RESUMO
DO SERMÃO
John Wesley |
I. O
que, implica ser quase cristão?
1. Honestidade pagã, incluindo justiça, verdade e amor.
2. A forma da piedade; abstenção dos pecados exteriores, fazendo o bem mesmo com esforço e sacrifício e
usando publicamente dos meios de graça, usando-os no seio da família e em particular.
3. Sinceridade, ou desígnio real de servir a Deus.
II. O que implica ser inteiramente cristão?
1. Amar a Deus.
2. Amar ao próximo.
3. Fé, — não fé morta, especulativa,— mas a que dá certeza de perdão de pecados e é seguida da posse de um coração amante, guardando com zelo os mandamentos de Deus.
1. Honestidade pagã, incluindo justiça, verdade e amor.
2. A forma da piedade; abstenção dos pecados exteriores, fazendo o bem mesmo com esforço e sacrifício e
usando publicamente dos meios de graça, usando-os no seio da família e em particular.
3. Sinceridade, ou desígnio real de servir a Deus.
II. O que implica ser inteiramente cristão?
1. Amar a Deus.
2. Amar ao próximo.
3. Fé, — não fé morta, especulativa,— mas a que dá certeza de perdão de pecados e é seguida da posse de um coração amante, guardando com zelo os mandamentos de Deus.
Sermão
2 de John Wesley
OS QUASE CRISTÃOS
OS QUASE CRISTÃOS
Pregado em Santa Maria, Oxford, perante a
Universidade, a 25 de julho de 1741.
“Mais um pouco me persuades a fazer-me cristão”.
(Atos 26.28)
“Mais um pouco me persuades a fazer-me cristão”.
(Atos 26.28)
MUITOS há que chegam até este ponto: pelo menos,
desde que apareceu no mundo a religião cristã, sempre houve muitos, em
todas as épocas e nações, que quase chegaram a ser persuadidos a se
fazerem cristãos. Mas, visto que perante Deus de nada vale ir somente até
esse ponto, é para nós da mais alta importância considerar:
Primeiro, o que implica ser quase cristão;
Segundo, o que é ser totalmente cristão.
1. Ser quase cristão é ter, primeiro, honestidade
pagã. Ninguém levantará, suponho, qualquer objeção a isto, especialmente
quando esclareço que, por honestidade pagã, quero dizer, não apenas o que se recomenda
nos escritos de seus filósofos, mas o que os pagãos vulgares esperavam uns dos
outros, e, muitos, dentre eles, na realidade traduziam em obras. Segundo
as boas regras, eles recebiam lições segundo as, quais não deviam ser
injustos, nem usurpar os bens do próximo; nem cometer furto ou latrocínio,
nem oprimir o pobre; ensinava-sê-lhas a não praticarem extorsão contra quem
quer que fosse, a não enganarem ou ludibriar em ao pobre ou ao rico, em
qualquer negócio que tivessem com eles; a não espoliarem a ninguém de seus
direitos; e, se fosse possível, não deverem coisa alguma a ninguém.
2. Mais: os pagãos em geral admitiam que alguma
atenção devia ser dada à verdade, bem como à justiça. Conseqüentemente,
não só abominavam os perjuros, os que invocavam a Deus como testemunha
de falsidades, mas também o que era conhecido como difamador do próximo,
como imputador de faltas irreais. E, na verdade, no mesmo conceito tinham
os mentirosos inveterados de qualquer espécie, considerando-os como a
desgraça do gênero humano e a peste da sociedade.
3. Ainda mais: havia certa medida de amor e de
amparo que eles esperavam uns dos outros. Esperavam que um prestasse
assistência ao outro, sem prejuízo grave da parte de quem prestasse semelhante
ajuda. Isso exercitavam não somente através dos poucos ofícios
humanitários que não importassem em despesas e trabalhos, mas ainda no alimentar
o faminto, se possuíam pão em abundância; no vestir os nus com suas roupas
supérfluas, e, em geral, dando ao necessitado as coisas de que não precisavam.
Até aí chega a honestidade pagã, honestidade que se inclui na condição de—
quase cristão.
