O Evangelho de Paulo
Gálatas 1:11-24
Graça e paz igreja! Hoje daremos sequência à série
de exposições da carta de Paulo aos Gálatas. Após Paulo dizer aos cristãos que
os falsos mestres estavam pregando outro evangelho, agora ele fará uma defesa a
favor de seu apostolado contra os ataques que recebeu. Podemos deduzir pela
resposta de Paulo que ele trata de possíveis questionamentos tais como: a) Qual
é a origem do evangelho de Paulo para que ele possa julgar o que pregamos? b)
Será que Paulo está pregando um evangelho que não tem aprovação dos apóstolos
de Jerusalém? c) Será que sua mensagem é genuína? Com isso, eles diziam que
Paulo não era um apóstolo e que sua mensagem não era genuína. Eles afirmavam
que a mensagem pregada por Paulo era pirateada, aprendido de homens e não do
próprio Deus.
Por isso, Paulo após denunciar o falso evangelho
desses falsos mestres, em seguida afirmará: “Mas
informo a vocês, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é mensagem
humana porque eu não o recebi de ser humano algum, nem me foi ensinado, mas eu
o recebi mediante revelação de Jesus Cristo.” (Gálatas 1:11-12). Paulo
poderia dizer: “Eu o preguei”, mas “não o inventei”. Ele afirma com toda
veemência que o evangelho questionado pelos judaizantes (falsos mestres) não
era fruto de sua cabeça e que homem nenhum o ensinou, mas foi fruto da revelação
do Senhor Jesus. Por que Paulo poderia afirmar que seu evangelho era verdade e
falar com tanta convicção que o Evangelho por ele pregado não poderia ter
aprendido de homens e não poderia ser fruto de sua imaginação?
1.Somente o
evangelho é capaz de transformar fanáticos legalistas, descrentes e improváveis
(v.13-14)
Muito mais do que descrever sua conversão, Paulo
está fazendo uma defesa do evangelho que prega. Os judaizantes o acusavam de
pregar um evangelho fácil, uma vez que não os obrigava a cumprir ritos judaicos
para a salvação, por isso, diziam que a lei era necessária para tornar o
evangelho mais sério e comprometido com uma conduta correta. Porém, ele mesmo
era um fiel cumpridor de regras e ritos que não lhe foram suficientes.
Portanto, para revelar o quanto o evangelho foi mais poderoso do que a lei e
ritos judaicos, Paulo descreve como era antes de sua conversão. Veja comigo
Atos 26:4-5; 9-11. Ele era um fanático dominado pelo que acreditava como esses
radicais islâmicos que vemos hoje, completamente dedicado ao judaísmo de forma
radical, perseguindo a Cristo e a igreja. Um homem nestas condições mental e
emocional de maneira nenhuma mudaria de opinião, e muito menos se deixaria
influenciar por qualquer pessoa que seja. Nenhuma técnica psicológica seria
capaz de mudar a Paulo. Eis aqui uma evidência do poder da mensagem do
Evangelho. Que lições e princípios podemos extrair? I) O Evangelho é tão
poderoso que é capaz de alcançar alguém que aos olhos dos homens é um inalcançável.
Não há ninguém que a mensagem do Evangelho não possa alcançar. Então você pode
dizer: “Mas, foi o próprio Deus que alcançou Paulo”. Isso mesmo! É por essa
razão que ele diz aos judaizantes que, sendo ele um zeloso cumpridor de regras,
a mensagem do Evangelho foi muito mais poderosa, sendo o próprio Deus que o
alcançou e que homem nenhum poderia ter feito isto. Por isso, a graça não pode
ser tida como fácil! O Espírito Santo está trabalhando na vida das pessoas sem
Cristo. Nossa missão é anunciar essa mensagem e deixar o restante por conta de
Deus. II) O Evangelho é tão poderoso
que é capaz de fazer o que a lei não faz. A lei está sempre perguntando: “O que devo fazer?”, mas a graça está
sempre perguntando: “O que Jesus fez por
mim”? Há alguém que você conheça que seja improvável aos seus olhos, um
legalista ou descrente aparentemente impossível de ser alcançado? Talvez você
se sinta muito condenado pelo seu passado. Veja, a graça revela o que Jesus fez
por mim e por você e isso é o suficiente. Paulo dirá: “Pois não me envergonho
do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que
crê...”, logo não é para aquele que
merece, mas crê, por isso, ainda dirá: “Porque a justiça de Deus se revela
no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé” (Romanos
1:16-17)! Jesus vai ao encontro do mais terrível pecador e do mais resistente.
