando pela palavra de
Deus. Deus se fez presente. Quero ouvir Deus mais vezes. Outros diziam: Não
quero mais ouvir esse pregador.” Veja algumas pistas no ministério de Jesus
– Mateus 7:28-29 (Ele ensina como
quem tem autoridade); Mateus 16:13-16
(Quando Jesus indaga a seus discípulos a respeito de sua pessoa).
A igreja é chamada à missão. Sua missão é fazer o Pai conhecido,
promovendo a Sua glória na terra. Somente quando agimos como servos de Deus e
vocacionados é que cumprimos a missão. Quem vive pela missão não busca
aprovação humana e nem reconhecimento humano. Antes, é impelido e guiado pela
glória de Deus (João 5:44).
Rodrigo Rodrigues Lima
Pastor