4. A segunda coisa inerente ao ser quase cristão, é
a posse da forma da piedade, daquela piedade que é prescrita no Evangelho
de Cristo; é a aparência exterior de real cristão. Em conseqüência, o quase
cristão nada faz que o Evangelho proíba. Não toma o nome de Deus em vão;
não abençoa, nem amaldiçoa; não jura de modo nenhum, mas seu falar é sim,
sim; não, não. Não profana o dia do Senhor, nem
permite que ele seja profanado, nem mesmo pelo peregrino que viva de suas
portas para dentro. Não só aborrece todo adultério material e toda
impureza, mas repele qualquer palavra ou olhar que direta ou
indiretamente tenda para a quebra da castidade; detesta todas as palavras
ociosas, abstendo-se de etração, maledicência, anedotas, conversas
picantes e “toda prosa insensata e zombeteira”, — εύτραπελία — espécie de
virtude no conceito dos moralistas pagãos; em suma, guarda-se de toda
conversação que não seja “boa para o fim de edificação”, e que,
conseqüentemente, “entristece o Santo Espírito de Deus, pelo qual somos
selados para o dia da redenção”.
5. Abstém-se de “excesso de vinho”, de “orgias e
glutonaria”. Evita, tanto quanto esteja em suas mãos, toda discórdia e
contenta, sempre se esforçando por viver pacificamente com todos os homens. E,
se sofre dano, não se vinga, nem retribui o mal com o mal. Não zomba, não
graceja, não se ri em face dos erros ou das enfermidades os homens do
próximo. Não deseja mal, ofensa ou prejuízo a ninguém, mas em todas
as coisas procede e age de pleno acordo com a regra: “Não faças aos outros
aquilo que não queres que te façam”.
6. Praticando o bem, ele não se limita à vulgar e
fácil tarefa da beneficência, mas trabalha e sofre pelo bem de muitos, de
modo que por todos os meios possa auxiliar ao maior número de necessitados. A
custa de fadigas ou de penas, “aquilo que suas mãos acham para fazer,
fazem-no com sua força”, seja em proveito de seus amigos ou de seus
inimigos, contemplando o mau ou visando o justo. Porque, não
sendo “preguiçoso” neste ponto nem em qualquer outro negócio, tendo
“oportunidade”, faz o “bem”, toda espécie de bem, a “todos os homens”,
tanto a suas almas como a seus corpos. Reprova os maus, instrui
os ignorantes, confirma os indecisos, estimula os bons e conforta os
aflitos. Trabalha por despertar os que dormem por levar os que Deus haja
despertado à “fonte aberta para lavar o pecado e a impureza”, para que se
possam purificar ali, e para incitar os salvos pela fé a que adornem o
Evangelho de Cristo em todas as coisas.
7. O que possui a forma da piedade também usa dos
meios de graça; sim usa de todos eles e em todas as oportunidades.
Constantemente freqüenta a casa de Deus; e isto faz, não segundo a maneira de
alguns, que vêm à presença do Altíssimo cheios de jóias de ouro e ostentando
vestuário aparatoso, ou que, pela vaidade vistosa da roupa, pela
inoportuna delicadeza trocada entre amigos ou pela
impertinente jovialidade de suas maneiras, desmentem todas, as pretensões
à posse da forma e do poder da piedade. Prouvera a Deus que ninguém
houvesse em nosso meio, incurso na mesma condenação! Quem se apresenta
nesta casa a olhar de um para outro lado, ou exibindo todos os sinais da maior
desatenção, de displicente alheamento, embora algumas vezes possa parecer
que ora a Deus, suplicando sua bênção ou coisa semelhante; quem, durante o
culto solene, põe-se a dormir, reclinando-se na posição que lhe
pareça mais cômoda, ou, ainda, supondo que Deus esteja dormindo conversa
com o vizinho, ou passeia pelo teto o olhar distraído como a denotar falta
de emprego para os olhos, – esse tal nem permite a imputação de apresentar
sequer a forma da piedade. Não assim com aquele que ainda a conserva, o qual se
porta com seriedade e atenção em todos os atos do culto, principalmente
quando se aproxima da mesa do Senhor: não o faz como denotando indiferença
ou descuido, mas com ares, atitude e porte que nada mais traduzem a não
ser esta íntima oração: “Deus tenha misericórdia de mim, pecador!”
8. Se acrescentarmos a isto a prática constante da
oração doméstica, seguida pelos que são chefes de família, e o
estabelecimento de horas destinadas ao culto a Deus, observadas diariamente com
seriedade de atitude, concluímos que, praticando uniformemente essa
religião exterior tal homem possui a forma da piedade. Só falta mais um
requisito para que sé complete o perfil do quase cristão: a sinceridade.
