A Caminho de Emaús
Da frustração para a esperança
Lucas 24:13-32
Nessa segunda páscoa da pandemia, em um contexto de muita
desesperança, angústia e frustração, quero dar início a uma série de mensagens
sobre a esperança. Quero começar com o relato de uma pregação fantástica,
talvez a mais fantástica. O pregador é Jesus e o público são apenas dois
jovens. Jesus prega todo o antigo testamento para aqueles dois apenas ouvirem.
Eles ouvem da boca do próprio Cristo a mensagem de salvação.
Como aqueles dois jovens nós não estamos livres de nos frustrarmos
com esperanças e expectativas em nossa vida espiritual. Possivelmente, uma
parte considerável das pessoas que me ouvem estão anestesiadas com tudo o que
vem acontecendo. E anestesiadas elas ouvem as mensagens, mas com os corações
frios. Diante da responsabilidade de seguir a vida, sente-se o peso das
responsabilidades, mas busca-se uma força para não sucumbir. Você não pode
sucumbir porque a pessoa que você ama depende de você. As contas não param. As
pessoas que você lidera precisam de você. Quero hoje narrar essa história e
minha esperança é que você tenha seu coração arda novamente no peito. Jesus
quer conduzir você em sua jornada da frustração para a esperança.
1. A frustração os afasta
de Jerusalém (v.13)
Dois discípulos a caminho de Emaús. Esses dois discípulos saíram
de Jerusalém no primeiro dia da semana. Eles não deveriam sair de Jerusalém.
Jerusalém é o início de tudo, mas é difícil permanecer em Jerusalém! Essa foi
uma Páscoa atípica na história de todas. Eles estão se ausentando de Jerusalém.
Antes de sua ida ao Getsêmani, próximo de sua prisão, Jesus disse: "Esta
noite serei uma pedra de tropeço para todos vocês, porque está escrito: "Ferirei
o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas". (Mateus
26:31). Diante da profunda decepção, da frustrada expectativa, é comum que
muitos se dispersem. A pandemia tem contribuído para muitos se dispersarem.
Jesus quer resgatar o seu coração. o relato mostra que esses homens estão
desesperançados. Depositaram todas as esperanças em Jesus, mas o vexame foi
muito grande. Justamente na festa mais importante para o povo judeu, o líder
deles é crucificado. Assim, cada um vai procurar o seu caminho. É uma caminhada
de questionamentos! É uma caminhada de decepção! É uma caminhada de frustração.
A dor os afasta de Jerusalém. A dor pode nos afastar da nossa Jerusalém.
2. A frustração os impede
de reconhecer Jesus (v.14-17)
a)O coração está tomado de dor (v.14). Eles estão conversando a
respeito de tudo. Não havia outro assunto. Na caminhada, não há nada mais o que
falar. Com tamanha decepção, nada mais ocupa o coração e as conversas. O que
domina a maior parte dos meus pensamentos e diálogos revelam o estado do meu
coração. Frustrados, o que pulsa no coração é a dor. b)Os olhos estão
cegos (v.16). Eles têm olhos, mas não veem. A dor é grande!
Surpreendentemente Jesus está ao lado deles, caminha com eles, mas eles não o
percebem. A frustração, a decepção, o estado de perplexidade são muito maiores
do que a presença de Jesus. Mas, veja que Jesus está do lado deles! É Jesus
glorificado, mas eles não percebem! Como?! c)As pernas sentem o peso da
tristeza e paralisam (v.17). Por um momento Jesus pergunta: O que
aconteceu? E eles param. A tristeza é tão grande que eles param de caminhar.
Como a angústia, a tristeza, a perplexidade podem nos paralisar!
Podemos ficar impedidos de reconhecer a Jesus quando o nosso
coração está tomado de frustração, os nossos olhos estão cegados e as pernas
paralisam quando a dor domina o coração. Depressão, ansiedade e angústia minam
a fé e saqueiam a esperança.
3. A frustração manifesta
melancolia (v.18-21)
a)A pergunta toca na ferida (v.18-19). A pergunta de Jesus toca na
ferida. Isso me remonta a Elias na caverna quando Deus lhe pergunta: "Que
fazes aqui Elias"? Será que Deus não sabe o que está acontecendo? No
caminho da dor e da frustração, é preciso falar!
