Um dia das mães aos pés da cruz
Lucas 19:25-27
Certamente
não será um Dia das Mães normal, mas atípico. Muitas mães estarão solitárias em
casa para atender ao distanciamento social. Eu mesmo não estarei com minha mãe,
pois, minha irmã e meu pai se enquadram no grupo de risco e entendemos que não
devemos estar juntos.
Algumas
mães e alguns filhos estarão em luto, pois, perderam um filho ou uma mãe para o
COVID19. Vale relembrar o luto de muitos filhos que já não tem suas mães, mas a
saudade aperta.
Entretanto,
também será um dia das mães de alívio para outros, pois alguns outros venceram
a enfermidade. Em suma, todos sofreram ou tem sofrido nessa realidade.
Na
crucificação de Jesus encontramos a mãe impotente, o filho agonizante e o
sofrimento se impondo no mesmo espaço. Temos aqui uma palavra para esse dia das
mães em tempos de COVID19.
1.A
mãe está presente no sofrimento. “E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã dela, Maria, mulher de
Clopas, e Maria Madalena.” (v.25)
Minha mãe e agora minha esposa
dizem: “Mãe parece uma palavra doce. Não sai da boca das crianças.” Não é
verdade? Claro que é. “Mãe. Manhê. Mainha. Mamãe.” Seja como for, sempre que
você se machuca, está triste ou aflito, a mãe está aí em seu sofrimento para ouvir,
afirmar e encorajar você. Maria está presente no sofrimento de seu filho.
Enquanto a maioria esmagadora de seus discípulos estão dispersos, sua mãe está
presente. Graças a Deus por nossas mães. Elas sempre estarão conosco em nosso sofrimento.
Os últimos instantes de Jesus
apontam para a realidade de muitas mães nessa pandemia, pois, o antinatural está
presente nos últimos momentos de Jesus. A mãe está sepultando o filho.
2.Jesus ampara a mãe e o discípulo
que está aos pés da cruz. “Vendo
Jesus a sua mãe e junto dela o discípulo amado, disse: — Mulher, eis aí o seu
filho.” (v.26-27)
O texto não diz claramente, mas
possivelmente Maria fosse viúva. José não estava presente na crucificação e
Jesus incumbe seu discípulo amado de cuidar de sua mãe. Segundo a cultura
judaica, cabia ao filho mais velho cuidar de sua mãe viúva. Jesus era o primogênito
de Maria, mas agora está morrendo. Certamente ele tinha outros irmãos de
sangue, mas como irmão mais velho poderia ditar um “testamento oral” e nele
declarar quem dela cuidaria.
Para Maria é uma dor terrível ao ver
seu filho morrer injustamente.
Tem muitas mães de filhos mortos
vivos, escravos de vícios ou maridos abusivos. Filhos e filhas que fizeram
escolhas trazendo mais sofrimento e consequentemente fazendo o coração de suas
mães sofrerem. Quantas mães sofrendo.
Veja que é aos pés da cruz que Maria
encontra sofrimento e consolo. A cruz é símbolo de dor, mas também é a prova do
amor de Deus e o antegozo da glória. A cruz precede a vitória da ressurreição. Na
cruz, Maria recebeu amparo de Jesus. Ele disse: “mulher, eis aí o seu filho”,
portanto, você não estará só.
Nesses tempos de sofrimento o
convite é para irmos aos pés da cruz. Jesus amparará toda mãe e todo filho que
estiver aos pés da cruz. Veja que o discipulado amado também encontra amparo. “Depois,
disse ao discípulo: — Eis aí a sua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a
tomou para casa.”
Aos
pés da cruz encontramos consolo, mas também recebemos responsabilidades. Jesus
nos convida a acolher as pessoas que estão precisando de nossos cuidados espirituais,
emocionais e materiais. Estar aos pés da cruz é ter um encontro com a
necessidade humana.
Tenhamos um dia das mães aos pés
da cruz porque Nele encontraremos o Jesus que sente a nossa dor, consola o coração
aflito e provê amparo aos desvalidos.
Feliz dia das mães.
Rodrigo Rodrigues Lima, Pastor
Igreja Metodista Livre de Vila Moraes