9. Por sinceridade quero dizer a existência de uni
principio real interior, de religião do qual decorrem as aludidas ações
exteriores. Na verdade, se não temos isto, não temos sequer a honestidade pagã,
em grau que corresponda às exigências do poeta epicurista. Mesmo esse
pobre infeliz, em seus melhores intervalos de placidez é capaz de
testificar:
“Oderunt peccare
boni, virtutis amore; Oderunt peccare mali, formidine poenae”.
Assim, se o homem somente se abstém de fazer o mal
para evitar a punição. Non pasces in cruce,corvos diz o pagão: nisto “tu tens a
tua recompensa”. Mas ele não admitirá, que um indivíduo tão inofensivo
como esse seja bom pagão. Se, pois, alguém, partindo do mesmo motivo isto é,
querendo evitar e castigo evitar a perda de seus amigos, de seu ganho ou
de sua reputação, não somente se furta à prática do mal, mas inda faz
grande cópia de bem, usando além disto de todos os meios de graça, — não pode-ser
com propriedade chamado quase cristão! Se ele não tiver no coração melhor
princípio, somente será refinado hipócrita.
10. A sinceridade está, pois, implicada,
necessariamente, no ser quase cristão; em sua alma há de haver intenção
real de servir a Deus e um desejo cordial de fazer-lhe à vontade. Está
naturalmente subentendidoque tal homem possua sincero intuito de agradar a Deus
em todas as coisas: em toda sua conversação; em todas as suas ações; em
tudo quanto faz ou deixa de fazer. Esse desígnio, se a pessoa é quase
cristã, transparece em todo o modo de ser de sua vida. Este é o
princípio-motor, tanto do bem que faz, como desua abstenção do mal e de seu
apego às ordenanças de Deus.
11. Aqui provavelmente haverá lugar para uma
pergunta: “E possível que alguém chegue até este ponto, sendo, entretanto,
apenas quase cristão? Que títulos novos se hão de exigir dos inteiramente
cristãos?” Respondo, primeiro, que é possível chegar-se até esse ponto, e
ser-se ainda quase cristão apenas: aprendendo isto não só dos Oráculos de
Deus, mas também do seguro testemunho da experiência.
12. Irmãos, grande é “minha ousadia para convosco
nesta defesa”. E “perdoai-me este erro”, se, por amor de vós e do
Evangelho, proclamo do alto do telhado minha própria loucura. Permiti-me, pois,
livremente falar de mim próprio, como se falasse de outro homem. Alegro-me
em ser rebaixado para que possa ser exaltado, e em ser ainda mais vil,
para que melhor refulja a glória de meu Senhor.
13. Por muitos anos avancei, até chegar, àquele
ponto, como podem atestá-lo muitos que estão presentes nesta casa, usando
de diligência para fugir a todo mal e para ter a consciência livre de ofensa;
remindo o tempo; aproveitando todas as oportunidades para fazer todo o bem
a todos os homens; constante e cuidadosamente usando de todos os meios de
graça, em público e em particular; esforçando-me por manter constante
seriedade de conduta, em todos os tempos e em todos os lugares; e Deus, diante
de quem me ponho, é meu ponto de referência, sabendo que eu fazia tudo
isso com sinceridade; tendo um real intento de servir ao Senhor, um desejo
fervente de fazer sua vontade em todas as coisas, de agradar àquele que me
havia chamado para “combater o bom combate” e “apoderar-me da vida eterna”.
Ainda assim, minha própria consciência testificava no Espírito Santo,
através de todo esse tempo, que eu, era apenas —um quase cristão.
II. Se perguntar: “Que mais se inclui no ser
totalmente cristão?” — responderei:
(I) 1. Primeiro, o amor de Deus. Porque assim diz a
Palavra: “Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, e de toda tua
alma, e de toda a tua mente, e de todas as tuas forças”. Um tal amor enche todo
o coração, amalgama todas as afeições, monopoliza todas as capacidades da
alma e empolga, até a derradeira extremidade, todos os seus poderes.
Aquele que assim ama ao Senhor seu Deus, “regozija-se em espírito”,
constantemente, “em Deus, seu Salvador”. Seu prazer está no Senhor, —seu Senhor
e seu Tudo, —a quem “em cada coisa dá graças. Todo seu desejo é para Deus
e para a lembrança de seu nome”. Seu coração exclama sempre: “Quem tenho
eu nos céus, senão a ti? E ninguém há sobre a terra a quem eu deseje além
de ti”, Na verdade, que pode tal homem desejar, além de Deus? Não será o
mundo, ou as coisas do mundo, porque ele está “crucificado para o mundo e
o mundo crucificado para ele”. Está crucificado para “o desejo da carne, a
cobiça dos olhos e a vaidade da vida”. Sim, está morto para o orgulho de
toda espécie: porque “o amor não se jacta”, mas “aquele que está no amor está
em Deus, e Deus nele”. Reputa-se, a seus próprios olhos, como se fora
coisa alguma.