Elias fala com Deus! Cleopas fala com Jesus. Elias e Cleopas
tinham algo em comum. Ambos estavam em um momento em que a dor está mais forte
do que a Presença de Deus diante deles. Eles são como eu! Humanos! Humanos não
tem a visão do todo e precisam desabafar quando sua mente não compreende toda a
dor e a frustração. Então, segundo a ótica humana deles, explicam tudo!
É preciso externar a dor, o ponto de vista, o sofrimento para que
haja cura. b)A explicação revela o pus da ferida: "Esperávamos que
fosse ele...". Provérbios 13:12 diz: "Esperança
adiada faz adoecer o coração". As expectativas frustradas de um emprego,
de uma faculdade, de um dinheiro que estávamos contando que chegaria, a cura, o
milagre, enfim, a demora em passar esta pandemia, a esperança adiada faz
adoecer o coração. Aqui está a razão pela qual os discípulos estavam
machucados. Por um momento, esperavam que fosse ele, mas a circunstância minou
a fé deles! A circunstância minou o coração deles. Infelizmente, em minha
experiência com aquele galpão eu também adoeci. "Esperávamos que fosse
ele!" Mas, não aconteceu como queríamos. A dor precisa ser compartilhada!
4. A frustração manifesta
apatia frente a alegria e a fé (v.22-27)
a)Eles não se entusiasmam com as boas notícias (v.22-24). Não tem jeito. Quando a dor
é muito forte, a esperança está adiada e o coração adoecido, o questionamento
está grande e não conseguimos enxergar a Deus e duvidamos, podemos até ficar
irritados porque a alegria e o entusiasmo dos outros deixa em maior evidência o
triste sentimento que está no nosso. Eles foram surpreendidos, as não se
entusiasmaram. A eles foi compartilhada visões de seres angelicais, mas não se
entusiasmaram. A eles foi dito que Jesus ressuscitou, mas eles não se
entusiasmaram. Na verdade, a pergunta na dor é: "Como Deus está nesse
negócio? Ele nos enganou? b)Eles não conseguem crer (v.25-27). Elias,
na caverna, passou um tempo desacreditado. A tristeza, a perplexidade e a
cegueira infelizmente nos roubam o discernimento. Ficamos insensatos, isto é,
perdemos a capacidade de entender os fatos e a verdade de Deus. Jesus os traz
para as Escrituras. A resposta para aqueles fatos estava nas Escrituras. Para
pessoas sem fé, somente as Escrituras podem fazer o coração arder no peito
novamente. A dor suprime a alegria e podemos estar sem entusiasmo. A dor
suprime a fé e podemos estar sem esperança.
5. A frustração é vencida
pela viva esperança (v.28-32)
Foi uma jornada. Que jornada! Com Jesus ao lado, com o coração
entristecido, chegando no destino, Jesus faz menção de seguir viagem, mas eles
O convidam para ficar com eles. Jesus não é invasivo. Mas, as suas palavras
provocam neles um desejo por sua companhia. Jesus sabe como falar ao coração
sem que soubessem que era Jesus. Será que você já não pensou em desistir?
Talvez tenha sido o mês passado. Talvez tenha sido na semana passada. Talvez
hoje. Para as mulheres que foram embalsamar seu corpo ele disse -
"Maria", de forma que somente ela saberia ser ele. A Palavra
restaura a fé e a esperança. Existem três tipos de provações que podem minar a
nossa fé e roubar a esperança. A tentação, as tribulações e o tempo de espera.
Mas, é justamente nesses momentos em que Deus parece estar ausente que nossa fé
é testada. Abraão recebe uma promessa e Deus parece sair de cena. Começa uma
jornada na qual Deus aparecerá em alguns momentos para manter a fé de Abraão
firme. Noé recebe uma palavra e confiado naquela palavra ele cortará madeiras
por cem anos sem nunca ter visto uma gota de chuva descer do céu. Quando você
não tiver nada em que se apoiar, volte-se para a Palavra e para as promessas.
Elas são suficientes para aquecer seu coração. Continue a jornada! Continue
cortando madeiras! Ouça a verdade do Evangelho e creia na obra da cruz e do
perdão de Deus em Cristo por você. Não aceite mais a apatia. Decida que a
partir de hoje você se unirá a Deus para viver uma nova história, um novo ciclo
de fé e esperança. Para estes dois, ao partir o pão e dar a eles, seus olhos
se abriram. Neste dia de Santa Ceia, ao partir o pão e beber do cálice Deus
quer abrir seus olhos para a realidade do Cristo ressuscitado!
No amor de Cristo,
Pastor Rodrigo Rodrigues Lima