2.Somente o
evangelho pode mudar o curso de nossa vida para propósitos maiores (v.15-16)
Ainda na sua linha de argumentação em provar ao
judaizantes e demais irmãos que sua mensagem não provinha de homem algum ou mesmo
de sua cabeça, Paulo afirma a total e exclusiva ação de Deus através do Evangelho
que o alcançou e mudou o curso de sua história por pura ação divina. Ele afirma
que foi separado por Deus antes do seu nascimento, e que pela graça recebeu o
chamamento quando teve revelação de Cristo, e tudo isso sem participação de
homem nenhum, pois, conforme vimos anteriormente era praticamente impossível
algum homem convencer a Paulo. Com isso, ele mostra que nenhuma explicação
humana justificaria o grau de sua transformação. Quem era esse homem? Um trem
desgovernado! John Stott, imagina Paulo dizendo o seguinte: “No meu fanatismo eu me inclinava a
perseguir e destruir, mas Deus (que eu havia deixado fora das minhas
cogitações) me prendeu e alterou meu impetuoso curso”. O que podemos
extrair de princípios para as nossas vidas a respeito do poder do evangelho? I)
Deus tem um propósito em Cristo antes da existência de qualquer ser humano que
vier crer Nele. Não cremos que Deus escolhe as pessoas para a salvação, mas
cremos que todas as pessoas que vierem a crer em Cristo, há um propósito bem
definido por Deus para o curso de suas vidas a partir de sua conversão. Seu
propósito consiste em que, todos aqueles que vierem a crer em Cristo, se tornem
seus filhos! Os filhos desfrutam da herança! Os filhos recebem perdão! Os
filhos tem seu passado perdoado! Isso não tem a ver com nossa capacidade e os
nossos méritos! Antes de você nascer Deus já tinha um propósito. Por isso,
todos aqueles que passam a crer em Cristo, podem desfrutar desse poder que muda
o curso de nossa vida para propósitos maiores. II) Sempre será por graça que
Ele nos chama. Ele nos chamou por seu favor imerecido. Ele chamou Paulo,
aquele que matou muita gente. Você quer viver um novo curso em sua vida para propósitos
maiores? Se entregue à graça de Deus! III) Cristo será revelado através da
sua vida. O que significa “revelar
seu Filho em mim”? Significa experimentar a mente e o coração de Jesus
dentro de você, ganhando a sua perspectiva e seus sentimentos refletindo isso
ao seu redor. Ele está escrevendo uma linda história de amor em sua vida e
outros estão lendo o que o favor de Deus pode fazer na vida de uma pessoa!
3.Somente o
evangelho pode explicar a nossa transformação e nos fazer enfrentar o passado
(v.17-24)
Paulo mais uma vez argumenta a favor de sua
mensagem para provar aos gálatas que o que ele pregava tinha sido dado diretamente
por Deus. Vejo um princípio poderoso aqui. Certamente a maioria de nós não teve
essa experiência tão forte de Paulo, mas há lições preciosas quanto a tornar um
cristão maduro na fé enquanto caminhamos com Cristo e crescemos na graça e no
conhecimento Dele. Quando você começa a sua vida com Cristo, é necessário que
você busque entender o que Ele está fazendo em sua vida e em sua história. Não
é simplesmente mudar de religião, mas é deixar Jesus assumir o leme da sua vida
e conduzir o navio ao porto seguro da salvação. Precisamos sim ter mentores e discipuladores,
mas nada substituirá a tua íntima relação com Cristo. Paulo provará que ele não
recebeu o evangelho de homem algum, agora descrevendo seus passos de
crescimento no evangelho e amadurecimento na fé sob três circunstâncias: a) Três anos isolado na Arábia (v.17-18a).
É muito provável que ele foi para a Arábia em busca de quietude e solidão.
Cremos que foi justamente nesse período de isolamento que ele recebeu a
revelação do Evangelho. Ele estudou aos pés de Gamaliel, matou em nome da fé
judaica, era extremamente intelectual, haja vista sua capacidade de debater no
Areópago com filósofos gregos em Atenas. Da noite para o dia, tudo o que ele
acreditava não era verdade. Ele precisava desse isolamento. Ele fica três anos
no deserto. Os discípulos de Jesus ficaram com Ele três anos. Esse deserto foi
uma oportunidade para: rever conceitos; firmar sua nova identidade; ouvir a
Deus antes de ouvir a homens; estar com Deus! b) Foi para Jerusalém (v.18-19). Aqui ele argumenta que só foi de
passagem para conhecer Pedro pessoalmente, mas que a mensagem do Evangelho não
havia aprendido com Pedro. Não seria tempo suficiente para ele aprender o
evangelho que pregava com esses homens, por isso, seu evangelho não veio dos apóstolos
em Jerusalém. Mas, há uma lição aqui. Ele precisa enfrentar o seu passado.
Quando você entrega a sua vida a Jesus, você volta para o trabalho, se encontra
com pessoas da vida velha e precisa lidar com isso. Nesse sentido, o deserto ou
o tempo de reflexão é importante para que você confirme a sua experiência! c) Foi para Síria e Cilícia (v.21-23).
Ele não volta para essa região porque quer, mas porque é perigoso ficar em
Jerusalém. Nessa região fica a cidade natal de Paulo, Tarso. Ele precisa agora
enfrentar a sua cidade natal! Ele vai enfrentar amigos de infância e juventude,
mas todos verão e dirão a respeito de sua mudança, e sobretudo, glorificarão a
Deus a seu respeito. Esse é o poder do Evangelho.
Em Cristo,
Pastor Rodrigo Rodrigues Lima