(II) 2. A segunda coisa em que implica o ser
totalmente cristão é o amor ao próximo. Porque assim diz o Senhor nas
seguintes palavras: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Se alguém perguntar:
“Quem é meu próximo?”, responderemos: cada homem que há no mundo; todo
filho daquele que é o Pai dos Espíritos de toda carne. Nem podemos de modo
algum excetuar, nossos inimigos, ou os inimigos de Deus e de sua própria
alma. Também a estes todo cristão ama como a si mesmo, assim “como Cristo
nos amou”. O que quiser saber mais profundamente que espécie de amor é
este, considere a descrição que dele faz S. Paulo. É “longânimo e
benigno”. “Não inveja”. Não é temerário ou apressado no juízo. Não “se ensoberbece”,
mas trans-forma aquele que ama no último, no que é servo de todos. O amor “não
se porta inconvenientemente”, mas se faz “tudo para todos os homens”. “Não
procura o que é seu”, mas somente o bem dos outros, para que possam ser
salvos. “O amor não se irrita”: desarma a ira, pois que a presença desta
na alma denota ausência de amor. “Não pensa mal. “Não se regozija com a
iniqüidade, mas alegra-se com a verdade. Tudo suporta, tudo crê, tudo espera,
tudo sofre”.
(III) 3. Uma coisa ainda há que pode ser
considerada separadamente, embora no momento se integre nas considerações
precedentes, e que define o ser integralmente cristão. Refiro-me ao fundamento
de tudo, quero dizer a fé. Coisas mui excelentes se dizem da fé, através dos
Oráculos de Deus. “Aquele que crê, diz o discípulo amado, é nascido de
Deus”. “A quantos o receberam deu o poder de sé tornarem filhos de Deus,
isto é, os que crêem em seu nome”. E: “Esta é a vitória que vence o mundo: a
vossa fé”. O próprio Senhor, em pessoa, declara: “Aquele que crê no Filho
tem a vida eterna e não vê a condenação, mas passou da morte para a vida”.
4. Que ninguém engane, todavia, sua própria alma.
“Deve-se notar cuidadosamente que a fé que não traz arrependimento, amor e
todas as boas obras, não é aquela fé certa e viva, mas uma fé morta e
diabólica. Porque mesmo os demônios crêem que Cristo nasceu de uma virgem,
que operou várias espécies de milagre, declarando-se verdadeiro Deus; que,
para nosso bem, sofreu a morte mais penosa, redimindo-nos da morte eterna;
que ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e está assentado à mão direita
do Pai, vindo no fim do mundo para julgar os vivos e osmortos. Estes
artigos de nossa fé os demônios os recebem e crêem em tudo quanto está
escrito no Velho e no Novo Testamento. E, com toda essa fé, eles
não deixam de ser demônios. “Permanecem ainda em sua condição de perdidos,
faltando-lhes justamente a verdadeira fé cristã”.
5. “A reta e verdadeira fé consiste, —para usar as
palavras de nossa própria Igreja, —não somente em crer que as Sagradas
Escrituras e os Artigos de nossa Fé são a verdade, mas em ter também uma
segura esperança e confiança certa de ser salvo da eterna condenação,
mediante Cristo. É uma confiança certa e segura que o homem deposita em
Deus, no Deus que, pelos méritos de Cristo, perdoa seus pecados e
o restaura no favor do Altíssimo, daí decorrendo um coração amante,
disposto a obedecer a seus mandamentos.
6. Pois bem, quem quer que possua semelhante fé,
“purifique o coração” (pelo poder de Deus, que nele habita), do orgulho,
da ira, da cobiça, “de toda injustiça”, de “toda impureza da carne e do
espírito”, enchendo-o de amor mais forte do que a morte, tanto a Deus como a
toda a humanidade; amor que faz as obras de Deus, que se consome e
consumido por todos os homens, e que suporta com alegria, não apenas o
opróbrio de Cristo, — ser escarnecido, desprezado e odiado de todos os homens,
e seja o que for que a sabedoria de Deus permita à malícia dos homens ou
dos demônios infligir-lhe; quem quer que tenha essa fé, assim operando por
amor, não é quase, mas integralmente cristão.
7. Quais são as testemunhas vivas destas coisas?
Rogo-vos, irmãos, como quem está na presença daquele Deus diante do qual
“o inferno e a perdição se apresentam nus”, — quanto mais o coração dos filhos
dos homens!— que cada um de vós pergunte a seu próprio coração: “Sou desse
número? Em igual medida pratico a justiça, a misericórdia e a verdade,
mesmo segundo o exigem as regras da honestidade pagã? Se assim é, tenho eu
o exterior de um cristão, a forma da piedade? Abstenho-me do mal, de tudo
quanto é proibido pela palavra escrita de Deus? Faço todo o bem que esteja
ao meu alcance, e faço-o com toda minha diligência? Uso seriamente de
todas as ordenanças de Deus, em todas as oportunidades? E tudo isso faço
com o sincero intuito e desejo de agradar a Deus em todas as coisas”?
8. Estais, muitos dentre vós, convictos de que
jamais chegastes até esta altura, de que nem mesmo fostes quase cristãos:
que não atingistes o padrão da honestidade pagã; e, finalmente, que nem
chegastes à forma da piedade cristã? Da parte de Deus certamente que Ele
muito menos constatou em vós sinceridade, real intuito de o servir em
todas as coisas. Nunca intentastes dedicar todas as vossas palavras e obras,
vossos negócios, estudos, diversões, à glória de Deus. Nunca ambicionastes
ou desejastes que tudo quanto fizésseis fosse feito “em nome elo Senhor
Jesus”, sendo, como tal, “um sacrifício espiritual, aceitável a Deus
mediante Cristo”.
9. Mas, suposto que respondais afirmativamente,
formar bons propósitos e nutrir bons desejos fazem um cristão? De forma
alguma, a não ser que produzam bons frutos. “O inferno— diz alguém —está
calçado de boas intenções”. A questão culminante, entretanto, permanece,
exigindo resposta de cada um. O amor de Deus foi derramado em teu coração?
Podes exclamar: “Meu Deus e meu tudo?” Não desejas coisa alguma, senão a
Deus? És feliz em Deus? Ele é tua glória, teu prazer, tua coroa de regozijo?
Está escrito em teu coração este mandamento: “O que ama a Deus, ame também
a seu irmão?” Amas, pois, a teu próximo como a ti mesmo? Amas a todos os
homens, mesmo a teus inimigos, aos inimigos de Deus, como à tua própria
alma; e como Cristo te amou? Sim, crês que Cristo te amou e se entregou por ti?
Tens fé em seu sangue? Crês no Cordeiro de Deus que tira teus pecados e
lança-os como uma pedra no fundo do mar? Que Ele cancelou o escrito de
dívida que era contra ti, tirando-o e pregando-o em sua cruz? Tens,
na verdade, redenção em seu sangue, e ainda a remissão de teus pecados? E
o Espírito testifica com teu espírito, que tu és filho de Deus?
10. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que
está agora em meio de nós, sabe que, se um homem morrer sem esta fé e sem
este, amor, melhor seria para ele que não tivesse nascido. Desperta, pois, tu
que dormes e invoca a teu Deus: clama por ele rio dia em que pode ser
encontrado. Não descanse ele até que faça sua “bondade passar diante de
ti”; até que proclame a ti o nome do Senhor, “o Senhor, o Senhor Deus, misericordioso
e gracioso, longânime e abundante, em bondade e verdade, usando de
misericórdia para com milhares, perdoando a iniqüidade, a transgressão e o
pecado”. Não permitas que ninguém te persuada, por palavras vãs, a ficares
aquém do prêmio tua alta vocação. Clama dia e noite por aquele
que, “quando ainda éramos fracos, morreu pelos ímpios”, até que saibas em
quem tens crido e possas dizer: “Senhor meu e Deus meu”! Lembra-te de
“orar sempre e não cessar”, até que também levantes tua mão para o céu e
declares àquele que vive para sempre: “Senhor, tu, conheces todas as coisas; tu
sabes que eu te amo”!
11. Tenhamos todos a experiência de ser, não apenas
quase, mas integralmente cristãos, sendo justificados livremente por sua
graça, pela redenção que há em Jesus; sabendo que temos paz com Deus por
Jesus Cristo; regozijando-nos na esperança da glória de Deus; e tendo o amor de
Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos é dado!
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